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Quais vacinas de Covid-19 apresentaram efeitos colaterais?

Segundo especialistas, todo medicamento eficaz apresenta efeitos indesejados

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Quais vacinas de Covid-19 apresentaram efeitos colaterais? | Foto: Freepik.

China, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos, Chile, Canadá, Israel, Arábia Saudita, União Europeia… mais de 40 países. A lista nações que já começaram a vacinar sua população é extensa. Mas, por enquanto, o Brasil segue acompanhando de longe a vacinação mundial. Enquanto não chega a sua vez na fila, confira, a seguir, quais vacinas de Covid-19 apresentaram efeitos colaterais. Veja, ainda, relatos de voluntários que receberam a vacina contra o novo coronavírus.

Vacinas de Covid-19 e seus efeitos colaterais

Astrazeneca (parceria Universidade de Oxford e Fiocruz)

Produzida pela Fiocruz, em conjunto com a Universidade de Oxford (Inglaterra), a vacina Astrazeneca apresentou, em testes, somente efeitos colaterais leves: febre, dor de cabeça e dor muscular no local da injeção.

Coronavac (Instituto Butantã e Sinovac Biotech)

Na China, o estudo com mais de 50 mil pessoas, demonstrou uma baixa taxa de efeitos colaterais (sem gravidade, grau 1 e 2): 5,36%. Dor no local da aplicação (a injeção é intramuscular) representou 3,08%, fadiga, 1,53% e febre leve 0,21%. No resto dos participantes, as reações foram perda de apetite, dor de cabeça e febre acima de 38,5°C. A porcentagem de pessoas assintomáticas foi de 94,7%.

No Brasil, o imunizante foi testado em 9 mil voluntários, e os efeitos foram parecidos: inchaço e dor no local da aplicação, fadiga, dor de cabeça e febre elevada. Lotes da CoronaVac já chegaram a São Paulo ainda em 2020.

Janssen-Cilag (Johnson & Johnson)

Voluntários desse imunizante sentiram coriza, coceira no nariz e dor de cabeça incessante. Mas não relataram febre ou baixa oxigenação. Em setembro, a farmacêutica divulgou que a maioria dos efeitos adversos foram de grau moderado, com sintomas que pararam no mesmo dia ou no seguinte. 

No entanto, houve dois eventos adversos considerados graves: um por hipotensão e outro por febre. O primeiro não tinha relação com a vacina e, no segundo, o participante apresentou suspeita de Covid-19 e se recuperou em 12 horas. No mais, não há registro de qualquer reação que colocasse a vida do voluntário em risco.

Em 12 de outubro, a empresa anunciou a interrupção dos testes. O intuito foi verificar se uma “doença inexplicada”, um efeito colateral grave, em um dos voluntários, dos EUA, tinha relação com a vacina. No início de novembro, o Comitê de Monitoramento de Dados de Segurança recomendou a volta aos trabalhos, pois não encontrou relação entre o efeito adverso e a vacina Janssen-Cilag.

Voluntária relata experiência

Uma das voluntárias do estudo, Laryssa Borges, repórter da Veja, relatou ao site da revista ter sentido efeitos depois de receber a primeira dose do imunizante, em novembro. Ainda sem saber se tomou placebo ou a vacina propriamente dita, ela narra a experiência:

A cabeça parece que vai explodir. Uma dor forte na base da nuca, nos braços, antebraços, coxas. O braço direito, que não foi onde tomei a dose da vacina, dói tanto ou mais do que o esquerdo, local da aplicação. A lateral direita da cintura dói de um jeito estranho (nem sabia que poderia existir dor naquela região). Placebo que nada. Eu tomei a vacina!

Como os outros voluntários, Laryssa só vai descobrir de qual grupo faz parte (placebo ou vacina) em 25 meses. A jornalista continua, contando:

O tipo de reação adversa que estou experimentando é muito comum. O pesquisador principal do projeto, o doutor Luis Augusto Russo listou os efeitos colaterais clássicos há mais de dois meses para mim: dor, sensibilidade e vermelhidão no local da injeção, dor de cabeça, calafrios, dor muscular, cansaço, náusea e febre.

Pesquisadores do Instituto Brasil de Pesquisa Clínica (IBPClin) dizem que os efeitos colaterais mais comuns foram estado febril, dor de cabeça e dor no corpo. A propósito, reações comuns em qualquer vacina e que tendem a cessar em três dias. Além disso, não é demais lembrar: os imunizantes aprovados por órgãos reguladores são bastante seguros.

Sputnik V (Gamaleya) 

Até o fim deste mês, participantes relataram febres leves, dores de cabeça e dores musculares. Reações estas parecidas às das mais notórias farmacêuticas ocidentais. A taxa de pessoas acometidas pelos efeitos colaterais da Sputnik V é de cerca de 15%.

O correspondente da emissora internacional da Alemanha, DW, Serguei Satanovskiy recebeu a vacina. No dia que tomou, ele sentiu calafrios, tontura, dor de cabeça, febre (38,6°C) e dor muscular. Recorreu ao paracetamol e foi dormir. Quando acordou, os sintomas haviam sumido e sua temperatura corporal estava normalizada (37°C).

Tudo isso era desconfortável, mas era gratificante saber que eu havia provavelmente tomado a vacina e não o placebo.

Conta Serguei.

Moderna (parceria com Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos)

Por ora, os efeitos colaterais da vacina desenvolvida pela Moderna são de gravidade leve à moderada. A maioria dos voluntários sentiu fadiga, dores musculares e desconforto nas articulações. Por outro lado, há registros de dor de cabeça ou vermelhidão no lugar da aplicação. Essa vacina foi uma das primeiras, ao lado da Pfizer, a ser aprovada pelo processo regulatório dos EUA. 

Na véspera de Natal, contudo, um médico alérgico a mariscos teve reação alérgica grave depois de tomar a vacina contra a Covid-19 da Moderna em Boston, nos EUA. Ele afirma ter tido tontura e taquicardia; o médico recebeu autorização para usar sua injeção de adrenalina pessoal, foi tratado e logo recebeu alta. O caso foi noticiado pelo The New York Times.

A anafilaxia e outras reações alérgicas graves são consideradas um risco potencial com todas as vacinas licenciadas.

Observa a doutora Elissa Malkin, professora de medicina na Universidade George Washington e do ensaio clínico da Moderna na Instituição.

Pfizer (Biontech)

Assim como os imunizantes listados acima, desenvolvidos para combater uma doença grave como a Covid-19, a vacina da Pfizer pode causar dor de cabeça e muscular, calafrio e febre.

Além disso, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão norte-americano, informou que seis pessoas (adultos com menos de 65 anos) desenvolveram reação alérgica grave depois de tomarem a vacina. A agência segue investigando as possíveis causas e relações entre os casos.

Na Europa, o Reino Unido identificou dois casos de alergia grave no primeiro dia de vacinação em massa do país. Órgãos britânicos recomendaram que pessoas com histórico de alergia não recebam a vacina da Pfizer. 

De acordo com reportagem da BBC, “médicos afirmam que elas [as pessoas] tiveram uma reação anafilactoide, que tende a envolver erupção na pele, falta de ar e, às vezes, queda da pressão arterial. Isso não é a mesma coisa que anafilaxia, que pode ser fatal. Ambas são funcionários do NHS (o SUS britânico), têm histórico de alergias graves e carregam sempre canetas de adrenalina”.

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Por Ana Paula Jaume – Fala! UFRJ

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