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Como a popularização do ateísmo influencia o comportamento humano

Nos últimos tempos, o ateísmo tem crescido. Entenda como ele pode influenciar comportamentos humanos

“Onde está Deus?”, “Por que eu continuo sofrendo tanto?”, “Por que isso está acontecendo comigo?”, “Se Deus existisse, ele se importaria com a minha dor.”, “Deus é um tirano.”, “Aquelas pessoas não mereciam acabar assim!”, “Que Deus amoroso é esse que permite essa tragédia?”. Quem nunca ouviu frases desse tipo, não é mesmo? Ou quem nunca se viu tentado a falar essas coisas? Nos momentos mais profundos de dor e desespero, o ser humano clama a Deus e, muitas das vezes, não encontra resposta às suas indagações e questionamentos. Por isso, muita gente acredita que Deus não exista ou que Ele não seja tão bom o tão “Todo-Poderoso” como defendem alguns. 

Em tempos de Covid-19, furacões, nuvens de gafanhotos, enchentes, brigas políticas, o que se percebe é um total desespero da sociedade. A pergunta que fica é: “Por quê?”. Richard Dawkins, ateu famoso, disse certa vez que “a natureza não é cruel, apenas implacavelmente indiferente. Esta é uma das lições mais duras que os humanos têm de aprender”.

Em outras palavras, ele entende que as coisas simplesmente acontecem e precisamos aprender a lidar com elas. Bem diferente do pensamento religioso que defende a ideia de “permissão” ou “propósito divino”. Pensamentos como este, nos últimos séculos, têm feito com que o movimento ateísta tenha crescido como nunca.

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Como a popularização do ateísmo influencia o comportamento humano. | Foto: Reprodução.

Religião x ciência

O assunto “religião x ciência” é sempre tido como algo polêmico e delicado. A grande verdade, porém, é que o tema nunca sai de moda. Filmes, séries, novelas, debates acadêmicos, reportagens e pesquisas sempre colocam em destaque o confronto ideológico entre religião e ciência e como eles influenciam o comportamento humano e a evolução da sociedade. Por trás desse conflito, estão questões como aborto, ideologia de gênero, pornografia e sexualidade, a origem do ser humano, o Design Inteligente e muitos outros assuntos controversos e polêmicos.

Você já se perguntou por que algumas pessoas simplesmente se consideram como “ateus”? Ou você já se perguntou por que certas pessoas refutam a bíblia e seus ensinos? Ou já se questionou o porquê de muita gente ser contrário à ideia da existência de Deus? Isso acontece devido ao conflito já mencionado entre ciência e religião. A grande verdade é que não encontrando resposta em Deus, o ser humano começa a buscar respostas em outras fontes. E muitas das vezes, a resposta é a mesma conclusão de Dawkins e de tantos outros pensadores e estudiosos.

Bertrand Russell, ateísta dos séculos XIX e XX, defende não apenas o ateísmo como ainda ‘bate’ de frente com os cristãos. Em sua obra Por que não sou cristão, Russell expõe uma série de motivos que o levaram a desprezar o cristianismo como verdade e defende o comportamento humano tal qual ele existe. Por essa e muitas outras obras, Russell ajudou a influenciar uma geração inteira a seguir o modelo do ateísmo. Não apenas ele, como também inúmeros outros globais ajudaram nesse processo, em especial com o surgimento das mídias como o telefone, televisão, computadores e a internet.

A verdade indiscutível é que o debate está longe de ter um fim. Enquanto houver homens de coragem, de convicção sobre ambas as temáticas, este assunto jamais terá fim. 

Por que o ateísmo cresce tanto?

Tanto o salmo 14, quanto o salmo 53 começam nos dizendo que negar a existência de Deus é coisa de uma pessoa tola, insensata (no amazonense: leso). Mas, ainda assim, o movimento ateísta é um dos que mais crescem. Por que isso acontece? Há algumas razões.

A primeira razão é enxergar a religião cristã como algo inútil. Para muitos ateus e estudiosos, o cristianismo, assim como outras religiões, tem a sua história manchada de sangue “em nome de Deus”. Dessa forma, não faz sentido acreditar na existência de Deus. Que Deus cria algo para matá-la em seguida ou permitir que seja morta por outras criaturas? Analisando dessa maneira, acreditar na religião é quase que inútil. 

A segunda razão do crescimento do ateísmo é o posicionamento de globais, como já mencionei anteriormente. Um “global” é um artista ou uma pessoa de alta influência e respaldo na sociedade. Famosos como Angelina Jolie, Antonio Fagundes, Richard Dawkins, Bill Gates, Brad Pitt, Daniel Radcliffe, para citar alguns exemplos atuais, são apenas alguns dos globais que se posicionaram como ateus. E é sabido que o comportamento e as crenças de uma pessoa de influência determina o comportamento e as crenças de muitos outros. 

A terceira razão pela qual o movimento tem se firmado é o surgimento de outros movimentos sociais, como o ativismo LGBTQI+. S​e você analisar, o surgimento de movimentos sociais culmina justamente com a expansão do movimento ateísta. São movimentos intimamente ligados, nos quais a defesa de uma postura pela “liberdade de expressão e de pensamento” é a bandeira principal.

Por fim, uma quarta razão que leva ao crescimento do movimento é o descrédito da Igreja e dos valores passados. O Pr. Hernandes Dias Lopes, em pregação recente, afirmou que, em pouco menos de um século, os valores das famílias foram se perdendo e que a sociedade está cada vez mais desordenada. É uma crise familiar causada pelo avanço do êxodo rural e ampliação do trabalho. Além disso, escândalos envolvendo igrejas levam ao público uma imagem de uma falsa santidade. Dessa forma, o movimento ateu ganhou mais força.

O comportamento humano 

O comportamento humano sempre se baseia nos moldes dos valores morais, primeiramente da sociedade e depois do indivíduo. A sociedade impõe seus valores e crenças, o indivíduo decide se aceita ou não. A partir do momento em que o ser humano passou a se organizar em tribos, o comportamento humano e os valores começaram a ser definidos como sendo “o que é melhor para nós”, e não “o que é melhor para mim”. Portanto, a sociedade organizada impõe seu ritmo, cabendo aos cidadãos competir segundo as regras.

Quando a religião impera, significa dizer que os valores ligados àquela religião deverão prevalecer. O contrário é verdadeiro. Se não há religião, cada um é livre para agir conforme sua própria vontade. O grande problema está na moralidade dos fatos. Se pararmos para analisar, “agir como eu quero” não significa necessariamente “fazer tudo aquilo que eu quero”. Eu ainda sou responsável por prestar contas à sociedade: se eu infrinjo uma lei de trânsito, sou penalizado; se eu mato alguém, preciso arcar com o peso da culpa. De onde vem esse senso moral? Ninguém consegue explicar sem inserir na equação a figura de um Design Inteligente. Apesar do aumento do número de casos de pessoas ateias, a verdade é que muita gente tem se deparado com questões que colocam em xeque o pensamento ateísta. 

Logo, precisamos encarar o ateísmo como uma espécie de religião, cuja base é o raciocínio lógico-científico. Em outras palavras, explicações científicas eliminam Deus da equação e o que a ciência ainda não conseguiu explicar, em breve, será resolvido. 

A questão da doutrinação

Tanto o ateísmo quanto as religiões, a política e até mesmo a filosofia são formas de doutrinação. Ou seja, não existe o livre-arbítrio do pensamento humano. Não em sua forma mais pura. O mito da caverna é real e todos nós podemos nos libertar de nossas cavernas. São duas as variáveis: o “se eu quero” e “quando vai acontecer”. Entender isso irá nortear a sua forma de agir, pensar e falar. 

Ninguém está alheio à doutrinação. A pergunta, entretanto, é saber que doutrina seguir. “Aquilo que você acredita, norteia seus valores.”

Para finalizar este artigo, quero contar uma pequena história. Certa vez, uma professora estava falando que Jesus não existe e que as histórias bíblicas não eram verdadeiras e que o céu e o inferno são frutos da imaginação humana como forma de punir as pessoas por não obedecerem às normas sociais. Uma aluna se levantou e disse que não poderia concordar com aquilo e que a professora estaria errada.

A professora, então, disse que tudo aquilo era invenção e que a aluna não poderia provar a sua existência e continuou dizendo que “todos somos frutos da evolução e que, ao morrermos, nos tornamos apenas parte da natureza”. Novamente, a aluna se levantou e discordou da professora. A professora, irritada, falou que sua aluna estava errada e que não poderia provar os seus argumentos.

A aluna disse que sabia que, ao morrer, iria para o céu e que todos poderiam ter esta certeza. Novamente, a professora disse que aquilo era mentiroso e disse que a aluna não poderia provar. A aluna então respondeu: “Quando eu morrer e estiver no céu, eu pergunto a Deus se o inferno é de verdade”. A professora respondeu: “E se eu morrer primeiro?”. A aluna finalizou: “Nesse caso, a senhora pergunta ao diabo se o céu é de verdade”.

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Por Paulo Machado – Fala! Universidade Federal do Amazonas

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