Que a prática de esportes é excelente para o corpo, todos já sabem. Ele pode afinar sua cintura, melhorar seu condicionamento e o seu físico. Porém, esse não é o principal motivo pelas pessoas continuarem permanecerem ativas no cotidiano.
O que muitos não sabem é que, além da parte física, a prática de exercícios é uma das maneiras mais eficientes de melhorar a sua saúde mental. O exercício regular possui um impacto super positivo no tratamento para doenças como: depressão, ansiedade, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e muitos outros. Além disso, alivia o estresse, melhora a memória e o seu estado de humor e te ajuda a dormir melhor.
Por conta disso, as pessoas que se exercitam de forma regular tendem a continuá-lo por conta da enorme sensação de bem-estar, provocada pela produção de hormônios e neurotransmissores relacionadas com a prática. Elas se sentem mais dispostas, relaxadas e contentes ao longo do dia, sobre si mesmos e suas vidas. O fator físico e estético fica em segundo plano.
Quando possuímos um estilo de vida bastante sedentário, algum dos hormônios que influenciam no nosso humor e emoções podem ficar desregulados, como a serotonina, dopamina e a endorfina. Esse desequilíbrio pode gerar alguns tipos de transtornos mentais, como a depressão. Por conta disso, o próprio corpo manda sinais indicando que ele necessita de algum tipo de atividade física, para poder aliviar o mau humor, indisposição e o mal-estar.
A atividade física, que é diferente do exercício físico, pode ser todo e qualquer movimento corporal que fazemos durante o nosso dia a dia. Sentar, levantar, andar, carregar algum objeto, todas são ações que cabem nessa definição.
Então, você não precisa ser adepto dos exercícios físicos, que são aqueles planejados para garantir algum efeito em nosso corpo – emagrecimento, ganho de massa muscular e outros -, para poder movimentar-se egarantir a sua saúde mental. Atividades aeróbicas simples, como dançar, caminhar e pedalar já são suficientes para a criação de um estilo de vida mais saudável.
Estudos indicam que, para começar um hábito novo, nós demoramos cerca de 21 dias. Então, para começar a implantar essa nova rotina mais saudável, precisamos escolher primeiro uma atividade que nos seja prazerosa e que nos faça bem.
Comece escolhendo uma atividade física simples. Preferencialmente, algo que possa ser praticado dentro de casa e também em lugares como academias e praças públicas. Os primeiros dois ou três meses sempre são os mais sofridos para quem antes não possuía esse hábito, mas é importante sempre sair de sua zona de conforto para que a atividade possa ser trabalhada de forma eficaz, mas ao mesmo tempo sem se cobrar em excesso, até mesmo para evitar possíveis lesões e fadigas. Faça no seu tempo, sem nenhum tipo de pressões externas.
Após o período de adaptação, você notará diversas mudanças no seu condicionamento, e será mais fácil de manter essa rotina pelo resto da vida, que é a meta. Assim, conseguirá atingir o equilíbrio perfeito entre o cuidado do corpo e da mente.
Para dar mais dicas de como adotar esse novo e mais saudável estilo de vida, principalmente durante os dias de quarentena, entrevistamos o professor de educação física e gerente de esportes do Club Med Lake Paradise, Lucas Casiraghi Viesti.
Entrevista
Anna Casiraghi – Quais dicas você pode dar para quem está procurando adotar uma rotina de exercícios durante o período de quarentena que estamos vivendo?
Lucas Casiraghi Viesti – A rotina é montada de acordo com os horários das tarefas que você já tem programado para o dia. A pessoa que quer adotar uma rotina de exercícios durante a quarentena deve primeiro pensar em que período do dia se sente mais disposta. Algumas pessoas pela manhã, outros pela tarde, alguns pela noite.
Em seguida, colocar no papel a rotina de atividades diárias que você normalmente faz, como tarefas de casa, compras, estudos, trabalhos e outros. Feito isso, você terá alguns “gaps” de horário que poderão ser utilizados para os exercícios.
O treino não precisa ter a duração de 1h, pode ser 30-40 min, se o mesmo for constituído de exercícios intensos e claro com comprometimento consigo mesmo. Treinar em casa todos os dias é algo entediante até mesmo para professores, atletas ou qualquer praticante de atividades esportivas, por isso, o interessante é que o treino seja variado.
AC – Quais exercícios você sugere para os iniciantes, que possam ser feitos dentro de casa e em espaços mais limitados?
LCV – Para que você possa trabalhar seu corpo de forma harmoniosa, é importante realizar exercícios para todos os grupos musculares. Sabemos que não é fácil, muitas das vezes por falta de material em casa, mas pode-se improvisar para a grande maioria de exercícios.
Fica difícil explicar exercícios que podem ser fácil para realizar em casa, pois cada corpo é de uma maneira e cada pessoa responde de maneira completamente diferente. Isso significa que um exercício que pode ser fácil para um, não necessariamente vai ser fácil para outro. A melhor opção é sempre buscar por um profissional que possa te acompanhar e descrever o melhor exercício para o seu corpo.
Caso não haja a possibilidade de um acompanhamento e você seja uma pessoa iniciante e que deseja incluir os exercícios na sua rotina durante essa quarentena, uma boa recomendação são exercícios com o peso corporal, sem utilização de materiais, nada mais do que o próprio peso para exercer um trabalho muscular.
AC – Como os profissionais da área de educação física podem se reinventar durante esse período para continuar atuando e ajudando seus alunos?
LCV – Como qualquer área, a Educação Física fica obrigada a se renovar e reinventar. Antes da pandemia, já existiam os professores que trabalhavam com a consultoria on-line e que apenas continuaram. Outros conheceram o mundo digital para suas classes, seja de dança, musculação ou até mesmo a Ed. Fisica escolar tiveram que se adaptar.
Falando da Educação Física, mas, claro que se aplica em qualquer área, hoje, o diferencial de um profissional não é mais as aptidões técnicas, conhecimento ou pontualidade, isso nada mais é do que requisito para se tornar um professor. Hoje em dia, o diferencial passa a ser o quão próximo das pessoas e dos seus alunos esse professor está.
Paramos pra pensar que hoje qualquer pessoa tem acesso à uma aula de dança em qualquer site na internet de graça, a pergunta é por qual razão uma aluna pagaria pra ter uma aula comigo on-line se ela pode ter a mesma coisa por um vídeo no YouTube? Se a resposta do professor for o conhecimento e que sua aula é extremamente boa, esse professor está errado. Caso o diferencial desse professor seja a proximidade com os alunos mesmo que por um celular, com certeza, essa aula estará cheia de pagantes.
Pensamos por partes:
1- Pontualidade: Para fazer uma aula on-line o mínimo é ser pontual, caso contrário, no horário que me convém, eu posso abrir a internet e buscar a minha coreografia preferida para aprender.
2- Conhecimento: Ter conhecimento no assunto não é o suficiente, pois uma aula apenas pelo conhecimento do professor posso abrir a internet e ter uma aula de dança com o coreógrafo do Michael Jackson, no YouTube, sem pagar nada.
LCV – O que faz um professor diferente em uma aula on-line? Estar próximo mesmo estando longe. Se preocupar com cada pessoa que acompanha a sua aula mesmo que seja do outro lado da tela. Dizemos nesse período de evolução que “O mundo está HighTech, mas não se pode perder o HighTouch”.
Nunca se fez tão necessário o cuidado com a saúde mental, principalmente durante esse perturbado período de isolamento social pelo qual estamos passando, infestado de inseguranças, medos e nervosismo. Por isso, a prática dessas atividades pode acabar salvando e restaurando a sua saúde mental, para que você possa enfrentar de forma saudável todos os obstáculos que ainda estão por vir.
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Por Anna Casiraghi – Fala! Cásper