Vindas do Jardim Peri, periferia da Zona Norte paulistana, as gemêas ganharam espaço “trampando” principalmente com moda e música. Filhas de mãe brasileira e pai nigeriano, Tasha e Tracie, as Pretas Alfas, possuem fortes referências negras e periféricas que as inspiram para continuar levando seu trabalho para fora.
A trajetória de Tasha e Tracie
As duas iniciaram com um blog de moda, o Expensive Shit, e usavam a internet dos amigos para publicarem sobre seu estilo.
Como seus pais não tinham condições para comprar o que as jovens desejavam, desde cedo elas garimparam em brechós e customizaram suas próprias peças de roupas, tornando-as conhecidas pela estética que usavam.
Em 2015, foram as primeiras brasileiras a saírem no Afropunk, maior festival de pessoas pretas do mundo, de origem norte-americana, que tem como objetivo disseminar a potência política, musical e poética dos negros.
A moda nos deu recursos financeiros e visibilidade.
diz Tasha.
A música das rappers
Em suas letras, carregam falas sobre empoderamento, conquista, autoestima etc. Elas revelam que trabalham para ser a “influência” que não tiveram na adolescência. A falta de representatividade nessa época faz com que hoje as duas levem a cultura preta em suas canções, incentivando sempre a autoaceitação, principalmente das meninas.
Tudo acaba sendo político quando é uma pessoa marginalizada fazendo, mas a diferença é que estamos sobrecarregadas com tudo que tem acontecido no mundo e por isso a gente se propôs a colocar nosso momento numa proposta mais divertida.
comenta Tracie sobre o EP “Diretoria”, lançado em 2021, com 6 faixas, produzido por Mu540, Devasto, Pizzol, CESRV, com direção artística de DonCesão.
Com apenas 26 anos, a dupla domina a playlist das jovens, algumas de suas músicas ganharam popularidade por terem sido usadas em trends do TikTok, é o caso de “Tang” e recentemente “Willy”.
Com muita autenticidade e empoderamento, as gemêas Tasha e Tracie estão conquistando aos poucos o mercado, sempre buscando que seus ouvintes se conectem com sua ancestralidade e reconheçam sua cor e a história que ela carrega.
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Por Bianca Helena Rebernisek Fernandes – Fala! São Judas