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Espartilho: a popularização do uso, o fim e o retorno da peça

Historicamente, as mulheres sempre foram pressionadas ao encaixe em determinados padrões de beleza – normalmente estabelecidos por homens. Um desses padrões, o da cintura fina, perdura até hoje. Porém, não mais com o uso do espartilho para garantir isso.

Por volta do século XVI, para que as mulheres conseguissem alcançar esse padrão de cintura, foi criado o espartilho. Usado como peça íntima, ele apertava o tronco para que ele ficasse do formato desejado, além de comprimir os seios, que ficavam em evidência com ajuda da veste.

A peça esteve em seu auge durante o período vitoriano na Inglaterra. Isso porque ela também era usada para demonstrar o status social de quem a usava. Enquanto as mulheres camponesas, por realizarem trabalhos pesados e braçais, não podiam usar a vestimenta, que era rígida e restringia os movimentos, as mulheres que pertenciam à nobreza e não precisavam realizar esses tipos de serviços usavam espartilhos cada vez mais apertados.

espartilho
Uso do espartilho. | Foto: Reprodução.

Feminismo e Primeira Guerra Mundial

A queda no uso dessa peça só iniciou durante o fim do século XIX e começo do século XX. As mulheres questionavam o porquê de se utilizar uma vestimenta tão desconfortável. Além disso, com o avanço da medicina, corsets e espartilhos passaram a ser considerados um risco à saúde, uma vez que comprimiam órgãos importantes, como o pulmão, o que causava frequentes desmaios pela dificuldade de respirar.

O movimento feminista, que ascendia no início dos anos 1920, foi grande precursor do fim do espartilho. Ele passou a ser considerado um instrumento de opressão contra as mulheres, que reforçava a sua posição inferior diante da sociedade.

Durante a Primeira Guerra Mundial, foi a primeira vez que a peça foi deixada de lado. Com os homens na guerra e as mulheres trabalhando em seus lugares nas fábricas, o espartilho foi abandonado por limitar a movimentação e dificultar o trabalho. Além disso, o próprio governo pedia para que as mulheres não os comprassem, já que sua matéria-prima (ferro e tecido) estava escassa e deveria ser usada para itens mais essenciais durante a guerra. Durante esse período, surgiu o sutiã como um substituto para a sustentação dos seios (peça que atualmente também é questionada pelo movimento feminista).

Nova ascensão do espartilho

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Madonna e o retorno do espartilho. | Foto: Reprodução

A partir dos anos 80, o espartilho voltou a ser usado e difundido principalmente por divas pop, como Madonna e Cyndi Lauper. Dessa vez, a peça não era mais usada como símbolo repressor, mas, sim, como forma de empoderamento. 

O sucesso de algumas séries de época, como Mad Men e Bridgerton, também favoreceram o ressurgimento da veste que ganhou até mesmo um challenge no aplicativo mais usado do momento: o TikTok. Como as mulheres atualmente têm mais liberdade para decidir como se vestir, o espartilho tem voltado a aparecer como instrumento que realça a sensualidade e o empoderamento. Além disso, os espartilhos atuais são bem mais maleáveis e confortáveis do que aqueles usados no século XVI .

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Por Bárbara Moraes – Fala! UFPE

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