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Opinião: Descaso de Bolsonaro com Covid-19 pode afetar política externa?

Guilherme Casarões é professor da FGV e cientista político. Em uma de sua matérias para Folha de S. Paulo, define a política externa brasileira como populista, não um populismo Varguista, e sim um populismo ignóbil e desprovido de superego.

Bolsonaro teve a chance de tornar-se um estadista, de colocar o peito frente ao Brasil e o defender, chance de quem sabe tornar-se o mito que todos cultuam, mas, ao primeiro sinal da crise trazida pelo coronavírus ele apenas fez mais do mesmo.

Com afirmações alucinadas e sem sentido chamou a situação de histeria coletiva, “gripezinha”, “resfriadinho” e lançou uma campanha (“O Brasil não pode parar”) em meio ao delicado problema de isolamento.

Em momento assim, a ação do estado deve ser cirúrgica, precisa e com um único foco, mas a “descompustura” bolsonarista tratou de fazer alarde, ignorando a existência do Itamaraty, o famigerado gabinete do ódio vocifera contra a China. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, usa uma figura nacional (Turma da Mônica) para fazer chacota do País Asiático; dois dias depois, a China, nosso maior exportador de soja, diz que irá negociar soja com os Estados Unidos, além de pedir uma retratação do Itamaraty.

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Bolsonaro chamou coronavírus de “gripezinha”. | Foto: Reprodução.

Em meio a todas as desavenças externas, duas manifestações foram feitas. A primeira, realizada no dia 15 de março, em que o Presidente Jair Bolsonaro desceu a esplanada e cumprimentou simpatizantes de seu governo, descumprindo a recomendação da OMS de evitar aglomerações e ficar em casa, e uma segunda, no dia 19 de abril, onde mais uma vez o Presidente compactua com a situação, faz um discurso aos manifestantes e tosse frente à aglomeração que o cultua. Ambas ações foram fortemente criticadas pela imprensa nacional e internacional, esfacelando a imagem internacional brasileira.

A mancha internacional que Bolsonaro está aplicando é assombrosa, perder compradores importantes como a China é um suicídio econômico, ser a garota dos olhos de Trump já se mostrou impossível, depreciar países como Alemanha e França é o cúmulo do absurdo.

Esse populismo bolsonarista é a fonte de impossibilidades de investimento, desprestígio internacional e desvalorização para com o povo brasileiro, Bolsonaro está brincando frente à uma situação séria, demitir um ministro técnico, como Luiz Henrique Mandetta, frente à pandemia mais grave do século XXI é demonstrar ineficiência como gestor e como presidente, é mostrar ao mundo que o Brasil vive agora no obscurantismo e despotismo, que tomara que Deus exista, pois um Messias quer brincar de Deus!

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Por Pedro Oliveira – Fala! UFMG

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