Por Bianca Dias e Gabriela Henrique – Fala! Anhembi
O glitter e paetês não passaram no Red Carpet. Os vestidos com cores calorosas foram deixados para trás. O preto foi a escolha das celebridades. A empatia e empoderamento feminino foram as peças mais utilizadas. Nesse último domingo, 7, muitas das celebridades que passaram pelo tapete vermelho da 75ª edição do Globo de Ouro vestiram-se de preto para apoiar vítimas de assédios e abusos sexuais em Hollywood.
A passagem pelo Red Carpet também foi marcada pela presença de oito atrizes, entre elas Emma Watson, Amy Poehler, Susan Sarandon, Meryl Streep, que fazem parte do movimento Time’s Up e foram acompanhadas por mulheres ativistas como convidadas.

O Globo de Ouro de 2018 foi tomado pelas vozes femininas hollywoodianas. Assuntos como preconceito, desigualdade de gênero e assédio sexual na indústria cinematográfica foram muito pautados durante toda a premiação. Atores e atrizes utilizaram durante o evento um broche em apoio a campanha Time’s Up.
O movimento Time’s Up, criado por Natalie Portman, Meryl Streep e entre outras, conta com a participação de diretoras, escritoras, atrizes, produtoras de Hollywood que lutam pelo fim do assédio no local de trabalho. Essa iniciativa arrecadou 11 milhões de euros para ajudar legalmente mulheres e homens que passaram por alguma situação de abuso e possuam dificuldades financeiras. E em relação a indústria de entretenimento, o movimento incentiva a igualdade de gênero em estúdios e agências.
Natalie Portman, uma das fundadoras do movimento, fez questão de relembrar a falta de representatividade feminina quando apresentou o prêmio de Melhor Diretor.
“E aqui estão todos os homens nomeados…”
Uma das homenageadas da noite foi Oprah Winfrey, que recebeu o prêmio Cecil B. De Mille pelo conjunto da carreira contando com filmes como: “A cor purpura” (1985), “Bem-amada” (1998), “O mordomo da Casa Branca” (2013) e “Selma: Uma luta pela igualdade” (2014). Oprah é a primeira mulher negra a receber esse prêmio e fez um dos discursos mais aguardados e mais emocionantes de toda à noite. Winfrey começou o seu discurso trazendo a importância da representatividade, pois teve como influencia o ator Sidney Poitier que foi o primeiro negro a ganhar o Oscar de Melhor Ator em 1964.
“Em 1964, eu era uma pequena garota e estava sentada no piso de linóleo da cozinha, com minha mãe, vendo Anne Bankroft entregar o Oscar de melhor ator. Ela abriu o envelope e disse cinco palavras que literalmente fizeram história: ‘O ganhador é Sidney Poitier’. Indo para o palco veio o homem mais elegante que eu já vi…Nunca tinha visto um homem negro ser homenageado daquele jeito. Já tentei muitas vezes explicar o que um momento como aquele significa para uma menina“.
Ao longo do seu discurso, Oprah reforçou a questão do preconceito na indústria e falou sobre a força das mulheres por terem coragem de falarem sobre seus casos de assédios.
“(…) por muito tempo, mulheres não foram ouvidas ou acreditadas se elas se atrevessem a falar suas verdades contra o poder dos homens. Mas a hora chegou. A hora chegou!“
“Então, eu quero que todas as garotas assistindo aqui, agora, que saibam que um novo dia está no horizonte. E que quando este novo dia finalmente chegar, será por causa de muitas mulheres magníficas, (…) e algum homens fenomenais, lutando duro para ter certeza de que elas se tornem as líderes que nos levem a um tempo em que ninguém jamais tenha de dizer ‘Me too’ (eu também) novamente.“

Entre tantos casos de abusos que vieram à tona no ano de 2017 Oprah Winfrey relembrou de um caso: Recy Taylor, uma jovem que foi sequestrada e abusada por 7 homens brancos e armados em 1944. Taylor buscou diversas maneiras de denunciar publicamente o acontecimento, porém todas as tentativas foram falhas e os dois juris que estavam no caso não se importaram com sua história. Apesar dos movimentos ativistas e negros já existirem, eles não tiveram força o suficiente para expor o caso. Nenhuma pessoa foi presa ou culpada. Recy faleceu no dia 29 de dezembro de 2017, então Oprah decidiu reforçar sua voz e relembrar seu caso.
O Globo de Ouro foi muito prestigiado em todas as redes sociais, pessoas do mundo todo apoiaram os protestos e a campanha Time’s Up. Foi uma premiação de marco histórico e de conquistas por todas as vozes.
Algumas séries também receberam um grande destaque na premiação deste ano e já haviam ganhado o coração de muitos na academia do Emmy 2017, e uma delas é a mini série de grande sucesso da HBO “Big Little Lies”, que teve estreia no primeiro semestre do ano passado e “The Handmaids Tale” mini série que já foi renovada para sua segunda temporada.
Big Little Lies (2017)
A série protagonizada por Nicole Kidman (de “De Olhos bem fechados”), Reese Witherspoon (de “Legalmente Loira”) e Shailene Woodley (protagonista de “A Culpa é das Estrelas”) conta a história de 3 mulheres que possuem algo em comum: tem casamentos e vidas perfeitas, e acabam se conhecendo quando seus filhos começam a estudar juntos no jardim de infância. Até então, tudo era maravilhoso em suas vidas pacatas, sendo casadas com homens considerados incríveis, vivendo em um bairro de muito luxo e felicidade, mas alguns acontecimentos quebram toda essa ilusão para as três, que vão passar por conflitos extremos e problemas que elas nunca imaginariam.
A série ganhou grandes prêmios na premiação que aconteceu no domingo, sendo eles:
– Melhor ator coadjuvante em série de TV para Alexander Skargard (Tarzan em “A Lenda de Tarzan”)
– Melhor Minissérie ou filme pra TV
– Melhor atriz coadjuvante para Laura Dern
– Melhor atriz em minissérie para Nicole Kidman
A série traz temas muito polêmicos, que giram em torno do universo feminino, falando sobre abuso e violência doméstica, fazendo com que essa série seja a favorita de muitas premiações que aconteceram neste ano e no ano passado, principalmente, depois de tantas polêmicas sobre diretores e atores sendo acusados de estupro.
The Haidmaid’s Tale (2017)

Outra série que ganhou os corações dos espectadores foi “The Haidmaid’s Tale” inspirado em um romance homônimo, de 1985, de Margaret Atwood.
A trama nos apresenta um futuro distópico nos Estados Unidos onde as mulheres são consideradas propriedades do Estado e divididas por castas, “as férteis” e as “não férteis”, onde a primeira tem a principal função de: procriar para famílias de homens ricos e suas esposas inférteis. As mulheres férteis, chamadas de aias, são estupradas durante a “cerimônia” pelos “patrões ricos”.
A série traz um tema muito polêmico para o universo da TV, apresentando algo que ainda pode ser considerado um tabu, porém é algo real, já que por muitos anos a cultura do estupro vem sendo romantizada, mas durante o Globo de Ouro deste ano, as mulheres tiveram sua chance de protestar usando roupas pretas e fazendo discursos incríveis na hora de receber seu prêmio dizendo que essa era dos abusos sexuais acabou. Elisabeth Moss, protagonista da série, recebeu o prêmio de melhor atriz em série. Além disso, a série venceu na categoria melhor série de drama, deixando, nossa querida Game Of Thrones um pouco de lado nessa premiação.
https://youtu.be/NaPft-MFj38
A série chega ao Brasil pelo canal Paramount, em março de 2018 e sua segunda temporada em abril deste ano. Estão ansiosos?
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1 Comentário
Muito bom este trabalho.
Se os tempos mudaram, as pessoas devem mudar comportamentos e atitudes.
Somos da Raça Humana e devemos respeito uns aos outros, independente da cor da pele, gênero e tudo mais que nos diferencie na nossa igualdade.