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Por que o “país do futebol” não possui os melhores times do mundo

O Brasil, que é conhecido há anos como o “país do futebol“, parece ter esse título questionado quando se compara os times brasileiros com os europeus em campeonatos internacionais como a Copa do Mundo de Clubes da FIFA (FIFA Club World Cup).

Em Copas do Mundo, onde cada seleção é escalada somente por jogadores do seu país, o Brasil se destaca por ser o time com mais títulos (5 no total) e ser o único a ter disputado todas as edições ao passar por todas as eliminatórias. 

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CBF (Confederação Brasileira de Futebol). | Foto: Reprodução.

Na música País do Futebol, o cantor MC Guimê exemplifica o sentimento de grande parte do povo brasileiro em relação a esse esporte:

"Por onde a gente passa é show, fechou
E olha onde a gente chegou
Eu sou país do futebol, negô
Até gringo sambou
Tocou Neymar, é gol"

A população brasileira tem um fascínio pelo futebol muito mais forte do que por qualquer outro esporte em geral, questão que é bastante decisiva para o prestígio dos times, visto que a política de oferta e demanda é um importante fator para a notoriedade dos clubes. Entretanto, essa realidade choca-se quando se nota a desvalorização dos times brasileiros tanto na questão tática quanto na financeira. 

O Brasil peca cada vez mais na falta de investimento na cultura, um exemplo disso é a extinção do Ministério da Cultura, em 2019, isso influencia diretamente no entretenimento futebolístico. O que pouco se raciocina é que ao promover a cultura de um país, a nação também ganha influência e o interesse internacional se torna maior

Um exemplo prático do retorno que é possível obter com a disseminação da cultura se encontra na Coreia do Sul. O incentivo e a disseminação da música coreana fizeram o turismo total do país triplicar nos últimos 15 anos, além da porcentagem de procura por outros produtos do país – e até mesmo produções artísticas como novelas e filmes – ter aumentado consideravelmente, fato que se tornou essencial para a ascensão da sua economia.

O Brasil carece de resultados satisfatórios em vários índices econômicos, inclusive no futebol, questão que influencia diretamente na preferência de jogadores brasileiros em consolidar suas carreiras no exterior. Isso acontece pois há um limite financeiro que faz com que o país não seja capaz de promover uma competição acirrada para manter os jogadores aqui, na maioria dos casos.

A consequência disso é que, com o tempo e a globalização do futebol, jogadores de grande potencial deixam o Brasil cada vez mais cedo, não possuindo tanta identificação com a torcida brasileira nem com a própria essência do futebol do país. 

Essa escolha se torna quase irrecusável para os atletas, pois o prestígio internacional europeu somado com o glamour de jogar na Champions League e com o salário recebido são bem mais vantajosos, como é evidenciado ao notar que, até 2019, o Manchester City tinha um elenco mais caro (1,14 bilhões de euros) do que todos os clubes do Brasileirão somados (986,03 milhões de euros).

Ademais, os estádios internacionais e a organização dos campeonatos fora do Brasil chamam mais a atenção por serem muito mais avançados.

Sendo assim, é visto que a ascensão e o investimento no futebol brasileiro não só favoreceria o entretenimento futebolístico quanto possuiria capacidade de atrair olhares para o turismo brasileiro e, também, o reconhecimento internacional só atrairia vantagens futuras para a socioeconomia geral do Brasil.

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Por Meliah Cristina – Fala! UFPE

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