Por Isabella von Haydin – Fala! Cásper
Antes das duas horas da tarde de terça-feira o MASP já estava cheio. Pleno horário de almoço e diversos paulistanos e turistas aproveitavam seu tempo livre para visitar o museu em seu dia gratuito. Nesse cenário acontece a exposição que está em cartaz desde o dia 29 de setembro até 14 de fevereiro do ano que vem dedicada às Guerrilla Girls.

As Guerrilla Girls são um grupo de artistas anônimas que atuam há mais de trinta anos por meio de denúncias a museus pelo machismo que se manifesta por meio da arte. Fundado em 1985 em Nova Iorque, metrópole que abriga centenas de museus com os mais diversos focos, o grupo já organizou marchas e exposições em diversas cidades do globo. Sempre com máscaras de gorila e adoção de pseudônimos inspirados em grandes artistas, as feministas dizem que seu anonimato mantem o foco nos problemas e longe de quem elas poderiam ser.

O trabalho das ativistas vem em forma de pôsteres e colagens com dados de denúncia, frases irônicas, cores vibrantes, trocadilhos e até citações polêmicas de personalidades famosas como Donald Trump e Eminem. Levantam questões importantes geralmente focadas no meio artístico como a falta de emprego para mulheres, de representatividade em pinturas e de aristas em exibição, de reconhecimento e o questionamento de a mulher estar sempre nua em vídeo clipes ou o fato de que nos museus estudados, menos de quinze por cento dos artistas são mulheres, mas a maioria das obras de nudez são protagonizadas por indivíduos do sexo feminino. Também falam sobre política, “bomba de estrógeno” e abrangem outras minorias em seus discursos.

Dividida em duas paredes vermelhas organizadas cronologicamente da data de fundação das Guerrilla Girls até a data de hoje, a exposição estava cheia. Desde pessoas que visitaram o local com o propósito de conhecer as obras do grupo como a mãe e filha Rosangela e Júlia Milano, até pessoas que “caíram de paraquedas”, mas estavam gostando da exposição e acreditam que a mesma veio em boa hora, como Caroline Okino.

Apesar de estarmos em tempos de progresso foi comprovado que o meio artístico ainda é extremamente conservador e necessitado de mudanças, como testemunhado na censura do Queer Museum. É importante e necessário que ocorra esse debate de como as minorias estão representadas e que oportunidades elas têm de se manifestar por meio de sua arte. Não é nem nunca vai ser exagero.

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