Por Fernanda Talarico – via Pipoca Amanteigada
A música faz parte do cinema desde seu início – o filme A Chegada do Trêm à Estação já contava com trilha musical, mesmo que feita no próprio cinema, com um pianista tocando ao vivo.
Já no mundo do teatro, canto e atuação combinam muito, criando vários clássicos que são chamados de Musicais da Broadway, mas que não se restringem somente à rua de Nova Iorque: são peças que se apresentam mundialmente, criando algumas outras categorias, como a off-broadway.
As duas artes de interpretação, cinematográfica e a teatral, por muitas vezes se convergem, fazendo com que peças virem filmes e vice-versa. E é disso que iremos falar: de quando o cinema e o teatro musical se encontram, criando um gênero amado por muitos e detestado por vários: o Filme Musical.
01. Moulin Rouge, Amor em Vermelho (2001) – Baz Luhrmann
Não tem como falar de musicais sem nos lembrarmos deste marco na história do gênero.
Ele é uma linda história de amor, mas que já começa triste. Desde o começo sabemos que Satine (Nicole Kidman), paixão de Christian (Ewan McGregor) está morta. Isso não é um spoiler.
Musicais tendem a fazer isso com a gente, colocam musicas para amenizar a tristeza das histórias e esse é um bom exemplo disso. As músicas formam um mash-up de conhecidas e contemporâneas ao filme, como Like a Virgin (Madonna) e Smells Like Teen Spirit (Nirvana).
Duas canções foram feitas especialmente para Moulin Rouge: Come What May e Lady Marmalade.
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02. Dançado No Escuro(2000) – Lars Von Trier
Esse musical deveria vir com um alerta gigantesco na capa: ELE NÃO É FELIZ E VOCÊ NÃO VAI SAIR FELIZ.
A atriz principal é a cantora Björk, que é conhecida por ser uma pessoa de personalidade bem forte, assim como o diretor do filme, o dinamarquês Lars Von Trier, que é conhecido por ser… Bem tenso de se trabalhar. Por isso, as filmagens de Dançando no Escuro foram repletas de problemas. Os dois tiveram diversas desavenças que levaram Björk a abandonar as filmagens por duas semanas.
Von Trier é tão complicado de se trabalhar, que um dos produtores envolvidos quebrou vários computadores e foi parar no hospital devido a uma crie nervosa por desentendimentos com o diretor.
Assim que as gravações finalmente terminaram, Björk declarou que esta seria sua primeira e única vez como atriz no cinema. Ela resolveu entrar no mundo cinematográfico pelo modo mais difícil…
Como se não bastasse todo o drama dos bastidores, a trama também é bem pesada. Björk interpreta uma mãe que tem um problema hereditário de visão, e que tenta de tudo para que seu filho não desenvolva a doença também, a fim de evitar que ele fique cego como ela.
Este é um lindo exemplo de como nem sempre um musical é feliz, bonito e cheio de amor. Aliás, muito pelo contrário.
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03. Rocky Horror Picture Show(1980) – Jim Sherman
Pegue ficção científica e misture com musical: nasce Rocky Horror Picture Show.
Tentar explicar a sinopse do filme seria muito complexo e passaria a impressão que ele apenas não faz sentido. Ok, ele não faz sentido mesmo, mas é mais do que isso. As músicas são incríveis e grudam na mente, sendo impossível não ficar viciado por elas.
Hoje, ele é considerado um filme cultuado, mas, na época, ele foi um fracasso de bilheteria. Em pouco tempo, os poucos fãs da obra se juntaram e começaram a frequentar exibições de Rocky Horror vestidos como os personagens. Inclusive, este é um dos contrários aos que estamos acostumado. O filme serviu de inspiração para o teatro musical off-broadway.
O personagem principal, o transexual Dr. Frank-N-Furter, foi cobiçado pelo cantor Mick Jagger, mas quem acabou o interpretando foi o ator Tim Curry, também conhecido pelo palhaço Pennywise, do filme IT: A coisa.
O filme, inicialmente, era para ser todo em preto e branco, até aparecer Dr. Frank-N-Furter e, com um close em seus lábios, tudo se tornaria colorido. Na fase de produção mesmo, desistiram da ideia.
O famoso castelo utilizado nas gravações foi utilizado por outros vários filmes de terror, produzidos para Hammer Films Productions.
Por melhor e divertido que ele seja, Rocky Horror foi banido na África do Sul por várias semanas após seu lançamento nos cinemas locais. A censura do país até tentou, mas ele foi assistido por mais de 250 mil pessoas por lá.
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04. Chicago(2002) – Rob Marshall
Este musical é uma sátira à corrupção que acontece na justiça criminal norte-americana. Ele também dá luz ao fenômeno “celebridade criminal”, quando um condenado vira uma estrela.
O filme foi baseado em um musical da Broadway que, por sua vez, foi baseado em uma peça teatral. Sua montagem é muito parecida como uma peça de teatro mesmo, como por exemplo, a cena em que as detentas cantam sobre os assassinatos de seus maridos (inclusive, acho a melhor música do filme). O cenário lembra um palco de teatro.
Muitos atores foram cotados para um dos papeis principais do filme, o de Billy Flynn, como John Travolta, Kevin Spacey e Hugh Jackman. Mas quem acabou ganhando foi Richard Gere.
Entre as mulheres, Madonna e Britney Spears estiveram na lista, mas Catherine Zeta-Jones e Reneé Zellweger foram as escolhidas e mostraram ser a escolha perfeita. Zeta-Jones levou tão a sério seu papel, que pediu que sua personagem usasse cabelo curto para evitar que ele caísse em seu rosto durante as cenas de dança, e questionassem se era ela mesma quem fazia tais cenas.
Chicago ganhou os seguintes prêmios no Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Catherine Zeta-Jones), Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Edição e Melhor Mixagem de Som.
Ele realmente vale a pena!
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05. La La Land (2017) – Damien Chazelle
Não precisamos comentar da polêmica do Oscar, certo? La La Land quase ganhou o prêmio de melhor filme, mas foi tudo uma confusão que todos já sabemos. Porém, nada tira o título de filmão que ele conseguiu.
O musical de Damein Chazelle é um daqueles que você coloca a playlist para ouvir e dançar – não importa onde você esteja.
A história de amor entre Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling) não trás nenhuma novidade e não é uma paixão arrebatadora, mas dá uma sensação gostosa. Você quer que tudo dê certo com eles.
Seu final talvez não tenha agradado a todos, mas com certeza ele é bem diferente de tudo que estamos acostumados a ver no gênero.
Mesmo não levando o prêmio mais importante da noite, La La Land levou o maior número de estatuetas para casa no Oscar de 2017: ao todo foram 6, incluindo melhor diretor e melhor atriz.
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