Em meio a uma sociedade que não aceita mais o machismo, muitos homens têm questionado qual o seu papel na sociedade contemporânea
Vivemos uma era de desconstrução de padrões de comportamentos que, por séculos, assombraram a história da humanidade. Com o aumento da emancipação feminina, os homens se veem na necessidade de refletir sobre si mesmos e repensar os papéis na sociedade.
Segundo o Psicólogo Nilton Campos, que atua com a Teoria Cognitiva comportamental para o tratamento de ansiedade: “enquanto houver essa divisão entre masculino e feminino, o foco nunca vai estar no ser humano. Acho que toda sociedade precisa evoluir na questão de pensamentos, reconhecendo que todos nós merecemos os mesmos direitos e deveres.”.
O que é ser homem
Por muito tempo, em razão do machismo vigente, os homens eram impedidos de demonstrar aflições, o que acarretou em inúmeras gerações de homens confrontados ao terem que lidar com as emoções. Em um levantamento do Ibope Conecta, constatou que a depressão e o suicídio ainda é um tabu para grande parte dos homens brasileiros.
De acordo com o Nilton Campos, existe uma regra presente no universo masculino de que “sentimentos devem ser evitados”, o que vai de contrapartida às recomendações clínicas, uma vez que o método mais eficaz para tratar transtornos psicológicos é através da fala.
Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde, a OMS, homens representam 76% do índice de suicídio no Brasil. O que evidencia o fato do machismo e da masculinidade tóxica não serem só prejudiciais às mulheres, mas também aos homens. Sobre isso, o psicólogo comenta: “Existe uma crença social de que o homem deve ser autossuficiente e isso faz a gente [homens] se afastar do pedido de ajuda.”.
Outro ponto a ser debatido, é como masculinidade tóxica afeta também a relação dos homens com outros homens. Uma pesquisa realizada pela ONU Mulheres e o portal PapodeHomem constatou que 56,6% dos homens gostaria de ter uma relação mais próxima com os amigos, expressando mais afeto. Campos explica que, em parte, isso se deve a uma questão cultural, já que desde a infância os homens são ensinados a serem mais racionais.
Homens não precisam ser fortes o tempo todo, nem provar nada. Eles podem, sim, chorar e demonstrar sentimentos. Repensar a masculinidade tóxica é uma transformação necessária para evoluirmos como sociedade. Questionar os papéis de gênero vigentes não é uma tentativa de extinguir a masculinidade, mas sim, garantir que todos os homens a experimentem de forma saudável.
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Por Juan Lisboa – Fala! UFU