Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor. Companheira me ajuda, que eu não posso andar só.
Cerca de 2000 manifestantes se reuniram na quinta-feira (12), em São Paulo, para realizar a segunda manifestação contra o atual presidente da câmara, Eduardo Cunha, um dos autores do projeto de lei PL 5069, que dificulta o aborto legal em caso de estupro.
O projeto prevê que uma vítima de abuso sexual ou estupro terá que realizar um boletim de ocorrência e fazer um exame de corpo de delito para, só então, ser atendida em uma unidade de saúde. O texto também modifica o tipo de atendimento que essa vítima receberá no hospital, vetando, por exemplo, que ela receba orientações sobre aborto legal – no país, somente em casos de estupro, de risco para a mãe ou/e para fetos anencéfalos. Além disso, a vítima só poderá receber medicamentos que não forem abortivos, no entanto, como o texto não define o que é abortivo, fica a critério do médico julgar se a pílula do dia seguinte se enquadra ou não nessa restrição.
A concentração para a manifestação se iniciou às 17h00 no vão do MASP na Avenida Paulista. Lá se reuniram coletivos feministas para fazer seus cartazes de protesto; manifestantes de ambos os sexos; mães com seus bebês e alguns representantes de partidos políticos. Antes dos manifestantes assumirem as ruas, rodas de batuque ensaiavam suas músicas e gritos de guerra contra Cunha. A polícia acompanhou o evento do começo ao fim.

Às 18h40 a Avenida Paulista, sentido Consolação, foi tomada. Com coletivos feministas negros à frente do protesto, os manifestantes (em sua maioria, mulheres) protestavam com faixas, cartazes e gritos de guerra a favor da liberdade das mulheres sobre seu próprio corpo, contra o machismo, a homofobia e o racismo.



Por volta das 20h as ruas da Consolação foram ocupadas e as manifestantes seguiram em marcha por seus direitos. Na altura da Rua Maceió um grupo decidiu seguir a passeata para outro curso, mas a grande maioria permaneceu em direção ao centro. Em frente à faculdade Mackenzie, os manifestantes sentaram no chão e as mulheres que lideravam o movimento fizeram jogral (repetir frases) a respeito da pichação racista, “Lugar de negro não é no Mackenzie, é no presídio” no banheiro masculino da faculdade, repudiando o ocorrido. Também foi interpretado por um grupo de mulheres o aborto que arrepiou quem estava na manifestação.
Em frente à Secretaria da Educação do Estado, na República, novamente o grupo se sentou, desta vez em protesto à reorganização de escolas no estado e a favor a inclusão de questão de gênero na grade curricular das escolas. Com quase 4 horas de caminhada, a manifestação se encerrou no Largo do Paissandu por volta das 22h00.









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