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5 Filmes para Assistir no Dia da Consciência Negra

Por Matheus Menezes – Fala!Anhembi

Nesta terça-feira, dia 20 de novembro, é celebrado no Brasil o Dia da Consciência Negra. Essa foi a data na qual o líder quilombola Zumbi dos Palmares – figura importante na luta contra a escravidão no nordeste – foi morto em uma emboscada. A celebração da Consciência Negra mantém esse legado, refletindo sobre a posição que o negro ocupa atualmente na sociedade. Para contribuir com essa reflexão, listamos aqui cinco filmes que tratam sobre racismo, companheirismo entre negros, sonhos e dores da comunidade negra.

FAÇA A COISA CERTA

EUA, 1989 – Drama e comédia – Direção e roteiro: Spike Lee

(Fonte: Universal Pictures)

A obra-prima de Spike Lee permanece um marco na história do cinema negro americano. A produção foi um sucesso de crítica e público, arrecadando 37 milhões de dólares na bilheteria, algo impressionante para um longa de baixo orçamento. Faça a Coisa Certa retirou o cinema negro da marginalidade. O título vem de uma citação de Malcom X: “Você tem que fazer a coisa certa”.

A trama desse filme retrata os conflitos raciais entre policiais e as comunidades italiana, latina e negra do bairro Bedford-Stuyvesant, no Brooklyn, Nova York. Esse universo onde o filme se passa exemplifica as tensões raciais que se desdobram nos Estados Unidos como um todo.

A atmosfera de calor é essencial para entender o filme. Conforme o dia de verão avança, os conflitos vão se escalando de maneira visceral, e explodem em uma grande tragédia. Apesar desse clima quente, o filme consegue explorar muito bem o companheirismo entre negros, algo raro no cinema.

Os personagens são icônicos. Podemos citar o entregador de pizza Mookie (vivido pelo próprio Spike Lee), a sua namorada engraçada Tina (Rosie Perez) e o apresentador de rádio Mister Señor Love Daddy (Samuel L. Jackson).

 

BASQUETE BLUES

EUA, 1994 – Documentário –  Direção: Steve James – Roteiro: Steve James e Frederick Marx

(Fonte: Fine Line/Kartemquin)

Esse documentário acompanha a vida de William Gates e Arthur Agee, dois jovens negros de um bairro pobre de Chicago. Ambos sonham em um dia poderem jogar pela NBA, a liga de basquete profissional dos EUA. Eles recebem uma oportunidade espetacular ao serem recrutados por um olheiro. Os rapazes são literalmente tirados da rua e ingressam em uma escola preparatória predominantemente branca.

O filme retrata a dificuldade dos meninos em se acostumar com esse novo ambiente e os treinos cansativos. Nessa fase da vida, eles são incessantemente cobrados por maturidade, esforço nos estudos e dedicação ao esporte. Essas demandas são tão extenuantes que apenas William consegue sobreviver aos rigores da escola.

Documentando os fracassos, os sucessos e os desafios, perpassando cinco anos da vida da dupla, Basquete Blues questiona e contempla a vida nos subúrbios, as diferenças raciais nos EUA, o sistema educacional, e os valores da nossa sociedade. No final, o filme se torna uma linda história de superação.

MACUNAÍMA

Brasil, 1969 – Comédia e fantasia – Direção e roteiro: Joaquim Pedro de Andrade

(Fonte: Divulgação)

Em um casebre no meio da mata – um lugar chamado “Pai da Tocandeira”, Brasil -, uma mulher grita histericamente com muita dor, até que, de repente, uma figura negra travestida de bebê desaba do meio de suas pernas arqueadas, para logo em seguida ser largada no chão, ao passo que a mulher continua a andar como se nada tivesse acontecido. Assim se dá o nascimento de Macunaíma.

A cena inicial desse clássico brasileiro é uma grande provocação à santíssima instituição materna, ao apresentar um dos mais partos mais irreverentes e desrespeitosos da história do cinema. Já é possível perceber sem demora o tom fabuloso dessa história e a comédia sarcástica que irão preencher todo o resto do longa.

O personagem protagonista do romance de Mário de Andrade é uma personificação da vagabundagem e picaretagem comumente associados à figura do brasileiro. Essa característica inconveniente se expressa bem cedo, nas primeiras palavras proferidas pelo herói sem caráter: a famosa frase “Ai, que preguiça”.

Dentro desse contexto, o filme expõe ácidos comentários sobre o racismo no Brasil, particularmente no trecho em que Macunaíma deixa de ser interpretado pelo ator negro Grande Otelo para se transformar no Macunaíma Branco vivido por Paulo José. Aqui o preconceito sobre um cidadão negro de “segunda classe” fica escancarado. O filme esfrega esses terríveis julgamentos na cara do país.

A 13ª EMENDA

EUA, 2016 – Documentário – Direção: Ava DuVernay – Roteiro: Ava DuVernay e Spencer Averick

(Fonte: Netflix)

Ao longo de sua filmografia, Ava DuVernay sempre usou seus filmes como ferramenta de ativismo dos direitos civis negros. Ao ser convidada pela Netflix para fazer um documentário, ela escolheu com precisão uma das questões que mais afligem os jovens homens negros atualmente nos Estados Unidos: a perpetuação da escravidão através do sistema carcerário do país.

O documentário relaciona a criminalização da população negra com o aumento do número de encarcerados. Um quarto de toda a população carcerária do mundo está nos EUA. Para falar sobre o encarceramento em massa de afro-americanos, o filme conta com a presença de grandes intelectuais, como a ativista política Angela Davis, apresentando seu argumento de maneira impetuosa e certeira.

12 ANOS DE ESCRAVIDÃO

EUA, 2013 – Drama – Direção: Steve McQueen  – Roteiro: John Ridley

(Fonte: Fox Searchlight Pictures)

O filme conta a história real de Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um negro nascido livre em Nova York no ano de 1808. Nessa época, a escravidão era legalizada apenas nos estados americanos do sul, enquanto nos estados do norte, homens como Solomon podiam viver livremente. Ele trabalhava como violinista, era casado e tinha dois filhos. Porém, em 1841, Solomon foi sequestrado por mercadores de escravos, transportado para o estado da Luisiana e vendido como escravo.

A obra explora a maldade humana e as dores da população negra. O longa suscita um debate sobre as consequências da escravidão, e a jornada psicológica da população negra que sofreu nesse período. 12 Anos de Escravidão venceu três prêmios no Oscar, incluindo Melhor Filme.

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