Se você está deprimido e tem pensamentos suicidas, ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV) por meio do número 188. As ligações são gratuitas para todo o Brasil
Nos últimos anos, problemas psicológicos estão sendo abordados pelas grandes mídias e debatidos constantemente em sociedade. A resposta mais fatal a esses problemas, o suicídio, se tornou assunto entra a população de diversos países, se tornando um problema de saúde pública.
As razões para a instabilidade emocional e psíquica são as mais variáveis possíveis, como problemas em relacionamentos, sejam amorosos ou não, crises financeiras e outros tipos de pressões sociais. Uma crise econômica nacional ou global, pode ser uma das motivações para a instabilidade emocional, e para a decisão de tirar a própria vida.
Essa relação entre crises econômicas e o aumento nas taxas de suicídio podem ser comprovadas historicamente. Um dos casos mais conhecidos de crise econômica é a Grande Depressão, conhecida também como Crise de 1929. Esse foi o primeiro grande colapso econômico sofrido pelos Estados Unidos. Com a quebra da Bolsa de Valores Americana, diversas pessoas foram afetadas, perdendo casas, empregos, empresas e até mesmo todo o dinheiro que possuíam. Durante esse período de crise, o número de suicídios cresceu entre homens acima de 40 anos e desempregados.
Porém, de acordo com os psicólogos norte americanos David Lester e Bijou Yang, autores de The economyand suicide – economic perspectives on suicide (Economia e suicídio – uma perspectiva econômica do suicídio), essa imagem do aumento do número de mortos devido à crise econômica não é totalmente verdadeira nesse caso. Eles afirmam que o número de suicídios cresceu no período devido ao aumento da contagem de suicídios pelos Estados americanos. Os números de suicídios durante esse período de crise foram um pouco maiores do que os números de suicídio de anos posteriores.
Mas Lester e Yang não descartam o aumento de mortes nesses tempos de crise, eles mostram que aspectos econômicos e sociais podem ter impacto na vida de determinados grupos, que se tornam mais suscetíveis ao comportamento suicida.
Esses estudos realizados por Lester e Yang foram comprovados durante a crise da dívida europeia, uma das maiores crises enfrentadas pela Europa na última década. A Grécia sofreu mais do que todos com os impactos financeiros do período. Apenas alguns meses após a grande crise, a taxa de suicídios subiu no país, chamado atenção da OMS (Organização Mundial da Saúde) para os números de mortes por suicídio.
Além disso, em todo o mundo era possível perceber o reflexo da crise mundial que surgiu, o número de casos de suicídio aumentaram em 4.900, sendo a maioria homens europeus, na faixa etária de 45 à 65 anos, além de jovens desempregados.
Esses casos provam que crises econômicas afetam, na maioria, homens mais velhos e jovens desempregados, que não possuem uma perspectiva de futuro econômico, além disso, estudos comprovam que homens evitam buscar ajuda psicológica, o que aumenta a taxa de suicídio nesse grupo.
Outros países do mundo sofrem com os altos índices de suicídio como, por exemplo, o Japão. O governo japonês percebeu um aumento no número de mortes por suicídio após as crises enfrentadas na década de 1990. Atualmente, é uma das nações com o maior índice de mortes, agravadas por uma grande desigualdade social existente no país.
A Crise do Covid–19
Estamos vivendo a maior crise da humanidade desde o século passado. A Covid-19 é a vilã que enfrentamos no momento, e que já traz em seu horizonte uma crise econômica mundial.
Essa nova fase composta por isolamento social, desemprego, aumento crescente do número de mortos pela doença pode afetar aqueles que possuem fator psiquiátrico prévio, fazendo com que uma taxa de mortes por suicídio aumente nesse período pandêmico.
Além disso, de acordo com um estudo durante a crise de gripe aviária, a alta exposição a notícias ruins, relacionadas à doença e vinculadas às mídias, são fatores que causam grande estresse e estão relacionadas ao Transtorno de Estresse Pós-traumático. Na China, local em que os primeiros casos do novo coronavírus surgiu, o número de jovens com TEPT são altos após o período de isolamento.
Em entrevista com a psicóloga Dra. Adriana Lins, ela afirma que tais transtornos podem causar um aumento nas taxas de suicídio nesse período pandêmico. Além disso, ela nos lembra que a melhor maneira de prevenir o suicídio é buscar ajuda profissional para lidar com seus abalos psicológicos e buscar as coisas positivas que esse período pode lhe trazer como, por exemplo, o autoconhecimento, maior conexão com familiares, um descanso de uma rotina agitada e o momento de conhecer coisas novas.
O mais importante durante esse período que vivemos é nos concentrarmos em nós mesmos, em nossa saúde e bem-estar. Viver um dia de cada vez é a resposta mais próxima para os problemas atuais.
__________________________________________
Por Luiza Nascimento Lopes – Fala! PUC