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Por que ‘Enola Holmes’ fez com que a Netflix fosse processada?

Enola Holmes é o mais novo filme de sucesso da Netflix, lançado no dia 23 de setembro de 2020, que mal chegou à plataforma de streaming e já conquistou muitos fãs, chegando até mesmo ao topo da lista de mais assistidos em diversos países. O filme conta a história da irmã mais nova de Sherlock Holmes, que foi criada pela sua mãe até seu aniversário de 16 anos, quando a mesma sumiu, fazendo com que Enola saísse em uma aventura para procurá-la e para fugir de seu irmão conservador, Mycroft.

Apesar do sucesso do filme ter sido enorme, a Netflix recebeu um processo por direitos autorais da família de Sir Arthur Conan Doyle, autor e criador do personagem Sherlock Holmes. Mas, agora, você deve ter ficado confuso, pois já houve outras adaptações do universo de Holmes, como, por exemplo, Sherlock, com Benedict Cumberbatch.

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Por que Enola Holmes fez com que a Netflix fosse processada? | Foto: IMDb.

Por que a família implicou apenas com o filme da Netflix?

Bom, a história é um pouco complicada. O personagem Sherlock Holmes é muito antigo, sendo que ele foi criado no século XIX, anteriormente à 1ª Guerra Mundial. Em 2014, foi decidido que essa versão do famoso investigador e suas história estavam sob domínio público, ou seja, os descendentes do criador não possuiriam os direitos dessas histórias.

Naquela época, o detetive era frio e praticamente incapaz de sentir emoções, o que mudou após a Grande Guerra, quando Conan Doyle perdeu seu filho e seu irmão, o que, em consequência, tornou o seu personagem mais emotivo, sendo que elas tratam diretamente o impacto emocional da guerra.

As histórias de Holmes depois da 1ª Guerra ainda estão sobre os direitos da família de Conan Doyle, e toda vez que alguém vai fazer uma adaptação da obra para o cinema, eles não podem utilizar o Sherlock emotivo sem autorização da família – já que ela possui os direitos desse personagem – mas podem utilizar Sherlock frio e rancoroso como ele era antes da guerra, já que o personagem está em domínio público.

E onde Enola Holmes entra nessa história?

Se você assistiu ao filme, com certeza, percebeu que o Sherlock Holmes de Henry Cavill é emotivo e introspectivo, e não é à toa que é tão diferente de qualquer outra adaptação do detetive. Ele é afeiçoado de sua irmã mais nova, Enola, e isso é demonstrado em diversas partes do filme, como na cena em que eles conversam na árvore, o momento em que ele a visita no internato, e até mesmo na cena final do filme. 

Apesar de ser fofo e de ter sido muito legal ver esse outro lado do Sherlock que é muito próximo de sua irmã, os herdeiros de Conan Doyle não ficaram muito felizes com o filme e processaram a Netflix por infringir a lei de direitos autorais, já que o personagem pertence à família e a empresa sequer pediu autorização para utilizá-lo no filme.

Em teoria, o filme não teria que pagar por nenhum direito, já que ele foi baseado na série de livros de Nancy Springer, que possui um Sherlock genérico da maneira que ele sempre foi conhecido – como um dos maiores detetives do mundo. Mas, no filme, ele toma as características que justamente estão proibidas de serem utilizadas sem autorização.

No final, a família de Sir Arthur Conan Doyle processou a editora que publicou os livros, a autora Nancy Springer, e a Netflix, que produziu e distribuiu o filme no final do mês de setembro. 

Apesar de toda a confusão de direitos autorais, o filme é muito divertido e vale a pena dar uma conferida. Ele está disponível mundialmente na plataforma de streaming da Netflix.

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Por Rafaela Bertolini – Fala! Cásper

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