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‘Ragnarok’ – leia a crítica da série de drama da Netflix

Depois de meses de espera dos fãs, finalmente a segunda temporada de Ragnarok estreou. E preciso dizer: não foi bem o que esperava

Talvez deva começar confessando que meus motivos para assistir à série, no início, não foram tão genuínos. Quando a primeira temporada foi lançada na Netflix, como boa fã de Skam, norueguês, estava mais lá pelo ator Herman Tømmeraas – que interpreta o Fjor, um dos gigantes em Ragnarok – do que por qualquer outra razão.

Mas, apesar disso, em poucos minutos de episódio, a série em si me ganhou. Devo ter assistido umas três vezes à primeira temporada e, quando a segunda lançou, assisti a todos os episódios em uma noite. E foi aí que a decepção começou.

Ragnarok
Leia a crítica da série de drama da Netflix. | Foto: Reprodução.

Crítica da segunda temporada de Ragnarok

Sinceramente falando, toda a série poderia ser muito bem condensada em uma temporada só. Mas, apesar disso, levando em conta que talvez tivesse sido uma decisão para poder levar em conta a aceitação do público antes, ainda acho a segunda temporada uma extensão da primeira. Não uma continuação, algo mais como uma primeira temporada parte dois.

Você espera a todo momento por uma grande luta na segunda temporada de Ragnarok, por deuses e magias, mas apenas recebe um migalhas desse universo. E tudo é tão morno, sem emoção e, durante todos os episódios, tudo parece girar em uma grande busca por si mesmo. E não só de Magne, mas de grande parte dos personagens.

Personagens

Gostaria de começar por Laurits – ou o Loki, se preferir -, porém o que dizer do deus da mentira que não sabe mentir? Para quem já conhecia a mitologia, descobrir que ele era metade deus e metade gigante não foi um choque – e nem que Vidar era seu pai, já que no primeiro encontro deles na série, sua mãe já se mostra com um passado com o gigante – mas o problema é que os poderes foram extremamente mal trabalhados. O garoto mais parece uma bolinha de pingue-pongue voando entre os dois lados pelo irmão e pelo pai do que qualquer outra coisa. É triste ver o garoto apenas querer se conectar a alguém de verdade e só ser usado por todos. Honestamente, fica cada vez mais fácil não ter um lado e apenas querer que Loki os mate.

Mas seguindo em frente, vamos para o personagem principal da série, Magne. Para começar, ele é extremamente chato. Em uma série sobre a mitologia nórdica, fica difícil continuar quando Thor, deus principal dessa narrativa, é absurdamente cansativo. Quero dizer, ser politicamente correto é extremamente necessário e não quero desvalorizar a questão, contudo, entrar em uma guerra e não querer matar é simplesmente burrice. Magne é, para mim, nada mais do que uma criança birrenta querendo viver em um mundo de adultos.

O que nos leva a um ponto que deveria ser extremamente importante na série, mas que foi ridiculamente executado. Decidiram – o que, em si faz sentido, mas não do modo apresentado – matar um personagem extremamente importante, o Vidar, em uma briguinha, dentro de casa, por um simples mal entendido e infantilidade de Magne em relação ao irmão. Reconheço a necessidade disso na trama, no entanto, acho que deveria ter, ao menos, uma morte digna.

É tudo tão chato da parte dos heróis que me fez torcer, em quase noventa por cento da série, pelos gigantes. Bom, isso só até pegarem meu personagem favorito e o transformarem em um machista misógino. Como já dito, Vidar morre e, com isso, toda a marra que Fjor tinha ao abandonar sua família para ficar com a sua namorada some em um poço de ódio.

Fjor era um dos meus personagens favoritos, com um arco de desenvolvimento muito bom até os roteiristas decidirem jogá-lo ao ar, apagar qualquer traço bom dele e o tornarem o vilão que ele deveria ser desde o começo. Isso quer dizer que, apesar do meu descontentamento com o personagem, pelo menos o seu lado é compreensível. Deixando a romantização de lado, os gigantes são os vilões da série. Ele não é mesmo humano e sua maldade é esperada.

Mas, mesmo assim, digam o que quiserem, falem o que for: o fato de serem gigantes de centenas de anos não é permissão para reforçarem em uma série que um papel de poder em uma empresa, deva ser do homem. Fizeram um escândalo todo sobre o personagem principal não querer matar, mas validaram uma discurso sobre ser o filho homem a herdar a companhia mesmo com Saxa, irmã de Fjor, sendo milhões de vezes mais competente. Eu realmente esperava pela mulher no poder e acabei com uma cópia menos inteligente do pai deles no comando.

Apesar dos pesares, e ignorando todas as minhas irritações, a segunda temporada de Ragnarok não é uma perda total. Como eu já disse, é mais uma extensão da primeira do que qualquer outra coisa. Então, assista, é um bom passatempo. Mas não espere por algo extraordinário porque não será. Assim, resta esperar agora que a terceira temporada nos dê algo que compense, que faça valer a pena continuar acompanhando a histórias deles, porque a série tem tudo para ser simplesmente incrível.

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Por Camila Raad – Fala! Mack

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