A nova releitura da famosa e macabra história chegou nos cinemas brasileiros no dia 20 de fevereiro e causou divisão na opinião da crítica
Pode-se dizer que todo mundo conhece essa história dos irmãos Grimm, duas crianças abandonadas pelos pais na floresta encontram sua salvação em uma casa feita de doces e uma velhinha amável e, pouco depois, descobrem que ela é uma bruxa, que estava por engordando João para comê-lo. Depois de tantas adaptações cinematográficas feitas, Maria e João: O Conto das Bruxas seria apenas mais uma, certo?
Como o próprio título já indica, Maria é o verdadeiro destaque da vez. Interpretada pela atriz Sophia Lillis (It – A Coisa, I’m Not Okay With This), a personagem começa narrando seu ponto de vista, após a assustadora introdução.
Em um vilarejo assolado pela fome, a cena começa com a protagonista se arrumando para uma entrevista de emprego na casa de um idoso nobre e é a primeira cena que põe à prova as provações de ser mulher, e em uma posição socialmente inferior, em que o nobre faz uma pergunta indiscreta.
Maria recusa-se a submeter-se ao homem e volta para casa desempregada para o descontentamento da mãe. Sem como alimentar os filhos, em um diálogo assustador, a matriarca manda os filhos embora, orientando a filha a procurar um lugar onde pudessem viver menos miseravelmente.
Coisas estranhas acontecem até eles chegarem na casa de Holda, a bruxa, que não é feita de doces nesta versão. Sua aparência assustadora não passa despercebida pela jovem, mas a fome de ambos irmãos fala mais alto que o bom senso e, logo quando espiam pela janela, vêem um banquete como se estivesse à espera deles, então cedendo à tentação.
As crianças ficam com a bruxa e, enquanto João ajuda em pequenas tarefas externas – que ele não consegue cumprir -, Holda vai se aproximando de Maria de maneira mais sutil, com a promessa de despertar o poder que a jovem possui.
Com 63% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme agrada por um lado e decepciona por outro. As cores escolhidas ajudam a dar o toque sombrio à obra e trilha sonora, ainda que, às vezes, soe um pouco psicodélica, de certa forma, combina com a película.
É a estética, além dos elementos gráficos, que chamam a atenção da crítica, em que tudo é bem arquitetado para o momento e visualmente agradável. Um folk horror, de fato, pelos elementos que compõem o subgênero, como a floresta sombria, o isolamento dos personagens, o medo do desconhecido, seres misteriosos e pessoas com poderes ocultos.
Mas, se por um lado a estética é admirável, o roteiro já não agrada tanto. É uma narrativa que parece prometer muito, mas, no final, não impressiona. E o que se pode levar em consideração de bom é a desconstrução da imagem da irmã como amorosa e zelosa – é inegável o amor que Maria tem pelo irmão, mas é uma garota que está desabrochando para a vida adulta, que quer ter sua própria vida e independência e sabe que, para sua emancipação, não pode criar João.
E, principalmente, a mensagem por trás sobre feminismo e a injustiça à qual as mulheres são submetidas. É sobre sair do comodismo, de arriscar algo novo, e melhor do que aceitar o destino medíocre.
O filme ainda encontra-se nos cinemas. Confira o trailer abaixo:
Ficha Técnica:
- Título: Maria e João: O Conto das Bruxas (Original: Gretel and Hansel)
- Direção: Oz Perkins
- Elenco: Sophia Lillis, Alice Krige, Sammy Leakey
- Ano de produção: 2020
- Duração: 87 minutos
- Gênero: Fantasia, Thriller, Terror
- Roteiro: Rob Hayes
- Cor: Colorida
- Origem: EUA
- Classificação: 14 anos
- Produção: Fred Berger, Brian Kavanaugh-Jones
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Por Giovanna Floriano – Fala! Anhembi