Por Bruna de Rezende Braz Carmagnani – Fala!PUC
Fotos: Reprodução Facebook
Alunos ocupam o espaço universitário contra o racismo institucional. PUC-SP mais uma vez mostra sua resistência histórica
Os alunos da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) ocupam, desde o dia 21/05/2018, o espaço universitário no campus de Perdizes, após a reitoria afirmar que não contrataria a professora negra Marcia Eurico, substituta no curso de Serviço Social. A professora seria a primeira docente negra do curso em 80 anos de existência.
Os alunos do CASS (Centro Acadêmico do curso de Serviço Social) ocuparam na noite de segunda-feira, dia 21, o chamado prédio velho da universidade e, às 05h da manhã de quarta-feira, dia 23, emitiram uma nota que o prédio novo estava ocupado, confirmando a paralisação da PUC-SP no campus Perdizes.
“Entendemos a ação como uma resposta às agressões sofridas durante a ocupação, ameaçando a resistência, a segurança dos alunos e o atendimento das pautas exigidas” escrevem os alunos em nota oficial do CASS.
Fotos: Reprodução Facebook
A demanda pela contratação da professora substituta vai além de ser apenas uma admissão. É, na verdade, um confronto ao racismo institucional vigente na universidade – esta que, por sua vez, possui 430 professores e, desses, somente 5 são negros.
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A reitoria disse que não houve demissão de professor: “O que aconteceu foi que a professora em questão foi contratada para cobrir uma licença médica e o término da contratação se encerrou com o retorno da professora afastada”.
Em nota, a reitoria não se pronunciou sobre a contratação efetiva de mais professores negros para seu corpo docente, e sim sobre programas sociais já existentes com o quesito racial como, por exemplo, o programa “Inclusão social: cotas étnico-raciais”, para a concessão de bolsa de estudo na pós-graduação stricto sensu, existente desde o segundo semestre de 2017.
Nas primeiras horas de ocupação, o professor Luis Volpato, docente da FEA, ameaçou verbalmente e fisicamente uma das alunas que compõe a ocupação. Em nota, o CASS ressalta que a agressão física não ocorreu por culpa dos próprios alunos, que fizeram uma barreira humana pois temem a criminalização dos alunos que permanecem ocupando a universidade.
Demais cursos da PUC-SP emitiram notas em apoio a ocupação, como o C.A. 22 de Agosto de Direito, a Assembleia de estudantes de Psicologia, o C.A. Benevides Paixão de Jornalismo, entre outros.
Para dar rumo a ocupação, Assembleias Gerais estão sendo convocadas pelos Centros Acadêmicos 22 de Agosto e de Relações Internacionaisna noite do dia 23/05/18.
Se foi contratada para substituir, uma vez concluído o prazo é ético permitir que o titular reassuma a função.
Sobre a contratação, não deve ser nada gratificante para um professor ainda mais universitário, ser contratado à margem da meritocracia.
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Se foi contratada para substituir, uma vez concluído o prazo é ético permitir que o titular reassuma a função.
Sobre a contratação, não deve ser nada gratificante para um professor ainda mais universitário, ser contratado à margem da meritocracia.