Rua do Medo: 1978, segundo filme da nova trilogia de terror da Netflix, é repleto de cenas sanguinárias, referências nostálgicas, relacionamentos dramáticos e de clichês de gênero. A trama volta 16 anos antes de Rua do Medo: 1994 para, finalmente, contar sobre o massacre que ocorreu no acampamento Nightwing e, também, para relevar a história de C. Berman, uma das sobreviventes.
Assim, o enredo foca na relação de duas irmãs, Cindy e Ziggy Berman, que é repleta de conflitos e de desentendimentos, visto que Cindy é monitora do acampamento e bastante aplicada, enquanto Ziggy tem um comportamento rebelde e sofre bullying por colegas da cidade vizinha: a pacata Sunnyvale.
No entanto, na cidade de Shadyside, a maldição da bruxa Sarah Fier, já vista no filme anterior, possui mais um jovem inocente para cometer crimes em série, que inclusive, dessa vez, é o namorado de Cindy.
Rua do Medo: 1978 – confira a crítica
O destaque para a violência
A violência, sem dúvidas, se tornou mais marcante nessa sequência, mesmo que, em alguns casos, ela tenha sido implícita, considerando que a diretora Leigh Janiak optou por não mostrar o ato em si em cenas de mortes de crianças.
De qualquer forma, a predominância do gore na obra ressaltou a referência ao famoso terror dos anos 80, o que trouxe uma nostalgia e, ao mesmo tempo, combinou bastante com a estética vintage.
Referências nostálgicas
Em Sexta-Feira 13, Jason Voorhees caça suas vítimas em um acampamento de Crystal Lake, já em Rua do Medo: 1978, quem toma esse posto é Thomas Slater, mas o local, dessa vez, é Shadyside.
A inspiração fica bem nítida logo de início, dado o cenário em que se passa toda a trama e o assassino à solta conforme o suspense avança. Portanto, as músicas (como Carry on Wayward Son e muitas outras da época tocadas no longa), as roupas usadas pelos personagens e o conceito escolhido para dar identidade ao filme trazem, por completo, uma grande harmonia para introduzir o verdadeiro terror da narrativa.
A essência do filme
A parte emocionante do thriller se concentra nas duas irmãs, já que o amor entre elas se transparece ao mesmo tempo em que o suspense começa a ficar mais interessante. Esse fator, com certeza, é um grande diferencial em relação à Rua do Medo: 1994, uma vez que nele as coisas acontecem mais rápido e sem um lado emocional tão nítido quanto em sua sequência.
Por isso, há um equilíbrio bem coerente entre o drama e o terror, o que, visivelmente, deixa o enredo mais humano e menos cansativo, proporcionando uma experiência mais sentimental além dos sustos.
Clichês de gênero
Como na maioria dos slashers, os personagens coadjuvantes não possuem uma personalidade interessante e apenas estão presentes para serem possíveis vítimas de assassinato. Consequentemente, esse fator não é diferente nessa obra, mas, por outro lado, a personalidade de Cindy e Ziggy tomam a atenção e, mesmo não compensando os outros personagens, conseguem ganhar a cena.
Há também as previsíveis ações dos jovens que estão sem supervisão dos pais, o famoso “Sexo, drogas, e rock ‘n’ roll” (não ironicamente), o que deixa a ambientação menos tensa antes de chegar a hora certa para isso. Ou seja, mesmo já sendo previsível, não é de todo mal, já que o mistério e o terror se sobrepõem e chamam mais atenção do espectador.
Em contraponto, o filme dá maior destaque à comunidade LGBTQ+ e negra, o que, dificilmente, é visto em slashers antigos. Isso, por si só, é um grande avanço que, felizmente, inova esse gênero.
Vale a pena assistir à Rua do Medo: 1978?
Rua do Medo: 1978 é muito mais sombrio que o seu antecessor, apresenta tudo sem filtro e de forma mais explícita. Embora tenha um roteiro e elementos minimamente calculados desde o início, a obra consegue ser muito divertida e atrativa, diante de que Janiak tem a intenção, desde o começo, de despertar a curiosidade do público e, por esse motivo, não deixa nada evidente tão cedo.
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Por Giovanna Pavan – Fala! Anhembi