A Tocha Olímpica presente nas Olimpíadas tem origem na mitologia grega, onde o fogo teria sido entregue aos mortais por Prometeu que havia o roubado de Zeus. Devido à importância do fogo, eram mantidas chamas acesas permanentemente em diversos templos, como o caso do templo de Hestia (deusa do fogo) na cidade de Olímpia.
Para acender a chama olímpica, uma tocha era colocada diante de um espelho côncavo chamado skaphia, que concentrava e direcionava os raios solares, fazendo com que o fogo fosse acendido. O procedimento acontecia em uma espécie de cerimônia realizada por mulheres no santuário de Olímpia, em frente aos templos dos deuses Zeus e Hera.
A tradição de manter um fogo aceso durante os Jogos Olímpicos se refere à antiguidade, quando ocorriam sacrifícios a Zeus, na qual os sacerdotes acendiam uma tocha e o atleta que vencesse uma corrida teria o privilégio de transportá-la para acender o altar do sacrifício.
Tocha olímpica nas Olimpíadas modernas
A técnica de acendê-la por meio dos raios solares foi mantida desde a Grécia Antiga. Nos jogos modernos, reproduz-se a cerimônia de Olímpia há cerca de 100 dias do início dos Jogos Olímpicos, porém é realizada por atrizes que vestem trajes típicos para representar as sacerdotisas de Héstia.
Uma vez acesa, a chama da skaphia é passada para a tocha olímpica, que segue em revezamento até o local de abertura dos jogos. O fogo também é transferido para uma espécie de lampião, que tem combustível para durar 15 horas. São quatro os lampiões que viajam o mundo reacendendo a tocha. Quando chega ao destino, a tocha acende a pira olímpica, que assim permanece durante todos os dias da competição. A primeira pira olímpica foi acesa em 1928, nas Olimpíadas de Amsterdã.
Já nos Jogos Olímpicos de 1932, em Los Angeles, voltou-se a acender uma chama durante os jogos no Estádio de Los Angeles. Durante a cerimônia de encerramento foi apresentada uma citação de Pierre de Coubertin que dizia: “Que a tocha olímpica siga o seu curso através dos tempos para o bem da humanidade cada vez mais ardente, corajosa e pura”. A cada edição dos Jogos Olímpicos, a tocha ganha um novo design, que faz alusão à cidade ou ao país sede do evento.
Primeiro revezamento da tocha olímpica
O revezamento era uma tradição dos rituais gregos, mas originalmente não fazia parte dos Jogos Olímpicos. Nas Olimpíadas, aconteceu pela primeira vez em 1936, em Berlim, na qual a abertura do evento foi realizada por Adolf Hitler.
Estudos mostram que esse ato foi, na verdade, uma estratégia nazista para promover a imagem do Terceiro Reich como um estado moderno, economicamente dinâmico e em expansão internacional crescente. O objetivo era impressionar os estrangeiros que estivessem visitando o país e todos os detalhes foram planejados minuciosamente.
Nos jogos modernos, é conduzido por atletas e convidados do Comitê Olímpico em um percurso que tem origem na Grécia, passa por cidades do país, incluindo Atenas, e posteriormente faz o percurso rumo ao local sede dos Jogos Olímpicos.
O combustível
Como no botijão com gás de cozinha, o fogo da tocha é gerado pela combustão de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), que quando evaporado, gera combustão, mantendo a chama acesa. O cartucho com o gás é inserido na parte inferior e tem combustível para queimar durante apenas vinte minutos. Por isso, são fabricadas diversas tochas e é realizado o revezamento. Para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, por exemplo, foram fabricadas 12 mil tochas.
Alguns rituais de acendimento da pira nas Olimpíadas
Ocasionalmente as pessoas que acendem a chama são cidadãos comuns, como o corredor japonês, Yoshinori Sakai, que nasceu em Hiroshima, às 8h16, do dia 6 de agosto de 1945, exatamente no momento em que explodiu a bomba nuclear que destruiu a cidade. Ele simbolizou o renascimento do Japão após a Segunda Guerra Mundial, tema principal de Tóquio 1964.
Nos Jogos Olímpicos do México 1968, a atleta Enriqueta Basilio entrou para a história como a primeira mulher a acender a pira olímpica.
Nos Jogos de Montreal, em 1976, dois adolescentes, um da parte francófona e outra da parte anglófona do Canadá, simbolizaram a união do país.
Nos Jogos de Moscou, em 1980, o jogador de basquete Sergei Belov subiu até a pira por um caminho formado por placas seguradas pelos jovens que formaram os painéis durante a cerimônia de abertura. Nos Jogos de Barcelona, em 1992, o arqueiro paraolímpico Antonio Rebollo atirou uma flecha com fogo na pira olímpica.
Nos Jogos de Sydney em 2000, o mecanismo que transportava a parte superior da pira travou, ficando suspenso durante cerca de três minutos, após esse incidente, a parte superior subiu e a pira foi montada.
Em Atenas 2004, pela primeira vez a pira veio “receber” o fogo, simbolizando a volta das Olimpíadas à Grécia; enquanto o atleta Nikolaos Kaklamanakis cruzava o corredor no meio dos atletas, a pira se “curvava” para receber o fogo.
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Por Glícia Santos – Fala! Cásper