Navegando na internet é comum se deparar com algumas discussões de cunho social. Uma das que vêm ganhando força atualmente é a representatividade. Isso porque as produções cinematográficas e culturais vêm sofrendo alterações nessas pautas. Mas o que é representatividade? E por que isso é tão importante?
Esse termo é usado para designar quando grupos, considerados minorias sociais, são representados nas telas do cinema, TV, desenho animado e outros, de forma que as pessoas possam se identificar e admirar personagens e/ou atores que fazem parte de seu grupo. Isso pode parecer pouco significante, mas a reprodução de personagens “fora do padrão” na TV e no cinema é a prova de que as barreiras do preconceito estão sendo quebradas.
Por muito tempo, essa questão foi ignorada. Tudo que era considerado fora do padrão não era digno de aparecer em alguma produção. Logo, filmes, novelas, séries e outros são tinham personagens “dentro dos conformes”, ou seja, brancos, cisgêneros, heterossexuais e magros. Por isso, atualmente, a mudança desse cenário é cobrada pelos grupos sociais que foram excluídos e silenciados por todos esses anos. Pense bem, quantos personagens negros protagonistas você viu nos desenhos animados de sua infância? Provavelmente pouquíssimos.
Importância da representatividade negra em desenhos animados
Além disso, a representatividade é fundamental para crianças em desenvolvimento. Isso porque, quando uma criança negra vê heróis e princesas com a mesma cor e o mesmo tipo de cabelo que o seu, ela se espelha no personagem e fortalece seu empoderamento, autoestima e confiança.
A reprodução de personagens negros também é importante para desconstruir alguns alicerces do racismo. Muitas animações retratavam personagens negros – quando tinham – de forma menos importante. Normalmente dividindo o protagonismo com outros personagens brancos. É o caso da Alex, em Três Espiãs Demais, por exemplo. É fundamental essa representatividade, para que outras crianças cresçam acostumadas a ver pessoas negras em posições de poder.
Uma das maiores produtoras de animações infantis, a Disney, conhecida pelo seu hall de princesas, teve sua primeira protagonista negra em 2009, com A Princesa e o Sapo. Considerando que a primeira animação de princesa foi Branca de Neve, em 1937, foram precisos 72 anos para que a primeira princesa negra fosse criada.
No entanto, um ponto problemático é que grande parte dos personagens negros que estão ganhando protagonismo, atualmente, passam grande parte do filme fora de seus corpos. É o caso e A Princesa e o Sapo, em que ela é representada como uma sapa na maior parte do tempo.
O mesmo acontece com a recente animação Soul, em que o protagonista negro passa quase todo o filme como uma “alma”.
E mais uma vez no filme Um Espião Animal, em que o personagem principal se transforma em um pombo. Ao contrário de seu parceiro branco, que continua humano durante todo o filme.
A questão levantada pelo movimento negro é que esse tipo de animação desumaniza pessoas negras. Foi criada até mesmo uma petição on-line, Pare com Animações que Desumanizam Personagens Negros (em inglês).
Apesar disso, vemos avanços. Filmes como Homem-Aranha no Aranhaverso, Doutora Brinquedos, O Mundo de Greg e S.O.S Fada Manu são ótimos para a reprodução do protagonismo negro, contribuindo para a representatividade e o avanço das pautas do movimento negro.
Homem-Aranha no Aranhaverso. Doutora Brinquedos.
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Por Bárbara Moraes – Fala! UFPE