Consciência. Essa palavra é forte né? Espero que sim, porque se tudo que for dito daqui para frente não tiver nenhum tipo de efeito em você, caro leitor, ficarei preocupada. Me sentei com 5 amigos, negros, para conversar sobre o emblemático dia 20 de novembro.
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA: ENTENDA O FERIADO DO DIA 20 DE NOVEMBRO
Dia da Consciência Negra: 20 de Novembro
Na nossa profunda conversa de quarenta minutos, os 5 me relataram
diversas situações que passaram ainda muito novos. Situações que se tornaram marcas (muitas vezes na própria pele literalmente) de luta para serem quem são e encarar isso como algo impulsionador. Sentamo-nos em roda.
Fui guiando as entrevistas de forma que eles pudessem expor como a próxima geração interpreta a data com base em tudo que viveram e escutaram ao longo dos anos. São Paulo estava nublada, não fazia frio e tudo naquele domingo foi especial, principalmente as histórias escutadas:
A rapaziada acha que negro é só quem é “tintão”, mas se você tiver só um pouquinho de melanina já te olham torto. Eu já quis ir embora de um shopping com o meu amigo por causa de preconceito. Um segurança ficou me rondando só porque o cachorro de uma madame latiu pra gente.
Hoje em dia ser negro para mim, é ter a autoestima elevada por isso. Por ser negro. Eu sou lindo e depois que eu aprendi isso, nada me para.”
Victor, 18 anos.
PANTERA NEGRA SE TORNA O SENHOR DAS ESTRELAS EM SÉRIE DA MARVEL
Eu ando diferente e sei que olham torto para mim. Eu me sentei num lugar no ônibus uma vez e uma mulher se levantou só por causa do meu estilo. Ela ainda ficou olhando muito para mim, se sentiu intimidada. Quando eu comecei a me aceitar, eu fiquei bonito de qualquer forma.
Eu me sinto bonito de qualquer forma. Você passa a transmitir uma segurança que todo mundo quer passar e não consegue. Te vêem como
Lincoln, 19 anos.
referência também.”
8 MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS QUE ENTRARAM PARA A HISTÓRIA
Ninguém teve que me falar que eu sou negra, eu me olhava no espelho e eu sabia que eu era. Mas na minha infância, nunca achei isso positivo. Eu já sofri bullying na escola, tacaram pedra em mim. Isso mudou quando eu comecei a ter o mínimo de referências, eu me empoderei com o meu olhar, meu comportamento, eu sou mesmo.
Eu sou neguinha. E ser negra é um negócio da hora demais. É uma escolha sua: querer florescer ou andar por um caminho que já fizeram para você? Depois que a gente se empoderou, a parte boa de tudo isso foi me reconhecer. O essencial sabe? Tudo que me falaram é problema de quem falou.
O importante não é ser contra o preconceito apenas, é necessário ser antirracista em todas as circunstâncias.”
Nathaly, 18 anos
Os negros fizeram muitas coisas que as pessoas nem imaginam. Não é só a história de um povo que sofreu, é a história de um povo que construiu. O preconceito não faz sentido nenhum. É frustrante saber que muitas pessoas ainda acham que a única coisa que essa data representa, é a libertação da escravidão. Hoje em dia eu pego tudo que eu passei e tudo que eu aprendo e transformo em arte lá na Fábrica de Cultura.”
Giulya, 16 anos
Empoderamento Negro
A data de 20 novembro é celebrada em todo o Brasil como um feriado nacional que promove a conscientização da história de um povo que luta, mas acima de tudo, um povo que contribuiu para a construção da sociedade brasileira.
Neste mês, ações são promovidas com o intuito de debater e conscientizar ainda mais a sociedade sobre a importância de relembrar a história que muitas vezes foi distorcida até chegar ao que temos hoje dentro das escolas brasileiras, onde o ensino sobre a cultura afro-brasileira é obrigatório por lei.
Estas ações são debates, palestras, eventos musicais, rodas de conversa como a que terá no Mackenzie dia 21/11 às 18h, promovida pelo DACAM, e muito mais. É importante frisar que a data também homenageia a morte de Zumbi dos Palmares, o líder quilombola que foi morto em uma emboscada pelas tropas coloniais brasileiras, no ano de 1695.
CARNE – UM POEMA SOBRE A MULHER NEGRA NA SOCIEDADE
Ele chegou a abrigar mais de 20 mil negros e conscientizá-los da importância de lutar por direitos, lutar pela própria vida. O ensaio fotográfico foi a estratégia que encontrei como jornalista, de mostrar essa
beleza, esse orgulho e essa arte de ser quem se é.
- Giulya (@giulyamaciel.xkxk),
- Nathaly (@naahsilveira),
- Victor (@felix_grass7),
- Lincoln (@vanc_18) e
- Andryele (@dry_cristine)
Essas pessoas representam a próxima geração. Uma geração que está vindo conscientizada, cheia de informação e uma revolta positiva por conquista de espaço, uma geração que quer saber de onde veio, quer saber suas raízes, mas acima de tudo, continuar provando que o negro também é referência!
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Giulia Giaffredo – Fala!Mack