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Poema – Generis Moço Bonito

Anatomicamente teu corpo é celestial: mortal, porém bonito. Como cada estrela suicida no céu, que não sei se é azul claro ou azul escuro, ou talvez não haja céu.

São raras as noites que Plutão encontra Netuno. Mas é claro, em meio a esse caos de espaço e tempo, quem iria ter tempo para um café?

Imensurável a saudade que Plutão sente dos anéis de Netuno. E quando se tropeçam imprevistamente, são mil borboletas taciturnas no estômago.

Imagino, se o universo virasse do avesso, seríamos astros caídos ao lado de constelações emolduradas. Ou talvez, conseguiríamos ser mais que isso:

Todas as terças discutir política, ser eu comunista e tu, capitalista. Te bombardear, me bombardear e, por fim, seríamos autores fracassados de uma Terceira Guerra Mundial;

Entre as paredes do teu quarto, ser eu Michelangelo e tu, Davi, te redesenhar nu. Com traços abstratos te tornar minha obra-prima, e cada músculo do teu corpo seria indiscutivelmente arte;

Em todo equinócio de outono, me reinventares primavera. Me recobrir de flores. Me enfeitar a pele. Me aflorar a alma. Ser eu borboleta e tu, casulo, pois tudo em teus braços é primitivo e intocável;

E, por fim, seríamos somente homines sapiens sapiens efêmeros. Te amar, te casar e, excepcionalmente, ser teu, e tu, eterno Sui Generis Moço Bonito, ser meu.

Pena tudo isso não passar de postulações. A verdade é que eu, Einstein, e tu, teorias e suposições. Agora, eu fico aqui, deitado para o abismo, contando estrelas que nem existem mais e imaginando a tua essência de cada manhã e como poderia ser para sempre: eu e tu, tu e eu.

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Por Higor Gabriel Barbosa dos Santos – Fala! UFMG

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