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Os uniformes que chamaram a atenção durante as Olimpíadas

Desde o estilo descolado dos skatistas, passando pelo protesto contra sexualização feminina no esporte, até a confusão com as jaquetas no futebol brasileiro, os uniformes dos atletas nunca foram tão comentados como nas Olimpíadas de Tokyo 2020. 

O sucesso da Nike no skate  

A estreia do skate como esporte olímpico em Tokyo chamou a atenção não só pelo show que os atletas deram nas pistas, mas também pelas roupas usadas durante as competições. 

O esporte foi o único que contou com 20 peças oficiais. Criadas pelo estilista holandês Pieter Jansen em parceria com a Nike, a intenção era que os atletas tivessem liberdade para montar sua própria combinação, expressando sua personalidade. Além disso, o designer também prezou pela representação da individualidade de cada país nas cores e estampas das roupas. Os países vestidos pela empresa foram Brasil, Estados Unidos, Japão e França. 

As calças cargo, camisetas oversized e os tênis dos competidores remetem a um estilo mais urbano e jovem, conhecido como street style. As peças fizeram tanto sucesso nas redes sociais que chegaram aos Trending Topics do Twitter, além da grande expectativa pelo lançamento das coleções no Brasil. 

Outro fator que chamou a atenção foi a estilização que cada atleta trouxe ao seu uniforme. A brasileira Yandiara Asp escolheu não usar a camisa da maneira tradicional, fechando apenas o primeiro botão e deixando um top branco à mostra por baixo. Dora Varella, que também competia pelo Brasil, igualmente optou por incorporar seu próprio estilo ao uniforme, dando um nó na parte de baixo da camiseta. 

Os uniformes produzidos pela Nike eram de poliéster totalmente reciclado e resíduos têxteis gerados pela própria empresa. A estratégia precisa da companhia conseguiu unir consciência ambiental, respeito ao estilo dos skatistas e um pódio unânime da marca da modalidade. 

A luta contra a sexualização feminina no esporte nas Olimpíadas

O esporte também é um espaço para protestos sociais. Nestas Olimpíadas, a sexualização do corpo feminino por conta dos uniformes e a diferença de tratamento entre homens e mulheres foi o assunto em questão. 

A seleção de handebol de praia feminina da Noruega se recusou a utilizar o uniforme padrão, pois alegava deixar partes do seus corpos expostas, o que gerava desconforto. Ao invés da vestimenta estabelecida pela Federação Internacional de Handebol, que determina top e biquíni como uniforme oficial, as atletas optaram por usar shorts como parte de baixo. O descumprimento da regra desencadeou em uma multa de 150 euros para cada jogadora.

Uniformes olimpíadas
Uniformes da Seleção Norueguesa de Handebol. | Foto: Federação Norueguesa de Handebol.

O incômodo quanto às regras de vestimenta da modalidade aumenta ainda mais quando o uniforme é comparado com o da seleção masculina. Enquanto os homens podem jogar de shorts e regata, as mulheres são obrigadas a jogar de biquíni. O protesto em questão levantou debates sobre o sexismo dentro do esporte. 

As meninas da ginástica em grupo da Alemanha também usaram os uniformes como forma de protesto. Na modalidade, a vestimenta padrão é um collant, que pode ser com ou sem mangas, mas as pernas ficam à mostra. Nas classificatórias, o grupo usou um macacão que cobria as pernas até o tornozelo. Até então, isso só havia ocorrido por motivos religiosos. 

O protesto das alemãs é contra a sexualização das mulheres no esporte e pela liberdade de escolha, além da preocupação de que todas se sintam confortáveis durante as competições. A atitude das atletas foi fortemente apoiada nas redes sociais e por grandes nomes da ginástica brasileira, como Flavinha Saraiva. 

Ginastas olimpíadas
Ginastas alemãs usam collants que cobrem até o tornozelo em classificatórias das Olimpíadas. | Foto: Getty Images.

A confusão com a COB no futebol brasileiro

Com a final do futebol, os uniformes voltaram a ser um dos assuntos mais comentados das Olimpíadas. Dessa vez, o item foi motivo de confusão entre o Comitê Olímpico do Brasil (COB), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e os jogadores.  

Na cerimônia de premiação do futebol, os atletas brasileiros, com orientação da CBF, subiram ao pódio com as jaquetas do uniforme amarradas na cintura. A atitude foi repudiada em nota pelo COB, uma vez que os agasalhos foram produzidos pela Peak, empresa chinesa patrocinadora do Comitê. A CBF, por outro lado, tem contrato com a Nike. 

Toda confusão que envolve os dois patrocinadores ainda não acabou. Os jogadores da seleção brasileira ainda correm o risco de acabarem na Justiça, tendo vista que descumpriram regras pré-estabelecidas em termos assinados para fazerem parte da delegação olímpica. 

Futebol
Seleção Brasileira de Futebol Masculino sobe ao pódio das Olimpíadas com agasalho de uniforme amarrado na cintura. Foto: Andre Penner.

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Por Manuela Lopes – Fala! Mack

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