O último mês foi bastante conturbado para a Seleção Brasileira. Depois do anúncio de que o Brasil seria a nova sede da Copa América, os jogadores e a Comissão Técnica se posicionaram contra o evento, a demissão de Tite chegou a ser cogitada, um possível boicote à Copa América foi comentado e Rogério Caboclo foi afastado do cargo por uma denúncia de assédio sexual.
Foram dias caóticos que acabaram abafados por um manifesto apático dos jogadores da seleção posicionando-se contra o torneio, mas afirmando que disputariam mesmo assim, pois, segundo os atletas, não dariam as costas para a Seleção Brasileira.
Boicote à vista
A polêmica começou quando o presidente Jair Bolsonaro anunciou que o Brasil seria a nova sede da Copa América, depois que a Argentina e a Colômbia se recusaram a sediar a competição por conta de problemas sanitários e políticos. Situações que o Brasil também está enfrentando.
Os atletas, desde o início, demonstraram insatisfação em disputar o torneio no Brasil. E os rumores de que a seleção não participaria aumentaram ainda mais depois de uma coletiva de Tite, no dia 3 de julho, onde afirmou que as opiniões dos jogadores já haviam sido esclarecidas para o presidente da CBF e que elas se tornariam públicas em breve.
A opinião está muito clara, muito limpa, muito clean, e foi externada em conversa pessoal com presidente e Comissão Técnica (…) no término dessa data Fifa, as situações vão ficar claras. Tu tem o meu compromisso.
Tite em coletiva de imprensa.
Até Casemiro, o capitão da equipe, chegou a dar uma entrevista deixando clara a insatisfação dos jogadores e da Comissão Técnica com o torneio.
A principal queixa dos jogadores foi a falta de diálogo por parte da CBF, que aceitou sediar o evento sem ao menos consultá-los. Segundo a Veja, eles souberam da notícia por meio da imprensa.
Os atletas não ficaram nada contentes e logo o aborrecimento se tornou público. Mas a insatisfação dos jogadores não estava relacionada apenas ao fato de o país estar enfrentando um momento delicado da pandemia de Covid-19. A motivação de parte do elenco vinha principalmente do fato de eles apoiarem a antecipação das férias ou o adiantamento das partidas atrasadas das Eliminatórias.
A ESPN afirma que os líderes da Seleção Brasileira chegaram a conversar com os principais jogadores de outras seleções que disputariam o torneio, mas o boicote não foi para frente, principalmente por questões financeiras que envolvem a competição.
Rogério Caboclo é afastado
No dia 6 de junho, a Comissão de Ética do Futebol determinou o afastamento de Rogério Caboclo da presidência da CBF, por conta de uma denúncia de assédio moral e sexual feita por uma funcionária da entidade. Na época, ainda não era possível prever o desdobramento das coisas, mas, no dia 2 de julho, a CBF publicou uma carta confirmando o afastamento oficial de Caboclo por 60 dias.
A saída temporária do Presidente parece ter melhorado o clima dentro da CBF, já que boa parte da insatisfação do elenco era direcionada especialmente a ele. Inclusive, antes do afastamento, acontecia, nos bastidores, uma conversa de uma possível demissão do técnico Tite, algo que também teria desagradado os jogadores.
Mas, agora, Tite parece firme no cargo e a Seleção já espera seu adversário para disputar a final da Copa América, que deverá acontecer neste sábado (10/7).
Manifesto revela divergência de opiniões sobre a Copa América
Então, depois do boicote ser desconsiderado, de diversas discussões políticas envolvendo a Seleção e do afastamento de Rogério Caboclo, os 25 atletas do elenco divulgaram, no dia 8/6, logo após a partida contra o Paraguai, um manifesto em suas redes sociais reforçando o posicionamento quanto a realização do evento e afirmando que participariam da competição apesar de não concordarem.
Na carta, os jogadores deixaram claro que mesmo que o elenco tenha entrado em um consenso de que a Copa não deveria ser disputada, os motivos pelos quais eles adotaram esse posicionamento são distintos. Pois, enquanto alguns se preocupavam com a questão sanitária, outros levaram em conta problemas de cunho profissional.
Quando a possibilidade de boicote por parte dos jogadores e da Comissão Técnica era comentada, tiveram até conversas de que eles estariam se posicionando contra Jair Bolsonaro. No entanto, o elenco também fez questão de esclarecer que, em momento algum, quiseram tornar a discussão política.
E foi assim que o assunto foi encerrado. O afastamento de Caboclo acalmou os ânimos dentro do vestiário. Além do que a questão financeira envolvendo os prêmios da competição, assim como os contratos em vigor, cuja quebra poderia resultar em punições administrativas, acabaram pesando mais para as outras seleções e atletas, que decidiram apoiar a realização da Copa América no Brasil.
Então, no fim, as coisas esfriaram, e as polêmicas envolvendo a Copa América foram encerradas com a divulgação de um manifesto apático pelos jogadores da Seleção Brasileira.
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Por Bianca Sousa – Fala! Faculdade Paulista de Comunicação