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O coronavírus afeta mais homens que mulheres? Saiba aqui!

Desde o início da pandemia de coronavírus, sabe-se que os mais velhos e aqueles com comorbidades são os mais severamente afetados. Entretanto, desde que o vírus se espalhou e provocou cada vez mais mortes ao redor do planeta, os cientistas questionaram uma peculiaridade: por que os homens morrem mais do que mulheres?

Essa tendência foi observada inicialmente na China, a origem do surto. Depois, foi refletida em países como Itália, antigo epicentro da pandemia na Europa, Coreia do Sul e até mesmo no Brasil.

De acordo com o Instituto Nacional de Saúde italiano, homens morrem mais do que mulheres, sendo a sua taxa de fatalidade quase o dobro (17,1% e 9,3%, respectivamente). Na Coreia do Sul, cerca de 54% dos casos fatais são homens, apesar da proporção de mulheres que testaram positivo para o vírus ser maior.

Essa diferença é perceptível também no Brasil, onde, de acordo com dados do Ministério da Saúde, 58% dos óbitos por Covid-19 foram de pacientes do sexo masculino. Além disso, eles também contam com 53% dos casos de hospitalização por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave).

Estilo de vida pode ser a causa

Os cientistas ainda não tem uma resposta para o que vem acontecendo. No entanto, atos como fumar, beber e manter uma má saúde em geral são alguns dos fatores que, de acordo com pesquisadores, podem explicar essa distinção de gênero no número de óbitos por coronavírus.

homens morrem mais de coronavírus que mulheres
Estilo de vida pode ser a causa de homens morrerem mais de coronavírus do que mulheres. | Foto: Reprodução.

O estilo de vida parece, então, ser a causa mais provável. Ao redor do mundo, homens tendem a beber e fumar mais do que mulheres, o que os torna mais suscetíveis a desenvolverem doenças pulmonares. Segundo dados do Vigitel/2019, o percentual total de fumantes com mais de 18 anos no Brasil é de 9,8%, sendo 12,3% desses entre homens e 7,7% entre mulheres.

Além disso, vários estudos constatam que os homens, em geral, padecem mais de condições severas e assumem um peso significativo nos perfis de morbimortalidade – índice de pessoas mortas em decorrência de uma doença específica. Apesar disso, sua presença nos serviços de atenção primária à saúde é inferior a das mulheres. Alguns autores associam esse fato à própria socialização dos homens, em que o cuidado não é visto como uma prática masculina.

Falta de dados

Entretanto, ao redor do mundo, há uma falta de dados filtrados por gênero nas mortes por coronavírus. Nem todos os países têm reunido e reportado esses dados desagregados, incluindo o Brasil.

O Instituto Nacional de Saúde italiano publicou, no dia 13 de maio, um artigo sobre a importância dessa separação nos dados. Ele afirma que “O entendimento adequado das diferenças de sexo e gênero em termos de incidência e fatalidade é um primeiro passo para investigar os mecanismos biológicos e/ou sociais subjacentes a essas diferenças, com o objetivo de identificar estratégias preventivas específicas e metas terapêuticas para homens e mulheres”. 

Como exemplo, é explicado que “como homens e mulheres tendem a responder diferentemente a possíveis vacinas e tratamentos, o acesso a dados desagregados por sexo seria essencial para conduzir estudos clínicos mais apropriados”.

Por fim, ele conclui defendendo que “compreender o sexo e o gênero em relação à saúde global não deve ser visto como um complemento opcional, mas como um componente essencial para garantir sistemas de saúde globais eficazes e equitativos”.

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Por Lucas Oliveira Leal – Fala! UFRJ

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