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Qual a importância da ópera para a cultura francesa?

”A mais completa das artes”. Para muitos essa é uma caracterização perfeita para Ópera. O gênero consegue juntar em sua composição: música (orquestra), canto, coral, dança, ballet, cenografia, teatro, recital, entre outras formas artísticas. Realmente, me parece muito justa a definição inicial. Vamos abordar aqui a ópera, mais especificamente a sua influência na cultura francesa, e como as próprias transformações históricas da França influenciaram o gênero musical. Para isso é preciso fazer uma viagem para Paris no século XIX.

A Ópera é um marco para a cultura francesa e para a música clássica.
A Ópera é um marco para a cultura francesa e para a música clássica. | Foto: Reprodução.

Saiba qual a importância da ópera para a cultura francesa

Após a Guerra Franco-Prussiana, em 1871, a França passou a viver tempos de maior estabilidade e progresso. Um contexto otimista para a população, com a crença de uma prosperidade real e próxima, em que a vida urbana caracterizava-se sobretudo pela boemia e agitação noturna. Esse período, entre os anos 1871 até o início da primeira guerra mundial (1914), foi a chamada Belle Époque – A Bela Época, em francês.

Os holofotes eram voltados para Paris, capital francesa, que era a referência da época, um verdadeiro modelo de progresso para o mundo ocidental. Tanto que muito do desenvolvimento urbano do Rio de Janeiro, no início do século XX, foi inspirado nas modernidades de Paris. 

Os avanços tecnológicos e industriais possibilitaram grandes obras de infraestrutura, desenvolvimento nos meios de comunicação, nos transportes, e um grande investimento na área da cultura e das artes. Foram obras do período: a Torre Eiffel (1889); o Moulin Rouge; o Casino de Paris (1890); as linhas de Metrô e a inauguração da Ópera de Paris, no Palais Garnier.

Desde meados do século XVII com Luís XIV, quando foi fundada a companhia ”Opera National de Paris”, a música clássica e a ópera já vinham ganhando notoriedade e projeção com o público parisiense, porém nada muito consolidado. As apresentações eram muitas vezes em salas restritas ou em academias de música. Porém, depois da inauguração da Ópera-Garnier, em 5 de Janeiro de 1875, a ópera em Paris ganhou uma casa. Projeto do Barão de Haussmann com o arquiteto Charles Garnier, a Ópera tornou-se um dos monumentos mais bonitos e deslumbrantes da capital francesa. Em palavras do próprio Garnier a Ópera é” um monumento à arte, ao luxo e ao prazer”- mais Belle Époque que isso, impossível. 

Teatro criado para abrigar os maiores clássicos da música francesa. | Foto: Reprodução.

Exemplos de óperas

Destaque para três óperas francesas muito famosas e que foram compostas e escritas justamente nesse período que permeia a Belle Époque. A primeira é Carmen, do compositor francês Bizet. Composição de 1875, estreou no mesmo ano no Théâtre National de l’Opéra-Comique, mais um lugar que compõem a campanha Opera Nacional de Paris. Essa ópera possui uma das áreas (similar a canção) mais famosas do mundo, que com certeza mesmo aqueles que não consomem música clássica vão reconhecer a melodia.

A outra é a obra prima do compositor francês Camille Saint-Saëns, que fez de um tema bíblico clássico uma das maiores óperas do mundo – Samson et Dalila (“Sansão e Dalila” em francês). Estreou na cidade de Weimar, na Alemanha, no dia 2 de Dezembro de 1877.

E, para finalizar, Les contes d’Hoffmann (Os Contos de Hoffmann), obra prima do compositor Jacques Offenbach, estreou em 1881 e, infelizmente, o compositor não pode presenciar esse momento pois faleceu 5 meses antes. A obra é baseada em 3 contos escritos pelo escritor alemão ETA Hoffmann e apresenta traços que misturam romantismo com o cientificismo, muito aflorado à época, além da maestria e virtuose musical. É considerada uma ópera séria, algo que não era uma característica das composições de Offenbach, marcadas por histórias mais divertidas e humorísticas. Uma delas, Orfeu no Inferno, uma paródia do mito de Orfeu, conta com o tema musical Can Can que ficou famoso mundialmente, e passou a ser usado em representações justamente dessa boemia dos cabarés, das danças, dos bailes parisiense do século XIX.

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Por Pedro Tavares – Fala! UFRJ

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