Nas eleições de 2018, Jair Bolsonaro aproveitou a onda antipolítica que emergia no cenário político, tornando-se porta-voz dos eleitores que estavam cansados dessa antiga política e prometendo ser um ‘’novo’’ candidato, mesmo Bolsonaro já sendo um político de quase 30 anos de carreira partidária, por meio de diferentes partidos. A grande maioria do eleitorado de Bolsonaro foram motivados pelo antipetismo e principalmente pelo desejo de mudança e rejeição à política tradicional.
A rejeição de Bolsonaro
O presidente do Brasil vem perdendo força junto à população com o decorrer desses quase quatro anos de mandato, parte significativa do eleitorado demonstra estar arrependido e decepcionado com o presidente.
Bolsonaro perdeu apoio dos setores do mercado financeiro e da classe política, cresceu sua rejeição em relação à população. Entre os pré-candidatos que vão concorrer ao Palácio do Planalto nas eleições deste ano, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) é o que apresenta o maior índice de rejeição, de acordo com a pesquisa do Instituto Datafolha, pelo menos 55% dos consultados afirmam que não votariam nele de jeito nenhum.
Declarações controversas, confusões e trocas nos Ministérios, e uma péssima gestão da pandemia foram indicadores do governo de Jair Messias Bolsonaro, que neste ano encerra seu mandato. Dois pontos principais de reprovação do Governo estão na condução da pandemia de covid-19 pelo governo federal e a crise econômica.
Em 2022, a pandemia está entrando em seu terceiro ano consecutivo e, se por um lado pode-se comemorar o ritmo avançado das vacinações e a retomada da atividade econômica no país, por outro ainda enfrenta um cenário econômico e social fragilizado, que é reflexo da pandemia que levou à deterioração dos indicadores sociais.
A condução da pandemia tem sido, sem dúvida, uma das principais razões de insatisfação da população, Bolsonaro adotou uma postura negacionista, sendo contrário as recomendações da Organização Mundial de Saúde: ao uso de máscaras, da quarentena e ao avanço na distribuição das vacinas. Além de uma postura de deboche e indiferença às mais de 600 mil mortes.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia revelou indicadores claros de irregularidades e omissões nas ações do governo. Desde as suspeitas de corrupção no contrato do Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana Covaxin, até a criação de um “gabinete paralelo” que, junto com operadoras de plano de saúde, intimidaram médicos pelo uso de medicamentos sem comprovação científica.
A crise econômica decorrente da má gestão do governo, que não conseguiu salvar nem as vidas dos brasileiros quanto a economia. O panorama fragilizado resultou nos altos índices de desemprego e trabalho informal, aumento do endividamento e o país de volta no Mapa da Fome, além da alta inflação vista em 2022.
Conheça alguns dos políticos que estão se afastando de Bolsonaro
Dessa forma, muitos candidatos que surfaram na onda bolsonarista em 2018 começaram a se afastar da imagem do presidente, principalmente, ao notar a taxa alta de rejeição do seu governo. Muitos políticos disseram arrependidos e apontaram críticas ao chefe de Estado.
1) Sérgio Moro
Moro ganhou notoriedade pela Operação Lava Jato, considerada a maior investigação de lavagem de dinheiro do país. Em meio a essa operação, construiu-se a imagem de Sergio Moro como um herói nacional e justiceiro contra a corrupção, que até então não se sabia dos interesses políticos e da seletividade dos alvos.
O ex-juiz federal Sérgio Moro era um dos maiores aliados de Bolsonaro e teve papel decisivo na vitória de Jair Bolsonaro, quando impediu o candidato Lula (que liderava as pesquisas de intenção de voto) de disputar a eleição de 2018.
Sergio Moro foi nomeado Ministro da Justiça e Segurança Pública no início do mandato de Bolsonaro, o ex-juiz ingressou no governo com a promessa de ter carta branca para atuar, mas não foi o que aconteceu. Depois de alguns meses, Moro renunciou ao cargo após desentendimentos e acusações de interferência do presidente na Polícia Federal, desde então Moro tem se afastado cada vez mais da imagem do Chefe de Estado.
2) João Dória
Embora Doria negue em entrevista ser bolsonarista e diga que não criou o slogan “BolsoDoria”. No Twitter, Doria compartilhou uma foto junto a Bolsonaro e usou a hashtag “#BolsoDoria”, em novembro de 2018, quando João Doria concorria ao Governo Estadual de São Paulo pelo PSDB e Bolsonaro (PL) à Presidência da República.
No entanto, desde que o Presidente foi eleito, os dois têm trocado farpas nas redes sociais e em discursos públicos. Na gestão da Pandemia da Covid-19, Dória ganhou destaque no cenário político, por seguir as diretrizes da Organização Mundial da Saúde e apoiar pesquisas do Instituto Butantan, adotando medidas contrárias a Bolsonaro, e fez fortes críticas à gestão e postura do bolsonarista.
O ex-governador de São Paulo será adversário de Bolsonaro na corrida presidencial nas eleições de 2022.
3) Joice Hasselmann
A deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP), que foi uma das principais apoiadoras do presidente, fazendo parte da campanha eleitoral de Bolsonaro em 2018 e foi uma das parlamentares a apoiar o super pedido de impeachment de Bolsonaro.
Joice repudiou várias falas do chefe do Executivo e começou a divergir em questões, levando a atritos e romper relações com o Chefe de Estado.
A deputada chegou a comparou a postura do bolsonarista na pandemia de COVID-19 aos atentados contra Hiroshima e Nagasaki.
“Genocida é a palavra. Bolsonaro jogou bombas no nosso país” e completou “nunca mais, mas nem com uma arma na cabeça, esse homem leva um voto meu.”- declarou a deputada federal.
Ex-chefe de governo na Câmara, Joice Hasselman, participou da coletiva de imprensa sobre o pedido de superimpeachment de Bolsonaro. O pedido afirma que o presidente cometeu pelo menos 21 crimes descritos na Lei nº 1.079/1950 (lei de impeachment), que foi protocolado em 30 de junho de 2021, na Câmara dos Deputados.
4) Alexandre Frota
Alexandre Frota também esteve ao lado de Bolsonaro nas campanhas eleitorais de 2018. Foi assim, inclusive, que acabou se elegendo deputado federal e chegou até a ser cogitado para Ministro da Cultura do novo governo.
No entanto, poucos meses após a eleição de Bolsonaro, o ator iniciou uma série de críticas ao bolsonarista e ao Partido Social Liberal (PSL). Ele acabou sendo expulso do partido por decisão do comitê executivo do partido. Frota foi acusado por Carla Zambelli (SP) e Major Olímpio (SP) de deslealdade ao partido por criticar publicamente o presidente Jair Bolsonaro e por não ter votado no segundo turno da reforma da Previdência.
Frota já falou várias vezes que se arrepende profundamente de ter apoiado o presidente nas eleições e estaria decepcionado com a sua gestão.
O ex-ator foi um dos que encabeçaram o super pedido de impeachment de Bolsonaro em julho de 2021, ao lado de Joice Hasselmann.
No entanto, é importante notar, que estes políticos que apoiaram Bolsonaro em 2018, alinharam-se a ele para conseguir popularidade, surfando na onda bolsonarista, e hoje se dizem muito decepcionados.
Bolsonaro já era um candidato de uma direita caricata, que odeia as minorias sociais, faz comentários misóginos e exalta a Ditadura Militar. Ele foi ex-vereador no Rio e deputado federal por quase 30 anos, ficou conhecido sobretudo pelas polêmicas e falas preconceituosas contra os Direitos Humanos e petistas.
Mesmo que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja derrotado nas urnas em 2022, alguns dos danos causados por sua gestão não serão facilmente remediados, com prejuízos econômicos e sociais continuados por muitos anos, além das 662 mil vidas perdidas em decorrência da sua conduta na Pandemia.
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Por Ana Lívia Menezes – Fala! UNESP