Confira alguns exoplanetas que são similares à Terra
Em janeiro de 1995, uma descoberta realizada pelos astrônomos Michel Mayor e Didier Queloz transformou efetivamente a concepção de exclusividade das leis do Sistema Solar: foi encontrado o 51 Pegasi b, primeiro exoplaneta – planeta que está localizado fora do nosso sistema – a orbitar uma estrela similar ao Sol.
Desde então, 4341 exoplanetas foram contabilizados pela Nasa, mas a busca por mundos distantes continua promissora, em especial, se esses apresentarem condições favoráveis à vida, mesmo que primitiva e microscópica. Apesar de a “gêmea” da Terra ainda não ter sido encontrada, estima-se que a nossa galáxia pode abrigar 300 milhões de planetas habitáveis. Portanto, confira, abaixo, cinco exoplanetas que possuem características semelhantes ao nosso lar.
Exoplanetas semelhantes à Terra
1. Kepler-186f
Conhecido como “caçador de exoplanetas”, o telescópio espacial Kepler, da Nasa, iniciou a sua missão em 2009. Ao longo de seus nove anos de vida, o telescópio catalogou 2662 exoplanetas, dentre eles, o Kepler-186f.
Considerado o primeiro exoplaneta de tamanho próximo ao da Terra, ele orbita na zona habitável de sua estrela, onde a distância entre o planeta e seu astro permite que haja temperaturas favoráveis para a existência de água no estado líquido, essencial para os primórdios da vida que conhecemos.
Descoberto em 2014, o Kepler-186f faz parte do sistema Kepler-186, a 500 anos-luz da Terra. O seu período orbital é de 130 dias, o maior em relação aos seus quatro planetas vizinhos, que se encontram muito próximos à estrela do sistema, classificada como uma anã vermelha.
Categoria correspondente a 70% das estrelas da Via Láctea, a anã vermelha tem metade do tamanho e massa do Sol. Porém, é importante ressaltar que o nível de habitabilidade de planetas que orbitam esse tipo de estrela ainda é questionável, pois explosões estelares são frequentes.
Apesar de ser 10% maior do que a Terra e, provavelmente, por conta de seu tamanho, um planeta rochoso, a temperatura e a atmosfera do Kepler-186f ainda não foram descobertas. Além disso, como a luz da estrela de seu sistema é muito fraca, os estudos para afirmar se o exoplaneta é habitável ou não se tornam mais complexos.
2. Kepler-452b
Em setembro de 2015, a missão Kepler descobriu o menor exoplaneta localizado na zona habitável de uma estrela do tipo G2, ou seja, como o nosso Sol, a 1400 anos-luz de distância, com o período orbital de 385 dias. O Kepler-452b é 60% maior do que o nosso planeta, sendo classificado como uma “Superterra”. No entanto, alguns estudos apontam que metade dos planetas maiores que a Terra são gasosos, mas diante do tamanho do Kepler-452b, há uma grande possibilidade do exoplaneta ser rochoso.
O título de “primo mais velho da Terra” também não é à toa! Um outro fator que chamou a atenção dos astrônomos foi o tempo de vida da estrela de seu sistema: a Kepler-452 tem 6 bilhões de anos, 1,5 bilhão a mais que o nosso Sol. Assim, características como a mesma temperatura, ser 20% mais brilhante e ter um diâmetro 10% maior do que o Sol podem ajudar no entendimento do futuro do nosso próprio Sistema Solar, pois quanto mais evoluída uma estrela for, mais radiação ela emitirá.
3. Teegarden b
Segundo o Índice de Similaridade da Terra (ESI), realizado pelo Laboratório de Habitabilidade Planetária (PHL), da Universidade de Porto Rico, o Teegarden b é o exoplaneta que se encontra mais próximo em relação ao nosso fluxo estelar, massa e raio. Com valores entre zero e um, seu resultado é de 0,95.
Descoberto em 2019 através do CARMENES, um espectrógrafo de infravermelho do Observatório de Calar Alto, na Espanha, o exoplaneta está a 12 anos-luz e foi detectado pelo método de velocidade radial, ou seja, conforme as estrelas oscilam no espaço devido aos planetas de sua órbita, ocorre a mudança de cor da luz observada pelos astrônomos.
Ao lado do Teegarden b, com período orbital de 4,9 dias, há o seu vizinho, Teegarden c, que completa a volta a cada 11,4 dias. Teegarden, a estrela do sistema, é uma anã vermelha fraca, localizada em 2003, com pelo menos oito bilhões de anos. Além disso, os estudos também notaram que o exoplaneta recebe uma radiação semelhante à Terra e, caso haja uma atmosfera, os níveis das temperaturas seriam próximos aos do nosso planeta.
4. TOI 700 d
Após a aposentadoria do Kepler, em 2018, foi a vez do telescópio TESS, da Nasa, mergulhar no universo e continuar a sua missão. Em janeiro de 2020, o TESS descobriu o seu primeiro exoplaneta similar ao nosso a 100 anos-luz de distância.
Sendo 20% maior que a Terra, o TOI 700 d realiza uma volta ao redor de sua estrela a cada 37 dias. A TOI 700, no entanto, antes de ser identificada como uma estrela pequena e fria, foi classificada de forma incorreta como semelhante ao nosso Sol e, consequentemente, os planetas do sistema pareciam maiores e mais quentes. Mas, após a correção, o TOI 700 d foi observado como o único de tamanho próximo à Terra e que se encontra na zona habitável dentre os seus vizinhos, TOI 700 b e TOI 700 c.
Enquanto não há informações sobre a presença de atmosfera e qual é a composição do TOI 700 d, os cientistas avaliam suas possíveis condições baseadas no Sistema Solar. Inclusive, estima-se que esse exoplaneta e o TOI 700 b, que estão nas extremidades, são rochosos, e o do meio, o TOI 700 c, é gasoso.
5. Kepler-1649c
Em 2020, se uma equipe de cientistas não tivesse verificado manualmente os dados rejeitados pelo telescópio Kepler, não teríamos conhecimento sobre o planeta mais semelhante à Terra em termos de tamanho e temperatura. Por meio do método de trânsito, responsável por detectar exoplanetas a partir de oscilações no brilho de uma estrela, o algoritmo Robovetter havia classificado o Kepler-1649c como um falso positivo causado por fontes externas.
No entanto, o intrigante planeta gerou muitas expectativas diante da comunidade astrônoma. Localizado na zona habitável, o Kepler-1649c é apenas 1,06 vez maior que a Terra e está a 300 anos-luz de distância.
Com um período orbital de 19,5 dias, o exoplaneta rochoso recebe de sua estrela, a anã vermelha Kepler-1649, o equivalente a 75% de luz que nós recebemos do Sol. Mesmo que uma atmosfera ainda não tenha sido detectada, os estudos apontam que a sua temperatura de equilíbrio, baseada exclusivamente na radiação estelar que entra, está em torno de -39ºC, enquanto a da Terra é de 5ºC.
Kepler, TESS, Hubble, Spitzer… a procura por outros “familiares” da Terra não termina por aqui! No dia 31 de outubro deste ano, a ciência conquistará mais um grande passo com o lançamento do telescópio James Webb. Considerado o observatório espacial mais complexo do mundo, a missão será capaz de identificar desde a formação das primeiras galáxias, até construir novos rumos diante dos mistérios da astronomia.
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Por Isabella Fonte de Carvalho – Fala! Cásper