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NBA: O time que encantou o mundo e marcou a expansão da marca

Quando acontecem aquelas clássicas discussões de basquete sobre as franquias da NBA que marcaram época ou que tiveram os melhores jogadores, muitos citariam o dominante Celtics dos anos 60, com 11 títulos, oito deles consecutivos, ou o super time do Chicago Bulls na década de 90, liderado por Michael Jordan, Scottie Pippen e o técnico Phil Jackson. Poucos apontariam o Dream Team formado para as Olimpíadas de Barcelona de 1992, é até compreendido pois muitas pessoas nem sequer eram nascidas ou desconhecem do time. 

Antes da formação do Dream Team na NBA

Com os vexames nas Olimpíadas de 1988 na Coreia do Sul, quando foram eliminados pela União Soviética nas semifinais, por 82 a 76 e no Pan-Americano de 1987, nos Estados Unidos, no qual a seleção norte-americana perdeu de virada para o Brasil de Oscar e Guerrinha, com um placar de 120 a 115. Essa foi a primeira derrota norte-americana em casa e a primeira vez na história em que sofreram mais de 100 pontos.

Os estadunidenses acumulavam mais e mais frustações no esporte que criaram e precisavam provar sua hegemonia. Em 1989, a Assembleia da Federação Internacional de Basquetebol (Fiba) decidiu por votação a permissão de jogadores profissionais nos jogos olímpicos, beneficiando inclusive outras seleções. Acontecia que, antes, os Estados Unidos levavam às edições olímpicas apenas jogadores amadores e universitários, já que a Fiba proibia a participação dos jogadores da NBA.

Logo após a decisão, o USA Basketball, entidade que comanda a seleção masculina, criou um comitê com dirigentes da NBA e técnicos do basquete universitário. Esse grupo iria ser uma espécie de “olheiro” na NBA, observando o desempenho dos jogadores entre as temporadas 1990-1991 e 1991-1992. Em setembro de 1991, foram anunciados os 10 primeiros membros que representariam a seleção nas Olimpíadas, em um programa de TV da rede americana NBC. Foram: Magic Johnson, Charles Barkley, Karl Malone, John Stockton, Patrick Ewing, David Robinson, Larry Bird, Chris Mullin, Scottie Pippen e Michael Jordan.

As duas últimas vagas ficaram com o universitário Christian Laettner e o astro do Portland, Clyde Drexler. Há uma polêmica em que o amador dos Pistons, Isiah Thomas, que era um dos cotados para a seleção, não foi convocado por influência de Michael Jordan, que afirmava que se Isiah fosse jogar as Olimpíadas, ele se negaria a participar. Os “Bad Boys” de Detroit, no qual Thomas fazia parte, não eram bem vistos entre os jogadores e técnicos, pelo jogo violento e sujo. Jordan acreditava que Isiah iria muda o ambiente do grupo. Assim, em seu lugar, foi Drexler.

NBA
O Dream Team é considerado o melhor time já reunido em qualquer esporte. | Foto: Reprodução.

Origem do nome 

O nome veio de um repórter da revista Sports Illustrated, que acompanhava o dia a dia da NBA. Em fevereiro de 1991, durante o fim de semana do All Star Game em Charlotte, o repórter imaginou como seria o time dos sonhos que iria representar os EUA nas Olimpíadas em uma matéria de capa. A capa da revista trouxe o quinteto formado por Charles Barkley, Patrick Ewing, Karl Malone, Magic Johnson e Michael Jordan. Na chamada da capa, as duas palavras que batizaram o time que se eternizou.

Dream Team
A expressão Dream Team (time dos sonhos) se tornou uma identidade do time. | Foto: Reprodução. 

Desempenho nas Olimpíadas e a popularidade da NBA 

A primeira partida do esquadrão foi para disputar o torneio Pré-Olímpico, em Portland, nos Estados Unidos. O desempenho foi arrasador: 136 x 57 Cuba (79 pontos de vantagem), 105 x 61 Canadá (44 pontos a mais), 112 x 52 Panamá (60 pontos de vantagem), 128 x 87 Argentina (41 pontos à frente), 119 x 81 Porto Rico (38 pontos, a menor vantagem do time no torneio) e 127 x 80 Venezuela (47 pontos a mais na final da competição). Foram 121,17 pontos feitos por jogo e 69,67 levados, em uma vantagem média incrível de 51,5 pontos sobre os adversários. O time só confirmava que não veio para brincadeira. 

O espetáculo continuou meses depois em Barcelona, nas Olimpíadas. Na 1ª fase, vitórias por 116 x 48 Angola (68 pontos de vantagem), 103 x 70 Croácia (33 pontos a frente), 111 x 68 Alemanha (43 pontos a mais), 127 x 83 Brasil (44 pontos de vantagem) e 122 x 81 Espanha (41 pontos). Nas quartas de final, 115 x 77 Porto Rico, na semifinal 127 x 76 Lituânia (51 pontos a mais), e na final foi 117 x 85 Croácia (32 pontos de vantagem sobre o time de Drazen Petrovic e Tony Kukoc), conquistando o ouro de forma invicta. Foram 117,25 pontos feitos por jogo e 73,50 levados, em uma vantagem média incrível de 43,75 pontos em cima de seus adversários.

O cestinha do Dream Team nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992 foi Charles Barkley, que marcou 144 pontos, com uma média de 18 pontos por jogo. Enquanto Michael Jordan fez 119 e Karl Malone, 104. Patrick Ewing foi o líder de tocos, com 15, e de rebotes com 42, ao lado de Malone. Scottie Pippen arrebentou nas assistências com 47. E ninguém roubou mais bolas do que Jordan, que terminou as Olimpíadas com 33.

basquete
A conquista do ouro em Barcelona em 1992 foi importante para a retomada do basquete norte-americano ao topo. | Foto: Getty Images.

O time correspondeu toda expectativa esperada, foi passeio atrás de passeio, sem dar a mínima chance dos adversários de pensarem na vitória. A seleção norte-americana era de fazer qualquer um tremer. Também, o que dizer de um grupo formado por Michael Jordan, Magic Johnson, Karl Malone, Charles Barkley, Patrick Ewing e David Robinson?

Dentro de quadra, o time cativava o público a cada jogo com sua beleza e entrosamento. Parecia que o time jogava há 5 anos junto, com o tamanho nível do grupo em lidar com o trabalho em equipe. Dificilmente podemos destacar um ou dois jogadores do time, todos foram protagonistas naquelas Olimpíadas. Para que se tenha uma ideia, o técnico Chuck Daily, que na liga norte-americana dirigia o Detroit Pistons, nunca precisou fazer um pedido de tempo sequer durante toda a competição. Fora das quadras, o time conquistava mais pessoas com o carisma e a camaradagem, principalmente diante da imprensa, que dava uma ideia de que o grupo era unido e amigável. Jordan puxava a fila de um time que virava a grande atração da competição. 

Michael Jordan era a cara do Dream Team, e o Dream Team mudou tudo a respeito do basquete internacional. O Dream Team é o grande responsável pela NBA dar um salto gigantesco à frente. Deu forma à maneira como o mundo via a NBA.

Diz o jornalista do The Washington Post entre 1980 e 2010, Michael Wilbon, no documentário The Last Dance.

O Dream Team foi responsável por alavancar a marca NBA como uma forma de cultura para o mundo, principalmente Michael Jordan, que se tornou o jogador mais famoso do mundo na época. O time que em nenhum momento fez corpo mole com seu adversário por ser fraco, entrou nas Olimpíada para vencer, jogou para mostrar ao mundo o verdadeiro basquete, a verdadeira potência do esporte. 

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Por João Martins – Fala! Metodista

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