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Sarampo: Tudo o que você precisa saber sobre a doença

Em fevereiro deste ano, o Brasil perdeu a condição de país livre do sarampo após informar à Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) um caso da doença no Pará. Até agora já são mais de 420 casos registrados no país e o número de novas pessoas infectadas disparou na cidade de São Paulo.

Vírus do sarampo
Vírus do sarampo

De cada 10 brasileiros infectados neste ano, oito vivem na capital paulista. Segundo o Ministério de Saúde, ao todo, o estado contabiliza 484 casos de sarampo, 363 deles na cidade de São Paulo – 75% das ocorrências. Outros municípios com alto número de casos são Santo André (17), São Bernardo do Campo (12) e São Caetano do Sul (8).

Campanhas de vacinação

Em busca de prevenir e combater a doença, várias campanhas de vacinação foram criadas e intensificadas. Além da campanha de vacinação sarampo 2018, no sábado último sábado (20), a campanha ‘Dia D’ de vacinação contra o sarampo, conseguiu imunizar mais de 67 mil pessoas contra a doença em São Paulo.

VACINAÇÃO CONTRA O SARAMPO NO METRÔ! SE PREVINA

A vacinação também está ocorrendo em parques, shoppings e metrôs. Nesta segunda-feira (23), postos de vacinação na Capital registraram filas, e a prefeitura anunciou que fará vacinação nas escolas e nos batalhões da PM. Empresas que se recusarem a colaborar com as ações de bloqueio podem ser fechadas por 21 dias.

Uma campanha com o público-alvo, que tem menos chance de ter completado o esquema vacinal do sarampo – composto por duas doses, está sendo realizada desde 10 de junho. No entanto, apenas 6% dessa população se vacinou.

Veja a seguir as perguntas mais feitas sobre o sarampo e as respostas dos profissionais:

O que é sarampo?

O sarampo é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus chamado Morbillivirus. Sua transmissão é feita pelo ar – o vírus continua presente mesmo após a pessoa contaminada ter saído do local.

Diferente do que alguns dizem, o sarampo está longe de ser uma doença leve. Inclusive, antes de surgir a vacina e as campanhas subsequentes, ele foi uma das principais causas de mortalidade infantil no mundo.

Quais são os sintomas do sarampo?

Os sinais iniciais do sarampo são semelhantes a uma gripe ou resfriado e surgem até 14 dias após ter estado com alguém infectado, no entanto, após cerca de 3 dias outros sintomas específicos começam a aparecer.

Principais sintomas do sarampo:

  • Febre alta, acima de 38,5°C;
  • Dor de cabeça;
  • Manchas vermelhas, que surgem primeiro no rosto e atrás das orelhas, e, em seguida, se espalham pelo corpo;
  • Tosse;
  • Coriza;
  • Conjuntivite;
  • Manchas brancas que aparecem na mucosa bucal conhecida como sinal de koplik, que antecede de 1 a 2 dias antes do aparecimento das manchas vermelhas.

O maior problema, no entanto, envolve as crianças, pois elas têm o sistema imunológico mais frágil. Entre elas, quadros de pneumonia, convulsões e nos piores casos morte, são mais comuns.

Como o sarampo é transmitido?

O vírus do sarampo é facilmente passado de um indivíduo para outro através de secreções expelidas ao tossir, espirrar, beijar, falar ou respirar. Por isso, é elevado o poder de contágio da doença.

A transmissão ocorre de quatro a seis dias antes e até quatro dias após o aparecimento do exantema. O período de maior transmissibilidade ocorre dois dias antes e dois dias após o início do exantema. 

Sarampo mata?

Segundo o clínico geral Eduardo Finger, o sarampo pode deixar sequelas e eventualmente causar a morte. Normalmente, a doença leva ao óbito por facilitar o surgimento de infecções secundárias, que são potencializadas pelo vírus.

Infecções secundárias se instalam em nosso corpo quando já estamos debilitados e em tratamento por uma infecção mais antiga, também chamada de primária.

De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento foram confirmadas 12 mortes por sarampo no Brasil (quatro em Roraima, seis no Amazonas e dois no Pará). Estes dados foram atualizados em janeiro de 2019.

Quando a vacina deve ser aplicada?

É uma vacina aplicada como rotina na infância, em duas doses. A primeira, tomada com um ano de idade, na forma da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), garante 93% de proteção. E a segunda, com 15 meses, tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e catapora), confere 97% de eficácia, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA).

A vacina também é ofertada para pessoas de até 49 anos que não foram vacinadas.

A proteção conferida pela vacina é alta. Mais de 90% das pessoas que recebem as duas doses criam um bloqueio duradouro contra o vírus. Além disso, ela é segura. E, mesmo nos poucos casos em que gera reações adversas (dor, vermelhidão, inchaço), podemos ter certeza de que são bem menos preocupantes do que a doença em si.

Vacina contra o sarampo
Vacina contra o sarampo é recomendada para jovens entre 15 e 29 anos

Quem não se vacinou na infância ou não se lembra, deve tomar a vacina novamente?

Sim. Para quem tem até 29 anos, a vacina está disponível na rede pública em duas doses – que devem ser tomadas com intervalo mínimo de um mês entre elas. Para pessoas entre 30 e 49 anos, a dose é única e também é aplicada no SUS (Sistema Único de Saúde).

“Para quem nunca tomou ou pelo menos acha que não tomou a vacina, é recomendado que ela tome duas doses, com um intervalo de 30 dias entre elas. A sugestão é que quem tenha até 29 anos tome as duas doses e quem tem mais de 29 anos, tome uma dose só.”

explica Carolina Lázari, infectologista do Fleury Medicina e Saúde.

Quem deve tomar a vacina?

Em São Paulo, a prefeitura orienta que todas as pessoas entre 15 e 29 anos tomem a vacina, mesmo que já tenham recebido as duas doses. A vacinação tem ocorrido a partir das 7h ou 8h e se estende até as 18h ou 19h, dependendo da unidade. A lista de postos de saúde está no site da prefeitura – basta escolher se a busca é pelo endereço onde mora ou pelo nome da unidade, e digitar no campo em branco à esquerda.

O público alvo da campanha foi escolhido porque a maioria deles não recebeu a segunda dose da vacina, que é necessária para a imunização contra o sarampo.

A segunda dose da vacina que protege contra o sarampo é recente, começou a ser aplicada apenas a partir do ano 2000.

“Quem tem menos de 15 anos muito provavelmente já recebeu as duas doses da vacina, mas jovens mais velhos precisam do reforço.”

diz Carolina Lázari.

POR QUE ADULTOS SE VACINAM TÃO POUCO?

Quem já pegou sarampo uma vez está imune?

Sim. Aqueles que já sofreram uma vez com a doença estão naturalmente imunes e são incapazes de serem infectados novamente. Isso explica o fato de os idosos não estarem listados no grupo de risco, visto que muito provavelmente eles já tiveram sarampo.

Para quem a vacina é contraindicada?

De acordo com a Ministério da Saúde, os seguintes grupos não devem ser vacinados:

  • Casos suspeitos de sarampo;
  • Gestantes – devem esperar para serem vacinadas após o parto. Caso esteja planejando engravidar, assegure-se que você está protegida. Um exame de sangue pode dizer se você já está imune à doença. Se não estiver, deve ser vacinada um mês, antes da gravidez. Espere pelo menos quatro semanas antes de engravidar;
  • Menores de 6 meses de idade;
  • Imunocomprometidos.

Quanto tempo demora para a vacina fazer efeito?

Em torno de duas semanas. É possível, no entanto, vacinar mesmo após a contração do vírus. “Assim conseguimos combater a doença, muitas vezes diminuindo sua força,” diz Rosana Richtmann, membro do Comitê de Imunizações da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

Quem não tem carteira de vacinação pode tomar a vacina?

Sim. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde é possível tomar a vacina sem carteira de vacinação.

Estou fora do público-alvo, posso me vacinar na rede particular? É a mesma vacina?

Sim. Quando não há certeza da vacinação ou se pessoa deseja se vacinar novamente, ela pode procurar uma rede privada e tomar a vacina do sarampo. O valor varia de R$100 a 150. O que muda na rede privada são questões como fabricante e multidose, mas a segurança e eficácia das vacinas são iguais.

Como tratar o sarampo?

Não há um remédio ou tratamento específico para a doença – mais um motivo para não deixar de se vacinar. É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas pela doença, a fim de reduzir a ocorrência de casos graves e fatais. O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado.

Para os casos sem complicação é recomendado manter a hidratação, o suporte nutricional e diminuir a hipertermia. As complicações como diarreia, pneumonia e otite média, devem ser tratadas e acompanhadas de perto por um médico.

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