Um filme inteiro com apenas linguagem de sinais. É isso que você precisa ter em mente antes de se arriscar a assistir A Gangue (The Tribe), dirigido por Miroslav Slaboshpitsky, da Ucrânia.
Sem legendas e com cenas extensas, o público é praticamente obrigado a forçar a sua interpretação por meio da imagem. Cada gesto e cada expressão nos remete a uma mensagem que o personagem está emitindo, e por isso é preciso manter a atenção em todos os detalhes para que a história possa continuar. Por este lado, a ideia parece meio entediante, e a impressão é de que não dá para entender nada do que se passa na trama. Mas depois que entra a violência, a raiva, a atitude e a intensidade do comportamento de cada personagem, a nossa expectativa automaticamente se transforma, assim como nosso pensamento sobre adolescentes com deficiência auditiva.
Com uma pegada dramática, o filme nos mostra jovens surdos e mudos que possuem uma gangue, e que convivem em uma escola cheia de normas, mas que também tem suas corrupções. O grupo dos garotos fazem tudo que uma gangue normalmente faz: roubam, espancam, se envolvem com prostituições e, claro, possuem suas próprias regras. O protagonista da história, chamado Sergey (Grigory Fesenko), é o mais novo aluno da instituição e, de cara, se torna também o mais novo integrante da gangue. A questão é que Serguey acaba por desrespeitar uma das regras do grupo, e com isso ele constrói uma arriscada confusão, que será resolvida com violência, tensão e uma série de atitudes desconcertantes.
O filme é muito forte na abordagem de questões polêmicas e delicadas, como o aborto, o bullying ou a segregação social, e ao ser interpretado pela perspectiva de pessoas surdas e mudas, essas questões podem parecer ainda mais críticas e desafiadoras.
É recomendável para quem aguenta cenas fortes e não se importa em ficar agoniado (a). Em 2014 venceu três prêmios em Cannes e outros tantos ao redor do mundo.
Assista ao trailer oficial:
Por: Marcelo Gasperin – Fala!M.A.C.K
0 Comentários