Ao longo dos anos, os esportes paralímpicos vêm conquistando cada vez mais espaço, e as paralimpíadas são a melhor forma de mostrar o potencial dos atletas de alto nível que disputam os jogos
Dia 22 de Setembro é comemorado o Dia do Atleta Paralímpico. Esta data foi criada com o intuito de dar visibilidade aos atletas com necessidades especiais, que trabalham e treinam todos os dias para superarem essas necessidades e mostrarem à sociedade suas habilidades. Mas qual sua importância para o mundo do atletismo? A seguir, saiba de onde surgiu a ideia das Paralimpíadas e sua relevância para atletas.
A importância dos Jogos Paralímpicos para o Brasil e o Mundo
Ao contrário do que muitos pensam, as pessoas com deficiência (PCD), vivem uma vida normal e desse modo mostram o seu brilho nas competições paralímpicas. Atletas de alto nível disputam diversas modalidades esportivas, algumas passam por adaptações para que estes consigam competir. O intuito é exatamente mostrar o rendimento e talento desses profissionais. Por mais que não tenham todos os seus membros, estejam em uma cadeira de rodas ou até mesmo possuam alguma deficiência intelectual, são atletas que assim como os outros, competem em busca de cada vez mais se superarem. Afinal, o incrível do esporte é a superação. Chegar no topo (pódium), é sim uma grande conquista, mas para muitos, disputar uma paraolimpíada já é um grande feito.
Os Jogos Paralímpicos, que ocorreram este ano em Tóquio, no Japão, foram uma amostra do alto nível dos competidores. Mais de 4.000 atletas de 163 países disputaram as 22 modalidades.
Mas como surgiu a ideia de criar uma competição desse tipo?
Tudo começou em 1948, no pós Segunda Guerra Mundial. O médico neurologista alemão Ludwig Guttmann resolveu inovar ao criar um campeonato de tiro ao arco para indivíduos que ficaram com sequelas dos combates. A intenção do médico era auxiliar na recuperação desses combatentes e também auxiliar em sua autoestima. Uma curiosidade: esta competição, que aconteceu em Stoke Mandeville, teve início no mesmo dia das Olimpíadas de Londres. Quatro anos depois, o evento se torna internacional. Atletas da Holanda vêm participar juntamente com os ingleses. A partir daí só foi crescendo, até que em 1960, Guttmann conseguiu realizar os jogos fora da Inglaterra. Na ocasião, foi realizado em Roma, mesma cidade que recebeu os Jogos Olímpicos. Por isso, esta é considerada a primeira edição oficial das paralimpíadas.
Em 1964, Tóquio também sediou as duas modalidades do torneio, porém isso não aconteceu posteriormente. As cidades-sede alegavam não ter estrutura para receber os jogos, por necessitar de adaptações. Isso só modificou-se depois dos jogos de Seul, em 1988, quando foi criado o Comitê Paralímpico Internacional, paralelo ao COI (Comitê Olímpico Internacional) e ficou acordado que uma única cidade iria receber ambas as competições, nas mesmas instalações, fazendo apenas algumas adequações. A partir de então passaram a ocorrer nas mesmas cidades olímpicas.
Brasil como uma potência paralímpica
O Brasil tem conquistado cada vez mais espaço nos esportes paralímpicos e ao longo dos últimos anos está sempre no top 10 no quadro final de medalhas. Em Londres 2012, foram 72 pódios, sendo 21 ouros, 14 pratas e 8 bronzes. Na Rio 2016, terminou em oitavo com a mesma quantidade. Desta vez, conquistaram 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes. E parece que o número 72 persegue nossa delegação. Nesta última participação, em Tóquio, foram 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes, terminando assim na sétima posição novamente. Esse desempenho tão bom é essencial para dar ainda mais visibilidade e espaço a esses atletas e também para trazer apoio e patrocínio para que assim sigam seus treinos e brilhando nas próximas edições dos jogos.
Destaque na delegação brasileira, o nadador Daniel Dias é o maior atleta paralímpico de todos os tempos. Aos 33 anos, ele disputou em Tóquio sua última paralimpíada e deixou sua marca: 27 medalhas ao total, 3 conquistadas nesta edição. Foi uma participação aquém do esperado. Três bronzes, mas que foram muito comemoradas por ele. Daniel nasceu com uma má formação nas pernas e braços e começou a nadar em 2004, inspirado em Clodoaldo Silva, outro atleta paralímpico campeão nas piscinas. Em sua primeira participação, em Pequim 2008, se tornou o maior nome da delegação brasileira, conquistando 4 ouros, 4 pratas e um bronze.
Em Londres 2012 foram 6 ouros. Na Rio 2016, em casa, fez uma campanha memorável: 4 ouros, 3 pratas e 2 bronzes.
Daniel deixa seu legado para todos aqueles que desejam seguir o caminho do esporte paralímpico. Em depoimento ao site Olimpíada Todo Dia, ele declarou: “Acredito que o que mais falta é visibilidade. A falta de conhecimento é uma grande inimiga da sociedade brasileira. Tenho certeza de que as pessoas que se apaixonam pelos esportes paralímpicos e pelos atletas, teriam bons exemplos para seguir. Então, sim, ter mais visibilidade ajudaria a crescer o movimento paralímpico e inspirar mais pessoas a acompanharem os esportes ou praticá-los também”. Referente à sua deficiência, disse à Folha: Nenhum pai ou mãe espera ter um filho com deficiência. Meus pais foram escolhidos. E sei que têm muitos deficientes que estão em casa, que os pais não querem que saiam de casa, que não sofram. E, através do esporte, podemos mostrar que ele consegue nadar e ele consegue fazer suas atividades do dia a dia e se tornar um campeão na vida. Às vezes para o pai e para a mãe ver o filho nadando sozinho, abre muitas coisas. Esporte é inclusão”, concluiu.
O esporte tem esse poder de incluir e receber todos, sem exceção. Assim como citado por Dias, através da prática esportiva, muitos indivíduos se tornam multicampeões e se tornam referência na vida dos demais que desejam seguir e vencer também através da prática esportiva. Por isso a importância dos jogos paralímpicos. Incentivar e dar ainda mais visibilidade para os super atletas, além de influenciar as próximas gerações a seguirem na prática desses esportes.
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Por Franquilin Rocha de Carvalho – Fala! Anhanguera