Não muito tempo atrás, os jovens não viam a hora de completar 18 anos para atingir a maior idade e assim, tirar a habilitação e ter o próprio carro. No entanto, ter um carro deixou de ser sonho de consumo para os jovens universitários.
Nos últimos anos, a venda de automóveis tem apresentado um crescimento pequeno, e o número de jovens que tiram a habilitação no Brasil também diminuiu.
De acordo com um levantamento do Ipsos feito a partir de dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em 2017, para os motoristas com idade entre 18 a 25 anos foram emitidas apenas 382 mil novas habilitações. Outra pesquisa, feita pela Júnior Mackenzie a pedido da Alelo, aponta que 55,4% dos jovens de 18 a 24 anos não tem habilitação.
Os dados não se restringem apenas ao Brasil. Nos Estados Unidos por exemplo, a porcentagem de estudantes de ensino médio que possuíam uma habilitação caiu de 85,3% em 1996 para 71,5% em 2015, segundo levantamento feito pela organização Monitoring the Future.
Por que os jovens não querem mais carro?
Entre os principais motivos apontados, estão a crise econômica, os inconvenientes do trânsito, os custos para manter um veículo próprio e a popularização de aplicativos móveis.
O alto custo de dirigir
O custo envolvido no processo de tirar uma habilitação no Brasil é um dos fatores que afastam os jovens dos carros. O valor varia de acordo com o Estado, mas pode chegar a R$ 2 mil reais.
Ter um carro também é caro: modelos populares saídos das concessionárias estão na faixa dos R$ 40 mil, além dos custos de manutenção, combustível e estacionamentos. Mas dinheiro está longe de ser o fator determinante. A verdade, porém, vai muito além disso: ter um carro não é mais a prioridade da nova geração.
Novas prioridades
“Muitos jovens não consideram mais a CNH [Carteira Nacional de Habilitação] uma prioridade”, disse à o presidente da Federação Nacional das Autoescolas e Centro de Formação de Condutores (Feneauto), Wagner Prado, em entrevista à Agência News.
O Também presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Mato Grosso do Sul, Prado afirma que o fenômeno se intensificou a partir de 2015, com o agravamento da crise econômica e o acesso aos serviços de aplicativos de transporte pago ou compartilhado.
“Muitos jovens estão adiando o momento de tirar a habilitação. As famílias têm optado por investir em outras coisas, como em cursos universitários para estes jovens. Com isso, muitos acabam desistindo de tirar suas carteiras”.
comentou Prado.
Os membros da Geração Y, que hoje são a principal força de consumo no mundo todo, têm comportamentos e visões de mundo bem diferentes das gerações anteriores. Eles se acostumaram a pagar apenas por aquilo que consomem e por isso os serviços de compartilhamento e aluguel são um sucesso.
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O estudo Global Automotive Consumer Study: Future of Automotive Technologies revelou que 62% do jovens das gerações Y e Z utilizam serviços de compartilhamento (como Uber e Cabify) e consideram dispensável a compra de um carro no futuro. Analisando a amostra geral de brasileiros, 55% questionam a necessidade de ter seus próprios carros.
Além disso, serviços como aluguel de carros estão cada vez mais comuns. No Brasil, segundo o mesmo estudo, a prática cresceu cerca de 31% nos últimos 3 anos.
Outra alternativa são os transportes públicos, que vêm se expandindo cada vez mais. Também é possível recorrer aos aplicativos de motoristas particulares ou a bicicletas e patinetes espalhadas pela cidade.
Uma geração sem carro
As novas gerações estão mais preocupadas em gastar dinheiro com as experiências do que adquirindo coisas.
Os jovens mostram estar cada vez mais inclinados a abrir mão de ter um carro, preferindo vivenciar esse movimento do compartilhamento, o que é um indicativo muito importante da tendência futura de consumo. Cabe à indústria automotiva acompanhar de perto essa nova realidade.