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Sem Frank Williams, a Fórmula 1 não seria mesma

Frank Williams deixa um legado de talento e paixão pelo automobilismo, sendo o último dono de uma equipe de garagem na Fórmula 1

Frank Williams trabalhando em um carro de corrida.
Frank Williams trabalhando em um carro de corrida. | Foto: Reprodução/Turboway.

No último domingo (28), a Fórmula 1 e o mundo do automobilismo se despediram de uma de suas maiores lendas: Sir Frank Williams. O fundador e chefe de equipe por 45 anos da Williams Racing foi o último a manter viva a lenda das equipes de garagem na Fórmula 1, e está eternizado na categoria como um dos nomes que transformaram o esporte e ajudaram a moldar o que ele se tornou hoje.

A história de Sir Frank Williams 

Francis Owen Garbett Williams nasceu no dia 16 de abril de 1942, na cidade de South Shields, Inglaterra. A paixão de Williams pela velocidade começou no final da década de 50, quando no alto de sua juventude, foi dar uma volta com um amigo em seu Jaguar XK150. Naquele exato momento, carros rápidos se tornaram a grande obsessão de Frank pelo resto de sua vida.

Começou no automobilismo como piloto e mecânico, mas logo viu que o seu grande talento não estava exatamente atrás do volante ou com as ferramentas em mãos. Em 1966, criou a Frank Williams Racing Cars, enquanto atuava como vendedor ambulante. No início, a equipe de Williams abrangia a Fórmula 2 e Fórmula 3, e um piloto que passou pelo seus carros foi Piers Courage, piloto inglês que faleceu precocemente em um acidente em Zandvoort, na Holanda.

Williams em seu começo no automobilismo.
Williams em seu começo no automobilismo. | Foto: Reprodução/Autobala.com.

Entrou para a F1 após alguns anos chefiando a equipe nas categorias de acesso, quando comprou um chassi da Brabham Fórmula 1. Courage foi seu piloto no primeiro ano, em 1969, e conseguiu alguns bons resultados para uma equipe e piloto estreante, terminando duas vezes em segundo lugar.

No ano seguinte, formou uma parceria com Alejandro de Tomaso, mas a mesma foi desfeita após a morte de Piers Courage no Grande Prêmio da Holanda de 1970. Em 71, seu piloto foi Henri Pescarolo, o qual correu com um chassi comprado da March Engineering, até que em 1972, a equipe de Frank Williams construiu o seu primeiro carro na Fórmula 1. O Politoys FX3 foi desenhado por Len Bailey, e destruído por Pescarolo na primeira corrida.

Após anos sofrendo com a falta de dinheiro, Williams buscou algumas parcerias que não deram certo, até que sua equipe foi comprada pelo magnata canadense do petróleo, Walter Wolf. Em 1977 deixou a equipe junto de um de seus engenheiros e juntos compraram um galpão vazio, anunciando o surgimento da Williams Grand Prix Engineering, a qual no futuro se tornaria a lendária Williams Racing.

Em apenas dois anos, a primeira vitória da Williams veio com Clay Regazzoni em Silverstone. Em 1980, um ano depois, a equipe conquistou o seu primeiro título de pilotos e de construtores, com o australiano Alan Jones dentro do cockpit campeão. 

Assim se iniciava a ascensão da Williams, comandada por Frank, nas décadas de 80 e 90, quando a equipe venceu 6 títulos do Campeonato de Pilotos e 8 do Campeonato de Construtores, somando um total de 114 vitórias na Fórmula 1 no período. Foi em 1992 que a Williams projetou um dos carros mais revolucionários da história, com a icônica suspensão ativa do FW14 dirigido por Nigel Mansell, o qual viria a ser o campeão, e Riccardo Patrese.

O carro com suspensão ativa da equipe em 1992.
O carro com suspensão ativa da equipe em 1992. | Foto: Reprodução/Canal da Peça.

Porém, o automobilismo não se faz apenas de vitórias e alegrias, foi em um carro da Williams em 1994, que Ayrton Senna veio a falecer em seu acidente em Ímola. Desde então, todos os carros do time inglês prestam uma homenagem ao eterno ídolo brasileiro com a sua logo em algum lugar do chassi, carregando para sempre o seu legado, mesmo que em forma de uma singela homenagem.

Frank Williams e Ayrton Senna.
Frank Williams e Ayrton Senna. | Foto: Reprodução/Jornal A Hora.

Após a virada do milênio, a Williams não foi mais a mesma equipe acostumada a vencer campeonatos de pilotos e de construtores, tendo como o seu último campeão mundial o canadense Jacques Villeneuve, em 1997. Foram alguns anos perdendo no quesito financeiro, técnico e pessoal para os rivais que agora eram comandados por conglomerados multimilionários e disponibilizavam às equipes os melhores engenheiros com o que melhor havia da tecnologia.

A última equipe de garagem resistia, apesar das dificuldades, mas em 2012 chegava a hora de Frank Williams descansar e se afastar da chefia da equipe pela primeira vez desde que entrou para o mundo do automobilismo. Quem assumia o comando da Williams era sua filha, Claire. Sofrendo com a falta de dinheiro e investimento, a equipe decaiu ainda mais na década passada, se tornando uma das piores do Grid em ano sim, e ano também.

Até que no ano passado, a Williams Racing finalmente acabou cedendo aos novos tempos e foi decretada o fim da última equipe de garagem da categoria. Em setembro, foi vendida para a companhia de investimentos americana Dorielton Capital. O nome da Williams, cores e logo seguirão com a equipe mesmo após a venda, mas a partir daquele momento, era a única ligação de Frank com o time que foi o trabalho de uma vida.

Pouco mais de um ano depois de se afastar totalmente e definitivamente daquilo que mais amava, Sir Frank Williams faleceu no dia 28 de novembro de 2021. Agora, este lendário personagem se junta a nomes como Enzo Ferrari e Bruce McLaren, no verdadeiro panteão da categoria. Estes três nomes moldaram o que a Fórmula 1 se tornou, os quais serão eternamente lembrados e saudados pelas suas contribuições para o mundo do automobilismo, que como um todo, perde um pouco de seu brilho com a partida de Frank Williams.

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Por Filipe Saochuk – Fala! PUC-SP

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