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Por que absorventes deveriam ser gratuitos?

Uma mulher de 50 anos em menopausa, que teve sua primeira menstruação aos 12, de fluxo moderado por 5 dias, gastou durante sua vida, aproximadamente, R$11.793 na compra de absorventes descartáveis. O ciclo menstrual não é segredo para ninguém, mas pouco se pensa no custo que ele tem na vida financeira das mulheres. Menos ainda se pensa naquelas que não tem condições viáveis de comprar esse produto de higiene básica. 

A ideia de que absorventes deveriam ser gratuitos é ainda pouco falada, mas tem se tornado popular dentro da luta feminista nos últimos anos. No Brasil, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) apresentou, em março deste ano, um projeto de lei que propõe a distribuição deles em espaços públicos para mulheres de baixa renda e em presídios. No mesmo período, a Escócia tornou-se o primeiro país a regularizar essa distribuição gratuita em farmácias, postos de saúde e outros centros de convivência. 

absorventes gratuitos
Há diversos tipos de absorventes hoje em dia. | Foto: Reprodução.

A situação de mulheres que não têm acesso a absorventes descartáveis é precária. Nos presídios, miolos de pão chegam a ser usados como alternativa. A jornalista Nana Queiroz retratou essa realidade no livro Presos que Menstruam, de 2015. Na introdução, ela cita um artigo de 2009, de Heidi Ann Cerneka, que diz:

Para o Estado e a sociedade, parece que existem somente 440 mil homens e nenhuma mulher nas prisões do país. Só que, uma vez por mês, aproximadamente 28 mil desses presos menstruam.

Em 2014, a Unesco publicou um relatório que mostrou que uma em cada dez meninas da África Subsaariana deixa de ir à escola durante o período menstrual. Essa perspectiva não é muito diferente da encontrada nas periferias brasileiras, em que meninas acabam utilizando panos ou somente papel higiênico e, muitas vezes, faltam às aulas por vergonha. 

Nos países mais desenvolvidos ou para as mulheres de classes mais altas, a menstruação e a compra de absorventes descartáveis, ou até alternativas a ele, como o coletor menstrual e as calcinhas absorventes reutilizáveis, são só um inconveniente mensal. No entanto, muitos acreditam que, pela menstruação ser um fator inevitável, a distribuição gratuita dos absorventes é uma questão de saúde pública que melhoraria a vida de muitas mulheres no Brasil e no mundo. 

PL 428/2020 de Tabata Amaral foi anexado a outro semelhante, da deputada Marília Arraes (PT-PE), que prevê o fornecimento de absorventes em escolas públicas para alunas dos últimos anos do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Segundo o site da Câmara dos Deputados, os Projetos de Lei estão aguardando parecer do relator na Comissão de Educação (CE).

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Por Julia Queiroz – Fala! Cásper

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