5 mulheres de novelas brasileiras que buscaram independência em meio ao patriarcado, lutaram pelos seus direitos e romperam com estereótipos
As novelas brasileiras, inúmeras vezes, têm a capacidade de fazer com que os telespectadores mergulhem nas tramas narradas e, assim, não percam um único capítulo. Mas, além do entretenimento, algumas novelas também trazem temas importantes da sociedade e que merecem espaço nas grandes mídias para que possam entrar no debate social. Um desses assuntos é o machismo e a cultura patriarcal, tendo em vista esses se expressam de diversas formas na sociedade atual e geram consequências diariamente na realidade de todos os indivíduos. A fim de trabalhar essa temática, muitas novelas brasileiras trazem em seus enredos personagens femininas que lutam pelos seus direitos, buscam independência e se colocam contra os privilégios dos homens.
Personagens femininas fortes de novelas brasileiras
1. Joaquina, de Liberdade Liberdade (2016)
A novela Liberdade Liberdade foi baseada no livro Joaquina, Filha do Tiradentes, de Maria José de Queiroz, e escrita por Mário Teixeira, Sérgio Marques e Tarcísio Lara Puiati. Exibida no horário das 23h na Rede Globo, a trama se passava na cidade de Vila Rica no período da Inconfidência Mineira (1789).
O enredo principal é a história de Joaquina (Andreia Horta) que, após seu pai, Tiradentes (Thiago Lacerda), ser enforcado, foi criada por Dom Raposo (Dalton Vigh) em Portugal. De volta ao Brasil, já adulta e com muitos dos ideais revolucionários de seu pai biológico, ela se coloca à frente da luta contra a Coroa Portuguesa e rompe com as atitudes esperadas para uma mulher de sua época. Joaquina luta com espada, enfrenta homens poderosos, lidera o movimento de resistência e não hesita em fazer o que for necessário para uma sociedade mais justa, menos desigual e um Brasil independente.
2. Isabel e Laura, de Lado a Lado (2012) – protagonistas de uma das novelas brasileiras mais marcantes
Lado a Lado foi escrita por João Ximenes Braga e Cláudia Lage e foi ao ar na Rede Globo na faixa das 18h. A novela, que se passa no Rio de Janeiro no começo do século XX, conta a história da amizade de Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano), duas mulheres que possuem histórias de vida bem diferentes, mas também muitos aspectos em comum. As duas são jovens, buscam independência e lutam contra os privilégios dos homens. Isabel, órfã de mãe e filha de Afonso (Milton Gonçalves), ex-escravo, trabalha como funcionária doméstica, deseja ter um negócio próprio e enfrenta diversos obstáculos na sociedade machista e racista em que vive para alcançar seus sonhos. Laura, por sua vez, é filha de pais ricos, ama os livros, tem uma paixão pela escrita, almeja trabalhar para se sustentar e luta contra a cultura patriarcal instaurada na sociedade.
3. Catarina, de O Cravo e a Rosa (2000)
A novela O Cravo e a Rosa foi originalmente exibida às 18h, na Rede Globo, e é uma adaptação do livro A Megera Domada, de William Shakespeare. Escrita por Walcyr Carrasco e Mário Teixeira, a trama central gira em torno do romance de Catarina (Adriana Esteves) e Petruchio (Eduardo Moscovis), em São Paulo, nos anos 1920. Enquanto Catarina defende a liberdade e a independência das mulheres, Petruchio acredita que as mulheres devem apenas cuidar da casa e realizar afazeres domésticos. No início, ele tentou conquistar Catarina apenas por necessitar do dinheiro de seu dote de casamento para pagar dívidas, mas, com o tempo, acabou se apaixonando por ela.
A protagonista rompia com muitos estereótipos femininos da época, sempre expunha os seus pensamentos, não aceitava estar restrita apenas à esfera doméstica e, mesmo em meio a muitos desafios, lutava contra os privilégios dos homens.
4. Raquel, de O Outro Lado do Paraíso (2017)
A novela das 21h da Rede Globo O Outro Lado do Paraíso, escrita por Walcyr Carrasco, trouxe uma trama marcada por interesses, vinganças e dramas familiares. Na primeira fase da novela, Raquel era melhor amiga da protagonista Clara, morava em um quilombo e trabalhava como funcionária doméstica na casa da preconceituosa Nádia (Eliane Giardini). Ela se apaixona por Bruno (Caio Paduan), filho da patroa, mas tem o romance abalado pela desaprovação de Nádia. Depois de anos e para a surpresa da ex-sogra, Raquel enfrenta os obstáculos existentes por conta do machismo e do racismo enraizados na sociedade e volta a Palmas como uma renomada juíza.
5. Doralice, de Cordel Encantado (2011)
Cordel Encantado foi uma novela da Rede Globo, escrita por Duca Rachid e Thelma Guedes para a faixa das 18h. Durante uma viagem ao Brasil, Rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) e Rainha Cristina (Alinne Moraes) – reis de Seráfia -, foram atacados e ela, antes de morrer em um acidente, deixou a filha com moradores do sertão nordestino. Açucena (Bianca Bin), jovem apaixonada por Jesuíno (Cauã Reymond), cresceu na cidade de Brogodó sem saber de suas origens, até que seu pai biológico descobre que a filha não estava morta e vai procurá-la em solo brasileiro. Doralice (Nathalia Dill), filha do prefeito de Brogodó, retorna formada em Direito, dona de uma personalidade forte e muito segura de si. Ela defende que mulheres não devem apenas ser vinculadas às tarefas da casa. Assim, ela não aceita ser subestimada por homens e rompe com os estereótipos de delicadeza e sensibilidade comumente associados a mulheres.
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Por Camille Magri Garabosky – Fala! Cásper