A série original da Netflix, Desejo Sombrio, está sendo muito aclamada pelo público. Com traições, romance, segredos e morte, parece a combinação dos ingredientes perfeitos para um clichê. Porém, a Netflix vem tentando agregar temas sociais em suas produções (por exemplo: Atypical, Sex Education e Coisa Mais Linda) e esse é o tempero dessa trama.
Alma Solares (Maite Perroni), uma das personagens principais, é uma advogada de sucesso e professora, é possível perceber como se esforça para ser a “mulher ideal”, mas também nota-se que é algo tão enraizado que esse esforço é algo natural.
A confusão dos personagens e o cuidado com seus status quo é sufocante, no decorrer dos episódios, surtos e crises acontecem, desde o juiz Leonardo Solares até sua filha adolescente Zoe.

Crítica da série de suspense Desejo Sombrio
A série retrata muito bem o feminicídio e o papel da mulher, de maneira bem sútil, nos fazendo perceber a pressão que as mulheres sofrem diariamente nos mínimos detalhes. Seja no amor, na profissão, família ou em sociedade. Ademais, relata sobre agressão, controle e o que é o amor de verdade. Existe o questionamento de que até que ponto o amor é saudável.
Existe a perspectiva de um dos personagens no qual tem dúvidas sobre sua sexualidade, mas ela é muito conturbada por questões da imagem que se deve manter e a própria negação do personagem.
Parece um romance previsível, mas essa série é tudo, menos isso. A cada episódio que passa, o final fica mais turvo. Assistir a Desejo Sombrio, é como estar em uma montanha-russa, você sente um turbilhão de emoções, já que a série é extremamente movimentada.
Apesar de retratar todas essas questões sociais e emocionais, o suspense é tão presente que é quase palpável. Contém cenas fortes do corpo em si. Aliás, o corpo é muito importante na composição da história, ele é muito explícito em vários tipos de cenas: sexuais, agressão, morte.
Porém, é uma forma de envolver o público, porque a linguagem corporal é tão clara que é como se escutássemos eles falando. Existe a entrega física dos personagens, construindo uma trama cada vez mais sólida.
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Por Maria Eduarda Venceslau – Fala! Cásper