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Opinião – Há contradição entre comunismo e cristianismo?

Segundo uma Pesquisa do Datafolha publicada em 2020 pelo jornal Folha de S. Paulo, é relatado que 50% dos brasileiros são católicos e 31% evangélicos. O que torna o Brasil um dos países com mais cristãos no mundo. A pergunta é até que ponto a doutrina religiosa afeta os atos políticos, como o comunismo? “Então, para mim, nunca houve e não há uma contradição entre o que eu vivo como Cristã e o que eu vivo como comunista”, afirmou Manuela d’Ávila.

Durante uma entrevista coletiva à turma de Jornalismo do primeiro ano da Faculdade Cásper Líbero, Manuela d’Ávilla – jornalista e política brasileira – foi questionada sobre uma publicação feita em seu Twitter sobre o comunismo e sua fé: 

Manuela d'Ávila comunismo
Tweet de d’Ávila. | Foto: Reprodução Twitter.

Ademais, ressalta os avanços progressistas que a própria Igreja tem feito – mesmo que ela alegue seguir uma crença cristã baseada no amor de Jesus, e não apenas nos mediadores da fé e princípios antigos da bíblia. 

O Papa Francisco tem hoje uma postura infinitamente diferente e progressista e é relacionado com as causas, sobretudo nos países pobres, diferente do que foi o Papa Bento XVI ou Papa João Paulo, que deriva e que é fruto do anticomunismo global.

Há contradição entre comunismo e cristianismo?

É de conhecimento geral que a Igreja como forma de Instituição possui um histórico de doutrinação – que seria um conjunto de ideias pregadas aos religiosos como verdade de fé – o que é demonstrado em alguns momentos da história da humanidade, com uma posição nada humanista, sendo até mesmo racista e homofóbica, o que se relaciona diretamente com atos políticos. 

Em um exemplo polêmico, a Igreja se coloca totalmente contra o aborto, justificando que o ato fere o respeito à vida – o que poderia explicar a sua criminalização em Estados confessionais católicos e até mesmo em países que se declaram laicos, mas que possuem uma vasta população adepta à religião. 

Contudo, é importante que não considerem esta característica como um fator determinista, refletindo que a maior parte da população argentina, por exemplo, se declara católica e, ainda assim, o Estado (sem religião oficial) descriminalizou o aborto, diferentemente do Brasil, que se encaixa nos mesmos padrões estatais com uma vasta população católica, mas segue com a ilegalidade deste método. 

Por razões como estas, justificadas pelo progresso de movimentos humanitários no mundo, a Igreja necessitou se adaptar ao contexto. A Igreja Católica, do Papa Francisco, fez com que os religiosos aceitassem mais as questões que antes seriam totalmente proibidas ou vedadas. Um exemplo disso é demonstrado em um documentário, em que o Papa afirma que “pessoas homossexuais têm direito de estar em uma família”, frase que ocasionou destaque na mídia, que comentou sobre o conservadorismo dos religiosos estar se difundindo em um “progressismo cristão”, respeitando a vida, mas também as individualidades (como a sexualidade) de cada um. 

Em contrapartida aos avanços progressistas mundiais, no Brasil, a religião segue duas rédeas. A primeira delas, são aqueles que se colocam em uma posição semelhante a de Manuela d’Ávila: “o cristianismo não é Igreja, é fé” – cristãos progressistas sociais (que podem frequentar ou não a Igreja), e em segundo, aqueles que se autodeclaram conservadores, em sua maioria de direita, que seguem os mandamentos dados pelos intermédios da Igreja – grupo colocado em evidência com a eleição de Jair Bolsonaro (que possui o apoio religioso como bandeira política) – e com o avanço do conservadorismo, alinhado ao fundamentalismo religioso que já é um fato na realidade brasileira, expandindo-se para âmbitos políticos, como é exemplificado pela Bancada Evangélica no Congresso Nacional Brasileiro (Frente parlamentar). 

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Por Aline Carlin Cordaro – Fala! Cásper

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