Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, o futebol brasileiro conquistou sua segunda medalha de ouro, ao todo, são sete medalhas olímpicas para a modalidade. A seleção venceu com um gol na prorrogação após empate em 1×1 no tempo normal. Confira o retrospecto e análise do desempenho dessa conquista, marcada por reedições das últimas duas finais olímpicas.
Primeira Fase do futebol nas Olimpíadas
O Brasil fez parte do grupo D, junto com Costa do Marfim, Alemanha e Arábia Saudita. A reedição da final de 2016 foi a estreia da seleção. No primeiro tempo, o Brasil criou diversas chances, Richarlison foi fatal e, com 30 minutos, já tinha marcado três gols. Nos acréscimos da primeira etapa, Matheus Cunha ainda desperdiçou um pênalti. Amiri diminuiu para os alemães ao 55 minutos, que não mantiveram o volume de jogo com a expulsão do capitão Arnold. Aos 82, ensaiaram uma nova reação com Ache, não o bastante para abalar o Brasil, que ampliou o placar nos acréscimos, com um bonito gol de Paulinho.
A boa atuação da estreia não se repetiu contra a Costa do Marfim, em um jogo muito mais físico, faltoso e com poucas chances de gol. O volante Douglas Luiz foi expulso logo aos 13 minutos do primeiro tempo. Com dez jogadores, a seleção priorizou a defesa e investiu nos contra-ataques. Estratégia que surtiu efeito no segundo tempo, quando o volante marfinense Eboue Kouassi foi expulso. Os brasileiros dominaram o restante do jogo, mas não converteram as oportunidades criadas em gol, mantendo o zero no placar.
No último jogo da fase de grupos, o Brasil enfrentou a Arábia Saudita. Matheus Cunha abriu o placar para o Brasil e encerrou seu jejum de gols nas Olimpíadas. A seleção manteve o domínio do jogo, mas foi o zagueiro Al Amri, que em rara chance saudita, marcou. O Brasil continuou pressionando o adversário e, sem sucesso, foi para o vestiário com o jogo empatado. A partida continuou com o mesmo cenário no segundo tempo, foi só aos 75 minutos que, de cabeça, Richarlison colocou o Brasil novamente à frente do placar. Sem sustos, a seleção administrou o resultado e nos acréscimos ampliou com Richarlison, mais uma vez, garantindo a invencibilidade e liderança do grupo.
Mata-mata
Nas quartas de final, o Brasil encarou a seleção egípcia, que não ofereceu resistência, nem perigo à superioridade técnica brasileira. Porém, novamente, essa superioridade não se transformou em gols, Matheus Cunha marcou para o Brasil em boa jogada coletiva, aos 36 minutos do primeiro tempo, e foi só. O restante do jogo foi marcado por um Brasil que atacava a todo momento e um Egito defensivo.
A semifinal promoveu o encontro com um velho conhecido da seleção, o México, que em 2012, conquistou o ouro em cima do Brasil de Neymar, Hulk, Marcelo e companhia. Como de costume, o jogo foi difícil e de poucas chances claras, com os brasileiros sendo responsáveis pela maioria. O zero a zero persistiu durante o tempo regulamentar e prorrogação, levando a decisão para os pênaltis. Dani Alves, Martinelli, B. Guimarães e Reinier converteram as quatro primeiras cobranças, a quinta não foi necessária, uma vez que os mexicanos acertaram apenas uma das três que bateram. Destaque para o goleiro Santos, que defendeu uma delas.
Final do futebol nas Olimpíadas
O ouro veio após uma difícil e equilibrada final contra a Espanha, que tinha seis jogadores pertencentes ao elenco que disputou a Eurocopa em julho. Aos 33 minutos, em cruzamento na área dos espanhóis, Matheus Cunha se chocou com o goleiro Unai Simón, após revisão do VAR, o árbitro marcou a penalidade. Richarlison, o cobrador oficial do elenco, chutou por cima da meta. Ainda assim, o Brasil conseguiu manter o equilíbrio do jogo e, nos acréscimo da primeira etapa, Matheus Cunha abriu o placar, após Daniel Alves salvar uma bola que parecia perdida.
Os brasileiros voltaram melhor do intervalo e criaram algumas chances, mas foram os espanhóis que marcaram, com Oyarzabal completando o cruzamento de Soler. O gol reascendeu o ânimo dos espanhóis, que ainda acertaram duas bolas no travessão antes do fim do segundo tempo. Com a persistência do empate, o jogo foi para a prorrogação. Aos 107 minutos, Anthony puxou o contra-ataque e, com um lançamento preciso, acionou Malcom, que ganhou do zagueiro Vallejo e marcou o gol que deu a vitória e o bicampeonato olímpico para o Brasil.
Destaques
Richarlison foi o principal jogador da seleção no torneio, mesmo com as atuações apagadas nas fases eliminatórias, foi o artilheiro da competição, com cinco gols, e fundamental na fase de grupos. O ponta Anthony também foi muito importante para a campanha, pois manteve atuações regulares, sempre oferecendo perigo às defesas adversárias. Outro canhoto regular na competição foi Guilherme Arana, com jogos seguros defensivamente e aproveitando bem seu forte jogo ofensivo.
Após passar dois jogos em branco e perder um pênalti, Matheus Cunha encontrou seu melhor futebol e marcou gols importantes nas quartas e final. O veterano e capitão Daniel Alves teve o papel de líder do grupo, guiando as jovens promessas ao lugar mais alto do pódio, o que lhe rendeu o 42º título da carreira.
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Por Eduardo Fabrício Ferreira – Fala! ESPM-SP