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Entenda qual é o papel da política no segmento da moda

A moda pode ser usada como uma ferramenta política e vice-versa. Ainda que um conceito inovador, tal artimanha está presente na sociedade desde o século XIX. Então, o que política tem a ver com moda? Tudo. Afinal, elas estão interligadas. 

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Protesto no ramo da moda. | Foto: Reprodução.

Relação entre a moda e a política

De acordo com as definições do dicionário, moda “costuma se referir especificamente aos diversos estilos de vestuário que prevalecem em uma dada sociedade em uma dada época histórica”. Enquanto política é definida por “algo relacionado com grupos sociais que integram a Polis, tem a ver com a organização, direção e administração de nações ou Estados”. Assim, compreende-se que a moda age como um espelho do período no qual estamos vivendo. Além de lançar tendências de consumo, as coleções também são história, quando as roupas refletem os comportamentos de determinadas épocas, traduzindo seu momento cultural, político, econômico ou ambiental. Dessa forma, a moda não só é política, como representa um papel fundamental na sociedade.

A nível econômico, a moda é uma indústria global que movimenta 2,5 trilhões de dólares anualmente e que emprega 1,5 milhão de brasileiros diretamente, ao mesmo tempo que gera 8 milhões de postos de trabalho no país. Já a quesito social, as grandes casas de alta-costura refletem aquilo que a sociedade precisa como um todo, isto é, práticas mais sustentáveis e peças que sejam caracterizadas pelo forte desejo de fazer a diferença, deixando uma marca positiva, como pautas complexas relacionadas a classe, etnia, gênero ou sexualidade.  

As grifes de luxo Marine Serre e Stella McCartney, por exemplo, trabalham ao lado de ativistas a fim de colocar o tema sustentabilidade em prática. A estilista francesa Marine reforça seu compromisso com o meio ambiente ao apostar em tecidos reciclados em suas produções. Já a britânica McCartney, não usa peles de animais e busca alternativas ecológicas para suas peças. 

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A moda, ao contrário do que muitos pensam, não está longe do campo político. | Foto: Reprodução.

De acordo com Andrew Bolton, o curador do Costume Institute do Metropolitan Museum of Art, em Nova York:

A consciência social e preocupações ambientais estão informando a moda: estilistas no mundo todo, sejam startups independentes ou grandes maisons, vêm incorporando políticas em todos os níveis de suas marcas, dos looks que cruzam as passarelas até a parte prática de como as coleções são produzidas. Esses designers não estão apenas fazendo roupas – ao lado de ativistas e organizadores –, estão fazendo mudanças. E isso vende.

Ou seja, a moda política tem como papel principal ser capaz de contar uma história. Refletir não só o modo como o mundo se comporta ou as necessidades de uma comunidade, mas, majoritariamente, estar habilitada a responsabilizar-se pelos bastidores. De onde a peça saiu? Quem fabricou? Que mensagem ela está passando? Cada decisão tomada por uma indústria desse porte é capaz de influenciar o mundo. E desse modo, acaba se tornando política. É política quando se tem poder de visibilidade para fazer a diferença e apontar os problemas que a sociedade vem enfrentando. Enxergar a moda como ferramenta política é um conceito inovador, ainda que tenha estado presente desde o século XIX, refletindo questões sociais importantes e que devem ser debatidas – ainda que indiretamente – pela comunidade.

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Por Fernanda Grapiglia – Fala! ESPM Porto Alegre

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