Com influência do R&B, house e funk, Leonardo Pratagy fala sobre expectativas, desilusões e autoconhecimento em álbum homônimo
A relação de Leonardo Pratagy com a música começou cedo, aos 10 anos, incentivado pela mãe, que o colocou na escola de música e começou a tocar violoncelo. Mas foi na adolescência que decidiu trocar os consertos pelo rock e, com seus amigos de escola, formou a banda Zeromou. Na hora de prestar vestibular não foi diferente, prestou Música na UFPA, passou e concluiu o curso. Nesse meio tempo, a banda se desfez e ele lançou seu projeto ‘Pratagy’ no qual compõe, canta e produz.
Sua discografia conta com 1 EP, Voo e Mansidão (2018), e 3 álbuns – Pictures (2016), Búfalo (2017) e o mais recente, Pratagy (2019). Contrastando os dois últimos trabalhos Voo e Mansidão tem uma “pegada” mais anos 80, com o uso de sintetizadores, enquanto o mais recente tem uma grande influência do funk, house eletrônico e R&B.
“Essas referências são resultado do meu TCC. Eu estava pesquisando sobre colagem musical e a questão do sample, isso me levou para esses ritmos”, diz o artista. Cantores como Solange, Mc Bruninho e Robyn foram algumas referências para esse álbum.
Pratagy fala muito sobre encontros e desencontros, quando eles são simples e se encaixam. Mas também das complicações quando não são tão fáceis e os diálogos não coincidem. Além do processo de se encontrar nesse meio tempo.
Como diz em Melhores Amigos: “Vem já cansei de fazer disso um amor tão difícil […] Você é um mar de espelhos em que não sei nadar/ Reflete o melhor e o pior de mim”. E, em Instant Grude, “Eu gosto de nós dois mas ainda tem muita coisa que eu quero fazer”.
Em meio a tanto encontro e desencontro, Leonardo Pratagy se descobriu na música.
Eu não sei se existe um dever, um sentido na vida pra cada um. Mas se existe algo próximo disso, o meu, por enquanto, é fazer música.
E confessou que um dos desafios é superar o próprio trabalho. Ele afirma que, diferentemente de quando você vai lançar algo novo, com o tempo, a liberdade é mais limitada para não produzir a mesma coisa feita anteriormente. No início, existem mais possibilidades por ainda não ter lançado nada.
Acostumado a produzir suas composições em casa desde a época da sua antiga banda, o último álbum foi diferente. Por ter sido selecionado no Edital da Natura Musical, a gravação aconteceu no estúdio.
Essa experiência foi boa porque quando você está produzindo em casa é uma coisa mais solitária. No estúdio, tem uma troca com as outras pessoas, isso é até uma coisa que eu estou me cobrando em manter.
Diz Leonardo
O ano de 2020 já seria de recolhimento, após o lançamento do último álbum em outubro de 2019, e a conclusão do curso. O momento era de pensar um pouco sobre os próximos passos. “Eu produzo, as vezes, quando dá pra produzir, mas não estou me pressionando pra criar muita coisa. Estou mais em um momento introspectivo, e está sendo bom”, relata.
O que o Pratagy não tira do repeat? As indicações do paraense são o novo álbum do The Strokes, The New Abnormal, e o novo da Letrux, Letrux Aos Prantos.
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Por Daniela de Jesus – Fala! Anhembi