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Conhecendo as Lendas do Beisebol: Jackie Robinson

O eterno camisa 42 foi o primeiro atleta negro da MLB e mudou o esporte para sempre

Jackie Robinson, uma lenda do esporte.
Jackie Robinson, uma lenda do esporte. | Foto: Reprodução/UOL.

Todo esporte é formado pelas pessoas que o praticaram ao longo da história, e como você bem sabe, em muitos casos, aquilo que esses personagens fizeram fora dos campos, quadras, pistas e afins, é ainda mais importante do que seus feitos na prática da modalidade em si. Portanto, neste Conhecendo as Lendas, você será apresentado a um atleta e herói que mudou para sempre a história do beisebol nos Estados Unidos e do esporte em geral, combatendo o racismo, o preconceito e inúmeros ataques covardes ao longo de sua vida e carreira.

Jackie Robinson, o qual viria a eternizar o número 42 no beisebol, mudou para sempre a história do esporte ao entrar em campo com a camisa do Brooklyn Dodgers, em 1947, abrindo as portas da Major League Baseball (MLB) para outros atletas negros. Porém, esta história é repleta de preconceito e momentos difíceis, mas que Jackie foi capaz de enfrentar e superar para transformar o esporte e a sociedade.

A história de Jackie Robinson 

Jackie Roosevelt Robinson nasceu na pequena cidade de Cairo, no estado americano da Geórgia, no ano de 1919. Desde os seus primeiros momentos, Jackie e sua família já sofriam com o preconceito por serem a única família negra no bairro em que viviam. 

A veia esportiva de Jackie saltou cedo na vida daquele jovem menino, mas o beisebol não era exclusividade em sua vida nessa época. Quando atingiu a idade necessária, Robinson foi para UCLA, onde jogou beisebol, basquete, futebol americano e praticou atletismo.

Jogando futebol pela UCLA.
Jackie Robinson jogando futebol americano em UCLA. | Foto: Reprodução/NCAA).

Seu talento único o fez se destacar em tudo que jogava, e em 1941 foi nomeado All-american jogando futebol americano, sendo selecionado como um dos melhores jogadores da modalidade no nível universitário. Porém, sua família passava por dificuldades financeiras e Jackie Robinson precisou deixar a faculdade, e acabou optando por ingressar na carreira militar, onde serviu no exército de 1941 a 1945.

Naquele mesmo ano, recolocou os esportes em sua rotina, afinal, ele era muito bom nisso. O beisebol seria o foco de sua carreira, e Jackie começou as suas primeiras rebatidas jogando nas ‘Negro Leagues’, afinal, a Major League Baseball havia se tornado segregada em 1884. 

Atuando pelo Kansas City Monarchs, teve um desempenho acima da média, mas Jackie não estava contente com a sua rotina e a estrutura oferecida pela liga, afinal, estava acostumado com a organização dos esportes universitários que tinha acesso à UCLA.

Robinson queria chegar à MLB, mas naquelas condições de racismo e preconceito da liga, seria impossível. Até que um homem chamado Branch Rickey, apareceu na vida de Jackie, para juntos mudarem para sempre a história do beisebol e da sociedade. Rickey era General Manager do Brooklyn Dodgers e decidiu que precisava contratar um atleta negro para o sistema dos Dodgers.

Após pesquisar sobre atletas promissores das Negro Leagues, juntamente com Wendell Smith, um jornalista negro do Pittsburgh Courier, Rickey selecionou Jackie Robinson. Mais do que ser um grande jogador, o GM dos Dodgers queria ter certeza que Jackie seria ‘forte o bastante para não revidar’ aos ataques que inevitavelmente sofreria. Se comprometendo a ‘dar a outra face’ ao racismo, se iniciava ali a trajetória de Robinson na Major League Baseball.

Jackie Robinson e Brach Rickey.
Jackie Robinson e Brach Rickey. | Foto: Reprodução/Prince of Preaching.

Na verdade, ainda não. No beisebol, os jovens atletas começam nas equipes menores afiliadas das franquias da MLB, e Jackie iniciaria, portanto, no Montreal Royals. Sofrendo com o preconceito de companheiros de equipe, treinadores e torcedores, Robinson respondeu da melhor maneira possível naquele momento: no campo. Em 18 de abril de 1946, jogou a sua primeira partida como profissional pelo Montreal Royals.

Em seu primeiro jogo, mostrou o porquê era um jogador diferente. Foram quatro rebatidas em cinco idas ao bastão, incluindo um 3-Run Home Run. Em uma temporada que terminou eleito como o Jogador Mais Valioso da liga, Jackie seguia sofrendo com o preconceito em jogos fora de casa, mas já havia caído nas graças dos torcedores dos Royals (apesar de se chamar Montreal, jogavam na Flórida, um estado bastante racista na época).

No ano seguinte, chegava o grande momento: Jackie Robinson foi chamado para integrar o elenco do Brooklyn Dodgers na MLB. Em 11 de abril de 1947, usando a camisa de número 42, estreou diante do New York Yankees em um jogo de pré temporada, atraindo mais de 14 mil torcedores negros ao estádio para acompanharem e torcerem por ele.

Porém, a primeira barreira que Jackie quebraria não seria nem entre os torcedores, mas dentro do próprio Brooklyn Dodgers. Muitos companheiros não queriam jogar com ele, e promoveram um abaixo assinado para a saída dele do time. Porém, um homem chamado Leo Durocher, o treinador principal do lado da equipe, ficou do lado de Jackie, e aplicou uma sonora bronca para cima de seu elenco. A partir dali, as coisas começaram a mudar.

Porém, os seus adversários eram cruéis com Jackie Robinson. Alvo de arremessos e até pisões na perna, lidava diariamente com ataques, ofensas e até mesmo agressões, mas como havia combinado com Branch Rickey, era necessário dar a outra face ao racismo, e portanto, seguia firme por fora, apesar de estar destruído por dentro.

Ao ser atacado em campo com palavras racistas pelo treinador do Philadelphia Phillies, o laço com seus companheiros ficou mais forte do que nunca. Aquilo gerou imensa indignação no elenco dos Dodgers, e a partir dali, eles fariam parte da luta por Jackie e pelo fim do preconceito na Major League Baseball.

O atleta e seus companheiros de equipe no Brooklyn Dodgers.
Jackie Robinson e seus companheiros de equipe no Brooklyn Dodgers. | Foto: Reprodução/Spectrum News.

Em seu ano de estreia, Jackie Robinson foi eleito o Calouro do Ano por seu desempenho rebatendo, defendendo e principalmente, roubando bases. Aquela temporada, aquele atleta e ser humano que era Jackie, mudaram para sempre os rumos do beisebol e da sociedade americana, que tinha nesse esporte a sua modalidade mais popular. Os feitos de Robinson ultrapassaram os gramados e deram início a uma grande mudança fora dele.

Em 1948, o Brooklyn Dodgers já tinha outros três jogadores negros além de Jackie na equipe, enquanto outros também chegavam nas diversas franquias da MLB. Além de ser um grande personagem na luta por igualdade e justiça, Jackie Robinson era um jogador fantástico.

Terminou a carreira com 313 de média de rebatidas, 141 home runs e 761 corridas impulsionadas, tendo jogado por nove anos, todos nos Dodgers. Foi nomeado All-star por seis vezes, MVP uma vez e campeão da World Series em 1955. Jackie Robinson se aposentou em 1956, e entrou para o Hall da Fama em 1962. 

O tamanho e importância de Jackie são tão grandes, que ele é, até hoje, o único atleta a ter seu número aposentado por todas as equipes da MLB, eternizando o 42 para a história do esporte, representando muito mais do que um apenas um grande jogador.

Jackie veio a falecer em 24 de outubro de 1972, após sofrer com complicações do coração e da diabetes. Porém, os seus feitos dentro de campo e fora dele não serão jamais esquecidos. Todos os anos, a MLB realiza o “Jackie Robinson Day”, em que todos os jogadores, treinadores e árbitros da liga utilizam o número 42 para honrar e homenagear esse lendário personagem da história do beisebol, chamado Jackie Roosevelt Robinson.

Elenco dos Dodgers em um Jackie Robinson Day.
Elenco dos Dodgers em um Jackie Robinson Day. | Foto: Reprodução/NBC Sports.

Esporte em Pauta Recomenda: Se quiser conhecer mais sobre a incrível história de Jackie Robinson, assista ao filme 42 – A história de uma lenda, o qual como você já deve imaginar, conta com grande fidelidade a vida e carreira do eterno camisa 42, sendo estrelado por Chadwick Boseman, como Jackie, e Harrison Ford como Branch Rickey.

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Por Filipe Saochuk – Fala! PUC-SP

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