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Violência contra a mulher aumentou, mas procura por ajuda diminuiu

Pesquisa no Instagram revela que apenas 17% das mulheres buscam ajuda em casos de violência

A violência contra a integridade e a dignidade humana das mulheres é mais presente do que se imagina. Infelizmente, ela afeta mulheres de todas as classes sociais, etnias e regiões, sendo entendida não mais como um assunto de cunho privado da vítima, mas como um fator de responsabilidade social como um todo.

14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra um aumento de casos de violência contra a mulher durante as medidas de isolamento, sendo ele de 1,9% em feminicídio e 3,8% em chamadas no 190. As denúncias na delegacia de crimes contra a mulher caíram 9,9%.

Violência contra a mulher aumenta

Os números relacionados à violência contra mulher no Brasil são alarmantes, apesar de termos como conquista a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) uma das três leis mais avançadas de enfrentamento à violência contra mulher. Ela define e tipifica as formas de violência, além de também prever a criação de serviços, sendo um deles a Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, composta de assistência social, saúde e justiça.

Em Manaus, a delegada Débora Mafra, titular da Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM), destaca que as primeiras ações realizadas para dar apoio à vítima é deixá-la à vontade para contar o fato e, em seguida, protocolar a denúncia. “Registramos o boletim de ocorrência, verificamos se há necessidade de perícia ou exame de corpo de delito e caso a vítima queira, oferecemos possibilidade de medidas protetivas de urgência”. 

Assim como são realizadas denúncias, a delegada conta que também é frequente a retirada das queixas de agressões, tendo como justificativa o medo de serem atacadas novamente. “A maioria desiste por puro medo, nós mostramos então as estatísticas sobre mulheres que não denunciam ou desistem e acabam sendo vítimas de feminicídio para conscientizá-las. Por fim, encaminhamos a vítima para apoio psicológico”. O acompanhamento é feito pelo Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (SAPEM) e a Ronda Maria, da Polícia Militar, prestam apoio assistencial e psicológico à mulher.

Em pesquisa realizada na rede social Instagram, 62% afirma que o parceiro tentava controlar sua vida pessoal, além de afastá-las de seus familiares e amigos. Sobre redes sociais e mensagens no celular, 56% das mulheres entrevistadas responderam que o agressor fiscalizava constantemente seus celulares. Interrogadas sobre violência física e verbal, 37% responderam ser vítima de violência física, enquanto os outros 63% sofreram violência verbal. Foi constatado que apenas 17% dessas mulheres buscaram ajuda.

Violência contra a mulher
Pesquisa sobre violência contra a mulher. | Infográfico: Lohany Lopes.

O tratamento

O tratamento psicológico para as vítimas, além de ser um passo fundamental, ajuda a ter de volta a chance de sua saúde mental recuperada, porém, novamente, lidamos com casos de mulheres que não finalizam o tratamento, é o que diz a psicóloga clínica Luciene Mattos, que trabalhou dando consultas no Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher (CREAM).

Muitas interrompem o tratamento na metade. Normalmente o agressor tem ataques de fúria e pratica a violência, mas logo em seguida procuram harmonizar o ambiente, é exatamente nessa hora que a vítima abandona a ajuda.

Em muitos casos, a violência ocorre dentro do lar, sendo praticada diariamente por pessoas próximas, como companheiros ou cônjuges, podendo ser de maneira física, psicológica ou verbal. O lugar que deveria ser seio de afeto, acaba se tornando espaço para protagonizar cenas cruéis. Se você passa ou conhece alguém que passe por essas situações, não tenha medo, denuncie!

Violência
Ligue 180 para denunciar casos de violência. | Arte: Lohany Lopes.

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Por Lohany Lopes – Fala! Centro Universitário Fametro – AM

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