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Quase demissão de Mandetta escancara cenário político frágil para combater a Covid-19

Na última segunda-feira (06), o Presidente da República Jair Bolsonaro ameaçou demitir o ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, porém depois de reunião com todos os ministros, incluindo Mandetta, voltou atrás

    Não é a primeira vez que Bolsonaro volta atrás de uma decisão ou de uma fala nesta crise,como nos episódios sobre o uso da hidroxicloroquina, quando elogiou a produção do medicamento pelas forças armadas, além da revogação do art. 18 da MP 927 que permitia a suspensão de trabalho por quatro meses sem remuneração.

    Deixando de lado a noção de acertos e erros como resultados destas medidas ou mudança de discurso, a repentina mudança de posicionamento aponta insegurança do Presidente num momento que titubeações não são permitidas.

A principal divergência entre o presidente e o ministro da saúde é como tratam o novo Coronavírus. Enquanto o ministro o trata como adversário de guerra, o presidente trata até com certo deboche o Covid-19, chamando-o num pronunciamento de “gripezinha ou resfriadinho”.

    Quem dera que a única divergência fosse no discurso, os dois tem ideias diferentes sobre como conter a contaminação. Mandetta defende o isolamento social pleno, seguindo a orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e de diversos estudiosos infectologistas, já Bolsonaro defende o isolamento “vertical”, o qual apenas se isolam as pessoas dentro do grupo de risco, no caso idosos acima dos 60 anos e pessoas com doenças crônicas. O isolamento vertical defendido pelo presidente e seus apoiadores carece de embasamento científico.

    As diferenças e o desgaste causado pela crise fez com que o presidente no último domingo (05) dissesse em live no Facebook, sem citar o ministro da saúde, que “Não tem medo de usar a caneta para o bem do Brasil”.

Algumas pessoas no meu governo, algo subiu à cabeça deles, estão se achando… Eram pessoas normais, mas de repente viraram estrelas e falam pelos cotovelos, tem provocações, mas a hora deles não chegou ainda, vai chegar a hora deles. Porque a minha caneta funciona. Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor, e ela vai ser usada para o bem do Brasil. Não é para o meu bem. Nada pessoal meu.

Afirmou o presidente em Brasília

    Na segunda-feira aconteceu a novela da demissão ou não demissão de Mandetta, sem nem confirmar a notícia já ventilavam dois possíveis substitutos, a imunologista Nise Yamaguchi e o deputado federal Osmar Terra. O deputado tem discurso alinhado ao do presidente e já teve tweets restringidos por divulgar informações falsas sobre o isolamento social, além de ser conhecido pelos internautas como “Osmar Terra plana”. Já a imunologista era apoiada pela ala militar e defende o uso da hidroxicloroquina.     

Após o caos sobre a incerteza quanto à permanência de Mandetta, Bolsonaro optou por mantê-lo para evitar a perda de apoio do congresso, do Supremo Tribunal Federal e de alguns apoiadores.

    Apesar da mudança de planos ser boa para o país, esta crise política gera desconfiança em vários setores, principalmente na saúde, que é a mais latente no momento. A BOVESPA perdeu 4 pontos após o início das especulações da saída e Bolsonaro perdeu muito apoio nas esferas políticas.

    Cabe agora ao presidente acalmar os ânimos e comandar o Brasil no combate à pandemia, já que 56% da população é contra sua renúncia de acordo com o DATAFOLHA. Dar a liberdade para Mandetta comandar a saúde é essencial para o controle do contágio, paciência e confiança nas entidades de saúde mundiais e na ciência são necessárias neste momento de recessão.

    O novo Coronavírus passou de mais de 100 óbitos em 24 horas de terça-feira para quarta-feira (07 e 08), chegando a 800 mortes no total e cerca de 16.000 infectados até este momento. 

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Por Eduardo Reis – Fala! Cásper Líbero

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