Encurralada em uma realidade histórica e majoritariamente patriarcal, a mulher prossegue com sua luta diária por uma sociedade mais igualitária. Mesmo que diversas barreiras tenham sido derrubadas, o preconceito ainda é muito presente atualmente, sendo habitual a redução de direitos femininos com relação aos masculinos pelo simples fato de ser mulher. Em meio a tudo isso, a cultura popular surge como um caminho para dar voz às mulheres que foram silenciadas por tanto tempo.
Seja nos livros, filmes ou séries, uma forte representatividade feminina sempre foi importante. Ter uma personagem como intermédio de inspiração e referência é fundamental para o desenvolvimento próprio e a construção de um potencial tão íntegro quanto o da protagonista apresentada. Pensando nisso, o Fala Universidades! elaborou uma matéria justamente sobre a importância de personagens femininas bem construídas, além de separar alguns exemplos presentes na própria cultura popular que podem ter passado despercebidos.
A força das personagens femininas: como essas mulheres fictícias nos marcam
Mesmo que tenham marcado a infância de muitas meninas, as tradicionais princesas da Disney muito provavelmente não são mais consideradas personagens referência na vida dessas mesmas pessoas. Esse fato permeia-se no amadurecimento e desenvolvimento de novos valores na vida dessas adolescentes, e consequentemente mulheres, que passaram a consumir novas composições artísticas e deixaram de se inspirar no modelo idealizado do “felizes para sempre”.
Pensar na representatividade feminina é pensar em uma heroína forte, capaz de lutar por seus direitos e que sirva de modelo para que a espectadora consiga transformar o que foi aprendido para a vida real. É mostrar que é possível ultrapassar limites quando se trata da luta por uma sociedade mais igualitária. É importante perceber como a fórmula usada pela Disney na construção de personagens femininas sofreu modificações com o passar do tempo. As últimas princesas passaram a ser mais corajosas e independentes, concebendo um impacto enorme para essa nova geração.
Os livros
Para além das animações, a literatura também é rica em termos de construção de personagens femininas. Uma figura que, decerto, merece destaque é Mare Barrow, protagonista da saga A Rainha Vermelha. Ensinada a lutar pela igualdade e pela própria liberdade desde cedo, a personagem criada por Victoria Aveyard é um exemplo de determinação e perseverança que, mesmo em momentos de adversidade, aprende a se erguer “vermelha como a aurora”.
Seguindo esse viés literário, não há como esquecer de um dos maiores clássicos ingleses, digno de adaptação na Netflix: Anne de Green Gables. A emocionante história redigida por Lucy Maud Montgomery, narra a história de uma garota sonhadora com uma imaginação nunca vista antes. Muito a frente de seu tempo, Anne Shirley Cuthbert ensina como é importante batalhar pelos seus direitos, como palavras podem mudar o mundo e sobre como o empoderamento feminino é imprescritível na vida de toda mulher, especialmente naquela época.
HQs e outros meios
Das HQs às telonas de cinema, outra personagem bem construída deve estar agora na galáxia, protegendo o nosso planeta. O heroísmo presente em Capitã Marvel vai muito além de combater inimigos e salvar a humanidade: é um filme que ensina sobre resiliência. Em busca de entender mais sobre o seu passado e sobre si mesma, Carol Danvers consegue ressignificar a noção de força e mostrar como o termo tem mais a ver com não desistir, apesar dos preconceitos ou dificuldades, do que de fato se mostrar poderoso.
Construir uma personagem bem desenvolvida vai muito além de criar um ser imbatível porque, mesmo na ficção, não há como ser forte o tempo todo. Se mostrar vulnerável, por vezes, pode ser a decisão mais humana que uma personagem pode tomar. Apesar de qualquer confusão ou conflito interno, uma personagem bem construída nunca deixa de lutar pelo que acredita, sem jamais abandonar seu lado mais humanístico.
A representatividade feminina, presente tanto em séries quanto em sagas, é um instrumento fundamental para o exercício da conexão e empatia. O vínculo criado entre uma personagem e uma espectadora é muito importante, haja vista que elas passam a se sentir mais encorajadas a serem as protagonistas de suas próprias histórias. Essa ponte também pode servir de estímulo para que outras mulheres contem os seus relatos através dessas figuras, incentivando, assim, essa troca mútua de inspiração e aprendizado.
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Por Marcela Abreu – Fala! Cásper