O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, decidiu, por unanimidade, nesta terça-feira (13) expulsar o deputado Alexandre Frota, eleito com 155 mil votos. A decisão foi tomada após reunião da sigla em Brasília e anunciada pelo presidente do PSL, Luciano Bivar.
Frota foi acusado de infidelidade partidária por criticar abertamente o presidente Jair Bolsonaro, além de se abster no segundo turno de votação da reforma da Previdência – legislação da qual, curiosamente, ele foi um dos maiores defensores, tornando-se fiel escudeiro do ministro da Economia, Paulo Guedes.
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Filiado à sigla desde março do ano passado, Frota viveu uma “lua de mel” com os colegas antes de começar a criticar publicamente as ações do governo e a postura da bancada do PSL no Congresso.
Frota e Bolsonaro tinham um bom relacionamento
Sua chegada ao partido, por exemplo, foi precedida por um convite público de Bolsonaro, em tom de brincadeira, para que ele ocupasse um ministério. As trocas públicas de afeto, no entanto, minguaram recentemente.
O pedido de expulsão de Frota, aprovado por nove votos, partiu da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que declarou recentemente ao jornal “O Globo” que a situação do parlamentar no partido era “insustentável”.
Críticas a Bolsonaro
Nos últimos dias, Frota passou a criticar publicamente o governo e o presidente, e chegou a declarar que estava decepcionado com Bolsonaro e com a falta de articulação do presidente com os parlamentares.
Em mais de uma ocasião, o parlamentar criticou, por exemplo, a iminente nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Ele também se recusou a endossar as convocações para protestos favoráveis ao governo.
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Frota não votou na reforma da Previdência
Um dos principais articuladores do PSL na votação da reforma da Previdência na Câmara, Alexandre Frota decidiu se abster na análise da proposta em segundo turno, contrariando a orientação do partido, depois de ter sido retirado da vice-liderança do partido na Câmara e do comando de três diretórios municipais a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
“Eu acredito que o Bolsonaro tenha pedido isso porque disse que estava decepcionado com ele, que não achava que a indicação do Eduardo como embaixador era a mais correta. Fui surpreendido com essas mudanças”.
disse Frota.
Segundo Luciano Bivar, Frota entrou em “desalinhamento” com o partido pelas “ofensas” que fez recentemente a integrantes do PSL e que, por isso, a desfiliação do parlamentar se justificava.
“A defesa dele é que estava agindo de acordo com a Constituição, com o direito de expressar os pensamentos dele. Mas esquece ele que faz parte de uma instituição, um partido político, e que tem no mínimo que respeitar a hierarquia do partido e o sentimento de unicidade que todo partido procura ter.”
disse Bivar.
Alexandre Frota não será cassado
Ainda de acordo com o presidente do PSL, a expulsão não acarretará na perda do mandato de Frota, que poderá permanecer como deputado em outra sigla. O estatuto do PSL diferencia infidelidade partidária de “desalinhamento” do filiado com o partido.
Outro desafeto público de Frota, o senador Major Olímpio (PSL-SP), um dos principais nomes da sigla, afirmou ao deixar a reunião que estava “satisfeito com o partido” após a decisão.