Curiosity, Perseverance e Hope Probe são nomes que ultimamente estão sendo comuns quando o assunto é missões em Marte. A cada dia que passa, o interesse pelo desconhecido do universo torna-se mais atraente para os seres humanos. As missões em busca de respostas sobre o planeta vermelho e todas as questões envolvendo uma possível debandada da Terra, gera muito interesse nos nossos conterrâneos de planeta. Mas também as perguntas mais feitas na história da humanidade foram: “de onde viemos?” e “para onde vamos?”. A segunda questão é a que mais contagia e motiva muitos dos estudiosos das áreas de exploração espacial.
Essas perguntas estão rodeadas de mistérios que aparentemente são insolucionáveis, porém, com o passar do tempo, situações que, um dia, nós achamos que seriam impossíveis para qualquer humano fazer, estão ficando cada vez mais palpáveis para qualquer ser da face da terra. Avançamos em diversas áreas em pouquíssimo tempo (em escala galáctica), há 500 anos, uma simples gripe poderia ser a condenação de um camponês em uma pequena cidade no interior da Inglaterra – hoje, em qualquer drogaria ou em três cliques do seu smartphone, você tem a solução de um problema que seria considerado irreversível para antigas civilizações.
Então, a ida ao espaço, por exemplo, está se tornando cada dia mais, uma realidade para os seres humanos. Mas, ao final de tudo, qual o porquê tão grandioso que o universo vazio e frio lá de fora nos é tão atraente? Vamos dissertar os passos até chegar na importância da questão.
O problema de sair da terra
Existe uma questão que nos segura na terra que é a mais importante de todas, mais importante que logística, dinheiro ao redor da viagem, diplomacia das corridas espaciais, mais importante que capacitar pessoas para fazer as viagens, o mais importante de tudo é a gravidade. Essa força fundamental do universo é ponto principal para que muitas das nossas viagens em busca do desconhecido, sejam um tanto quanto “ineficazes” em termos de quantidade de trabalho realizado no exterior do planeta.
Mas o que quero dizer com isso? Existe uma situação envolta da questão de sair do planeta, essa questão é um problema causado pela própria força da gravidade, aos estudiosos, o problema é chamado “equação do foguete”. Para conseguirmos sair da terra, necessitamos sair do repouso e atingir uma velocidade de, em média 28.000km/h, para que assim possamos vencer a força gravitacional da terra e entrarmos em órbita, mas isso não é simples. Nós necessitamos queimar muito combustível para que possamos sair da superfície terrestre e chegarmos ao momento que entraremos em órbita.
Os foguetes trabalham com o princípio de momento, isso significa que, para que ele possa sair com massa X em direção ao espaço, ele necessita queimar a mesma quantidade de energia em combustível no sentido oposto, logo, quanto mais massa o foguete tiver, maior a quantidade de combustível será queimado. Essas contas não são nada fáceis, afinal, se levarmos em consideração uma viagem até a Lua, por exemplo, mais da metade da energia gasta na viagem seria apenas na saída do repouso até entrar em órbita. Saturno V, por exemplo, 85% da sua massa era apenas combustível, 15% era o foguete em si – mas as coisas ainda complicam um pouco mais, porque desses 15% da massa do foguete, 11% era apenas em questão de lataria, partes eletrônicas e outras questões que envolvem a formação do foguete, ou seja, apenas 4% poderia ser considerado “massa útil”.
Entendendo a questão que envolve isso, teríamos que achar uma solução para tal questão, caso quiséssemos sair e entrar do planeta o tempo todo. Acabar com a gravidade? Interessante, mas não. Talvez partir de um lugar onde a força gravitacional seja menos, isso, sim, é interessante.
Base lunar
Como o processo de valorização das nações, que partiu de Napoleão Bonaparte, com o nacionalismo que acarretou nas grandes guerras, que também foram responsáveis pelas corridas espaciais; a instalação dos seres humanos em Marte não se dará em apenas um passo. São situações escalares, se dão uma após a outra e com base de evolução na etapa anterior. Não é viável viajarmos eternamente partindo da terra com a sua força gravitacional tão grande, é custoso e alto custo quer dizer empecilho, empecilho quer dizer atraso no desenvolvimento humano.
A Lua é o ambiente perfeito para uma base, com sua baixa força gravitacional, astronautas iriam entrar e sair do satélite natural terrestre o tempo todo, afinal, seria muito mais fácil partir e servindo como um “pit-stop” espacial. Existem inúmeras agências espaciais que já trabalham na hipótese de construir base fixa na Lua; a agência espacial da China (CNSA) já começou a trabalhar na questão, em janeiro de 2019, a sonda Chang’e 4 pousou no lado escuro da Lua, tal missão foi a primeira a realizar aterrisagem no lado afastado da Lua; a missão servirá para abrir alas para as próximas missões que irão fazer mapeamento e fazer estudos com a parte “escondida” do solo luar.
Próxima parada: Marte
A ficção científica nos abasteceu de esperança de um futuro com moradia em Marte ou em busca de planetas que fossem habitáveis como a Terra, mas, infelizmente, isso está um pouco mais longe do nosso alcance do imaginamos. O processo de terraformação de Marte ou qualquer outro planeta do sistema solar – ou a busca por um planeta habitável na nossa galáxia, são situações que provavelmente, nem eu que vos escrevo verei, nem vocês verão acontecer. Mas isso não quer dizer que não irá acontecer, ao contrário, acontecerá; é apenas questão de tempo.
Em questão de custo, é viável para o ser humano ficar mantendo pessoas na ISS (Estação Espacial Internacional) ou gastar bilhões com viagens tripuladas para Marte? Sim, do ponto de vista tecnológico, é extremamente viável. Afinal, não são as missões que são realizadas de maneiras independentes e não agregam nada para o desenvolvimento humano, existem entornos até que o foco real da missão seja concretizado. De modo que eu possa exemplificar, a corrida espacial que ocorreu entre Estados Unidos e União Soviética, no século passado, acabou por desenvolver inúmeras tecnologias usadas no nosso dia a dia; termômetro infravermelho, GPS, câmera de celular e tantas outras tecnologias foram desenvolvidas nesse período tão emblemático do desenvolvimento humano.
Obviamente que os seres humanos necessitam evoluir em inúmeros aspectos, mas as corridas espaciais, partindo de agências espaciais como a Nasa ou iniciativas privadas como a SpaceX, servem para fazer o homo sapiens entender que ainda há muita coisa que não foi desvendada, muita coisa que ainda está fora do seu alcance; iremos aguardar os próximos capítulos dessa desvendada espacial que estamos vivenciando.
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Por Luiz Eduardo Alcântara – Fala! UFPR