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Como a desigualdade social e a precariedade na educação abalaram 2019

O ano é 2019. O país, Brasil. De um lado, estudantes e outras milhares de pessoas protestam a favor da educação, pedindo um posicionamento correto e justo do governo.

Do outro lado, familiares e amigos das vítimas de uma chacina na segunda maior favela de São Paulo protestam por justiça. Os motivos que levaram esses dois grupos a irem para as ruas protestar parecem ser diferentes, mas não são.

RELEMBRE QUAIS FORAM AS PIORES TRAGÉDIAS DE 2019

Paraisópolis

Em Paraisópolis não há nenhuma biblioteca, parques ou salas de cinema. A precariedade na educação e no lazer fazem do improviso uma marca registrada na região. E o baile funk da Dz7, onde nove pessoas perderam as suas vidas, mostra claramente isso.

Falando no ponto de vista da infraestrutura, basta dar uma olhada nas escolas de Paraisópolis ou ouvir o relato de jovens moradores da região para entender o motivo de muitos deles ficarem desestimulados a estudar, não vendo nos estudos uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional.

PERIFERIA INVENTANDO MODA: ESCOLA DE MODA EM PARAISÓPOLIS

A educação e o lazer que eles têm acesso não se parecem nem um pouco com a educação que outros jovens com a mesma idade, que moram a poucos metros dali, no bairro do Morumbi, têm. O bairro tem até Museu.

Em 2004, uma foto tirada de Paraisópolis e do Morumbi pelo fotógrafo Tuca Vieira viajou o mundo e virou símbolo da desigualdade social. De um lado, um prédio luxuoso, com quadras de tênis e piscinas na varanda dos apartamentos; do outro, centenas de barracos de alvenaria se espremendo em uma geografia típica de uma favela brasileira. No meio, um muro separando os cenários, como se fossem duas cidades diferentes.

paraisópolis e morumbi
À esquerda, a favela de Paraisópolis, separada por um muro do luxuoso bairro do Morumbi, em São Paulo. | Foto: Tuca Vieira, 2004.

Desigualdade social

A desigualdade social é visível e dramática. Junta-se aos problemas como a falta de estrutura familiar, o atraso na alfabetização das crianças e a ausência do foco em educação do poder público.

O resultado são estudantes que se sentem esquecidos e ignorados, perdendo a esperança de tempos melhores. Apesar do comércio aquecido na região de Paraisópolis e da fama adquirida com uma novela da TV Globo que usava suas vielas como cenário, a comunidade ainda vive com uma série de problemas, como pobreza extrema, falta de saneamento básico, violência e falhas graves na educação.

As poucas ações culturais e opções de lazer, esportivas e profissionalizantes que existem dentro de Paraisópolis não são iniciativas do poder público, mas sim promovidas por ONGs e empresas privadas.

Protestos

Diante dessa realidade, não dá para ficar calado. Os protestos no 30 de maio e os protestos em Paraisópolis têm o mesmo objetivo: gritar para o mundo que sem educação não há democracia. E sem democracia não há futuro.

protestos
Protestos no 30 de maio. | Foto: G1.

CORTE PROFUNDO NA EDUCAÇÃO: ESTUDANTES NÃO PERMITEM ESSA HEMORRAGIA

As manifestações populares são uma forma de dizer que algo está errado, e que a sociedade unida tem o poder de gerar mudanças e de resistir às ações governamentais que prejudicam a população.

Assim, a gestão pública deveria se alimentar dessas manifestações e ouvir as vozes que os colocaram em suas posições. Vozes que juntas gritam por paz, justiça e educação de qualidade para todos.

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Por Rafaele Oliveira – Fala! PUC

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