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Amigos do Zé Alguém: Conheça o projeto social de Itaboraí

O ritmo acelerado das cidades brasileiras pode potencializar o esquecimento e marginalização de pessoas que vivem de maneira precária nos dias de hoje. Mas há quem pare e enxergue de maneira humanizada para cada um e promova ações para amenizar a exclusão social. Esse é o caso de Raissa Barreto, fundadora do Amigos do Zé Alguém, projeto social que distribui quentinhas, roupas e cobertores para quem está em situação de rua na cidade de Itaboraí. 

A seguir, conheça o projeto Amigos do Zé Alguém.

Amigos do Zé Alguém
Raissa e voluntários em ação do projeto. | Foto: Reprodução? Amigos do Zé Alguém

A história do projeto Amigos do Zé Alguém

Raissa tem 26 anos, é formada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), pós-graduada em Ensino de História pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e graduanda em Serviço Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Unirio. Com esse currículo e todo o conhecimento adquirido, ela decidiu transformar a realidade da cidade em que mora. 

O motivo principal estava bem perto do seu cotidiano. Em abril de 2020, era professora de História em Itaboraí, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, e pensou em alguns alunos da escola na qual trabalhava. Segundo ela, esses alunos dependiam da alimentação oferecida no colégio diariamente e, devido à crise sanitária e o fechamento dos estabelecimentos de ensino, ficaram sem ter o que comer.  

A partir disso, percebeu que precisava agir: “Tive a ideia de lançar uma vakinha para montar 10 cestas básicas, só que conseguimos montar 115 cestas porque recebemos mais doações do que o esperado. Depois, pensando na população de rua que trabalhava guardando carro, com recicláveis, vendendo bala nos sinais, começamos a entregar quentinha todo sábado e domingo”. A mãe dela, a Regina Maria, foi a primeira cozinheira do projeto e principal apoiadora da ideia da Raissa. E, desse jeito, o Amigos do Zé Alguém deslanchou, e o que era para ser provisório se tornou regular. 

E por que Amigos do Zé Alguém? Ao ser questionada sobre o motivo do nome do projeto, ela responde:

Todas as pessoas que estão em situação de rua não são um Zé ninguém, nós acreditamos que todo mundo é Alguém e tem uma história, independente da situação em que se encontra

Raissa Barreto

Além disso, Raissa também pensou no pai que havia falecido no início da pandemia, época na qual o projeto foi criado, e que também se chamava Zé. 

Desse modo, é por acreditar que cada rosto que vê na cidade tem importância e precisa de ajuda que ela sai de casa todo sábado e domingo para entregar 60 quentinhas à população de rua que vive no local.  Desde o princípio, abril de 2020, até o mês de junho de 2022, mais de 5500 quentinhas foram distribuídas e muitos agasalhos e produtos básicos de higiene foram entregues. “Nós temos uma rota e as pessoas esperam dentro do horário naquele local que passamos. Entregamos uma vez por mês um kit higiene, entregamos kit lanche pra pessoa ter o que comer depois e também cobertores e roupas”, conta Raissa sobre a rotina do projeto. 

Amigos do Zé alguém
Quentinhas do projeto prontas para entrega. | Foto: Reprodução/ Amigos do Zé Alguém

Além disso, todo mês, 10 famílias são assistidas com cesta básica, e uma delas recebe também um botijão de gás, por estar em situação extrema de vulnerabilidade alimentar. Porém, isso não é tudo: Raissa e seus voluntários, que são 54, já conseguiram tirar 5 pessoas da rua e auxiliá-las a voltar para a família que residia em outros estados do Brasil.  

Sobre o assunto, relata:

A ideia não é manter a pessoa naquela situação, mas ser um apoio para que possa superar o momento. A rua não é casa, não existe morador de rua, a pessoa se encontra naquela situação por diversos motivos, mas não podemos naturalizar a marquise como um lar

Raissa Barreto

Mas, embora receba doações regularmente, não é suficiente para suprir a demanda. Porque, com o agravamento da crise econômica decorrente da pandemia, os preços dos alimentos aumentaram, assim como quantidade de pessoas precisando de ajuda, contudo, em contrapartida, o número de doações caiu. 

Em maio, mais de 16 empresas contribuíram, como a Jocaplast, Carioca Móveis e Colchões e a Autoescola Maria Rita. Outra forma também utilizada para conseguir doações é através dos eventos que acontecem na cidade. Raissa e os voluntários montam uma tenda e ficam disponíveis para receber as doações dos moradores locais nesses diais especiais de arrecadação. Ou seja, qualquer pessoa ou empresa pode doar, basta se sensibilizar com a causa defendida. 

Mensalmente, na página do Instagram do projeto, @amigosdozealguem, uma lista é publicada com os nomes dos itens necessários para fazer as quentinhas e montar os kits de lanche e higiene. É possível ajudar com a doação em dinheiro, mas também comprando e entregando à Raissa ou na gráfica Creative Designer, parceira do projeto, localizada no Rio Várzea, bairro de Itaboraí. 

E quem quiser ser voluntário do Amigos do Zé Alguém, basta entrar em contato por qualquer um dos meios listados abaixo. Toda a experiência profissional é bem vinda, tem vagas para várias áreas, mas é muito importante procurar saber a disponibilidade primeiro. Há sempre vaga para ser cozinheiro, função crucial para o preparo das quentinhas. É possível, inclusive, voluntariar-se para cozinhar por um dia. 

Por fim, Raissa espera que um dia o Amigos do Zé Alguém não seja mais necessário, sonha com um tempo no qual nenhuma pessoa precise morar na rua para sobreviver. Porém, enquanto esse dia não chega, ela e seus voluntários estão a postos e com determinação para dar o melhor a cada final de semana.  

Porque não é só sobre doar comida, mas também sobre reconhecer a dignidade de cada pessoa, oferecendo um olhar e um abraço amigo a quem precisa. 

Fundadora do projeto: Raissa Barreto 

Facebook: Amigos do Zé Alguém 

Instagram: @amigosdozealguem 

Telefone: 21 99181 9322 

Pix: 21 99181 9322 

Ponto de doação: Gráfica Creative Designer – Av. Vinte e Dois de Maio, 4789 – Rio Várzea, Itaboraí – RJ, 24812-086. 

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Por Geovana Souza – Fala! Universidade Federal Fluminense

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